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Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

Para pensar o movimento sindical

Por Lucena Pacheco Martins, feminista, historiadora, servidora pública federal e sindicalista

Lucena comemora o sucesso das iniciativas culturais


O movimento sindical se consolida em um contexto em que a experimentação e a matematização são questões impostas culturalmente. Onde uma cultura humanista religiosa abre espaço para o cientificismo. E é nesta perspectiva que os sindicatos se mantiveram ao longo dos dois últimos séculos, como um sindicalismo de resultado que atendia aquele cenário. Mas a cultura social não é estática, ela se desenvolve e se transforma na medida em que o processo de transformação ocorre com a sociedade.

Na contemporaneidade, Marx, Hegel e mais recentemente Paulo Freire, no conjunto de suas obras, além de outros filósofos, nos fazem entender essa nova era; a complexidade da pessoa – aqui considerada a pessoal integral, em sua totalidade, desconsiderando completamente as classes e subclasses de pessoas e não pessoas, pois acreditamos que num processo de inclusão, todos e todas são iguais, respeitadas suas diferenças -, e a complexidade da sociedade.

As críticas de Marx e Hegel ao pensamento moderno apontam para a necessidade de se levar em conta o processo histórico na formação da consciência na tentativa de romper com uma lógica utilitarista. Assim, precisamos ver o sujeito como um todo onde realidade e individualidade se misturam, numa perspectiva mais humanista da formação individual, considerando a realidade vivida, a democratização cultural e a transformação da sociedade, como pregava Paulo Freire.

E dessa forma deve caminhar o movimento sindical, ao pensar na trabalhadora e no trabalhador, como parte do todo na sociedade, sendo significativo, além das conquistas trabalhistas, a sua inserção como ser social. Este ensaio versa sobre ponderar o novo sindicalismo, para estimular o pensamento uma reflexão sem pretender esgotar o tema. É um texto breve, contendo ideias e argumentos, sem pretender formalidades, apenas plantar uma semente para reflexão.

E daí a importância de resgatar atividades culturais no nosso meio. Algumas experiências são dignas de serem divulgadas amplamente, pois demonstram a capacidade de acompanhar o movimento da sociedade, sem deixar de fazer sua inserção para a transformação, num misto da essência com o contemporâneo, buscando a informação para desenvolver um conceito de classe, de classe trabalhadora, em sua categoria, como informar para ajudar na formação do ser social.

O Sisejufe – Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no Estado do Rio de Janeiro, tem uma experiência espetacular, quando trata da diversidade em seus temas, gênero e raça, pessoas com deficiência, pessoas em situação de vulnerabilidade e resgate cultural estão alinhados com a busca por melhores condições de trabalho para trabalhadoras e trabalhadores e de melhoria salarial.

Para exemplificar essa narrativa, buscamos nos arquivos do Sisejufe os Projetos do Coral do Sisejufe e do Batuque na Justiça (www.sisejufe.org.br).
O Coral do Sisejufe além de divulgar a MPB através do Canto Coral, integra os coralistas aos movimentos culturais no Estado do Rio de Janeiro, quando os coralistas vão fazer suas apresentações nos diversos encontros de corais, bem como nas ocasiões que o próprio Sisejufe promove seus encontros em apresentações no Centro Cultural da Justiça Federal, trazendo para seu palco grupos tradicionais da cidade e proporcionando a inclusão com Coros de projetos sociais como os que abarcam pessoas em situação de vulnerabilidade social e em situação de rua.

E, o projeto Batuque na Justiça, um curso de percussão promovido pelo sindicato, que estabeleceu uma ponte com a Fina Batucada e a Escola de Samba Embaixadores da Alegria, marcos do samba inclusivo, agregador. A Fina Batucada é uma bateria formada essencialmente por mulheres, que trabalha o acolhimento e fortalecimento das mulheres no mundo cultural do samba e a Escola de Samba Embaixadores da Alegria que é uma escola de samba formada por pessoas com deficiência que abre o desfile das escolas de sambas no conhecido “sábado das campeãs”, no Rio de Janeiro, proporcionando a verdadeira democracia no samba.

Dia 19 de agosto é o dia dedicado ao historiador e segundo Jacques Bossuet, “a História é o grande espelho da vida; instrui com a experiência e corrige com o exemplo”, dito isso, podemos afirmar que neste modelo de alcançar a categoria, o resgate cultural representa parte dessa experiência, além de retratar e explicar a sociedade na qual vivemos. Cultura é essencial para fortalecer a construção da pessoa integral e é essa a visão que devemos ter, enquanto militantes do movimento sindical, do servidor e servidora, que está inserido neste contexto maior que é a sociedade e não fechado num nicho particular. Tratando mais diretamente do serviço público, é a sua essência a relação com o todo, com a sociedade.

Nos somos seres culturais e devemos construir a consciência de que tudo que orbita em nós, nos faz seres completos. O movimento sindical deve estar atento a tudo isso, uma vez que precisa estabelecer novos critérios para trazer os trabalhadores e trabalhadoras a refletirem sobre pertencer a um coletivo, um coletivo onde cada uma e cada um se reconheça, se sinta realmente representado e possa conhecer claramente qual é o seu papel na sociedade. Os cursos de formação sindical devem além de contar a história do movimento sindical, trazer todas as experiencias da vida, a fim de que
possamos nos instruir e fazer as correções necessárias pelos exemplos.

Por Lucena Pacheco Martins, feminista, historiadora, servidora pública federal e sindicalista

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