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Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

Formação sindical e oficina de comunicação marcam atividades do mês de junho do Departamento de Mulheres

Encontros, realizados em dois dias, mobilizaram categoria do Rio e participantes de outros estados

Dois dias de aprendizado, troca de experiências e muito diálogo. Esse foi o resultado da atividade realizada pelo Departamento de Mulheres, em parceria com a Assessoria Política, no mês de junho. No dia 15, a Jornada de Formação Sindical de Mulheres contou com a presença de Rosana Sousa, secretária-adjunta de Combate ao Racismo da CUT; Rosane Silva, secretária de Mulheres da CUT (2008-2015) e da coordenadora de Comunicação da Fenajufe e diretora do Sisejufe, Lucena Pacheco.  Já em 17 de junho, as convidadas foram a servidora do Ministério Público da União (MPU) e secretária de Comunicação da CUT-DF, Ana Paula Cusinato; e a coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), Claudia Santiago. A mediação ficou por conta da coordenadora do Departamento de Mulheres, Anny Figueiredo; e a assistente da assessoria política, Ana Priscila Alves. Além da participação das servidoras do Rio, o encontro contou com a presença de companheiras de sindicatos parceiros, como São Paulo (Campinas), Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pará e Amapá.

No primeiro dia, que teve transmissão ao vivo pelo Youtube, Rosane Silva abriu a roda de conversa contando a trajetória das mulheres no sindicalismo. Ela revelou que a história das mulheres no movimento sindical está totalmente associada à luta pelas questões feministas da Central Única dos Trabalhadores. “A luta das mulheres tem nome: CUT”, disse Rosane, destacando que esse protagonismo já aparece na construção da entidade, ainda na década de 1980, quando se deu início à política de gênero. “Na construção da CUT, trouxemos o olhar de que sindicalismo é uma luta para mulheres e homens”, apontou.

Rosane contou todo o histórico de participação em manifestações históricas, passeatas, cursos coletivos e tantos outros momentos que marcaram a luta das mulheres no sindicalismo. Ela lembrou que a paridade no interior da CUT foi aprovada em 2012 e executada em 2015. “Já estamos na segunda gestão paritária. É muito importante a gente ter a paridade, estar nos espaços de direção das nossas centrais e sindicatos. Nenhuma luta foi em vão. Foi um processo de construção coletiva e tudo só se torna realidade se a entidade incorporar na sua pauta política a luta das mulheres como tema central. Nenhum sindicato representará o conjunto da classe trabalhadora se não incorporar essa pauta política das mulheres”, disse, muito emocionada.          

Reforma administrativa é pauta das mulheres

Rosana Sousa afirmou que a reforma administrativa em tramitação no Congresso (PEC 32) precariza os serviços públicos e ainda mais a vida das mulheres, que são as que mais dependem desta prestação de serviço. Ela fez um histórico das reformas no Brasil, da Era Vargas ao período FHC, chegando à atualidade. “Nenhuma das reformas já feitas ampliou direitos ou trouxe melhorias para trabalhadores ou para a população”, disse. 

A secretária de combate ao racismo da CUT alertou que a atual proposta de reforma é apresentada em momento de desmonte do estado e precariedade na garantia de direitos. Para a especialista, o projeto do governo Bolsonaro fragiliza muito a base sindical porque enfraquece a mobilização dos trabalhadores. “Fortalece a terceirização e deixa sindicatos fragilizados”, refletiu. 

Rosana acrescentou: “quando se precariza o atendimento para quem está nas periferias das grandes cidades, afeta mulheres e, em especial, as mulheres negras que estão na base social. Precariza o atendimento para quem mais precisa. Na pandemia, se não fosse o serviço público, a população seria prejudicada; na educação acontece o mesmo. A precarização dos serviços públicos só interessa à elite”, opinou. 

“Essa é mais uma luta das mulheres para que, de fato, se consiga construir uma sociedade justa”, afirmou.

Símbolo de resistência

“Como mulheres, nosso sobrenome é resistência”, disse a coordenadora da Fenajufe, Lucena Pacheco, ao abrir sua fala. E continuou: “aqui no Sisejufe consolidamos uma direção feminista: somos 40% e buscamos a paridade. Na federação, somos apenas três coordenadoras mulheres e vemos isso refletido nos encontros e debates. É uma luta constante”. 

“Preciso reverenciar aqui no sindicato a Lucilene Lima, uma mulher que é exemplo de combatividade. Na federação, cito a Vera Pinheiro, Lídia Porto, Ana Paula Cusinato, Silvana Klein, Mara Weber… mulheres  que a gente precisa reverenciar. Elas ajudaram a trilhar a nossa construção”, disse. 

Para Lucena, a realidade da mulher no serviço público, da mulher sindicalista, não diverge muito da realidade das mulheres em geral, que são submetidas à dupla ou tripla jornada. 

A dirigente sindical ressaltou que a reforma administrativa vai precarizar as relações de trabalho. E informa que são cinco mudanças que criam vínculos precários, retirando o direito estabelecido no Regime Jurídico Único.

“Quando você cria cargos de vínculo precário, que não precisam de concurso, pode acabar privilegiando homens. A mulher servidora poderá sofrer duas vezes com a reforma porque perderá direitos e o acesso ao serviço público, que deixará de ser prestado. O vínculo precário de trabalho é a questão central da luta. A resistência é o caminho para enfrentar a precarização e todas as ameaças que a reforma administrativa traz. A gente quer fazer a mudança e tem capacidade para transformar”, disse.

O primeiro dia de oficina está disponível neste link.

Comunicação fortalece

Segundo dia de atividade reuniu companheiras do Rio e de outros estados para discutir Comunicação Sindical

Na Oficina de Comunicação para Mulheres, a jornalista Claudia Santiago mostrou a importância da oratória na luta sindical e fez uma reflexão sobre a necessidade de se reinventar na pandemia. “De uma hora para outra, viramos apresentadoras, locutoras, entramos no meio digital porque tivemos que continuar existindo. Para os sindicatos, a Internet se tornou o principal meio de comunicação. A migração para a comunicação digital já vinha acontecendo nos sindicatos, mas se consolidou com a pandemia”, disse. 

Claudia explicou que antes da internet, os sindicatos e entidades queriam fugir daquele que tinha o monopólio da fala, que era TV e rádio. “A TV dominou e ditou a pauta até 2016. Agora está com mais dificuldade”, analisou. Para a especialista, essa mudança fortaleceu a comunicação sindical, abrindo espaço para programas no YouTube e nas redes. “Só que a internet tem pérolas e lixos. O lixo da humanidade apareceu todo na internet na pandemia”, comentou, acrescentando que muitas vezes não temos noção do lixo que circula na internet porque vivemos numa bolha. 

“Eles vendem publicidade, mas vendem ideias. Não me vendem nada do Bolsonaro, mas fazem coleta de dados que nos é devolvida em forma de produtos. Internet é um grande perigo político”, alertou. 

Claudia conta que na comunicação sindical já havia uma migração digital antes da pandemia: “a comunicação de 2018 para cá mudou”.

A coordenadora do NPC opinou, no entanto, que “não podemos falar para nós mesmos”. 

Ela disse ainda: “Quando falamos de comunicação sindical, precisamos fazer a pergunta: o que é comunicação sindical? E antes: o que é ação sindical? E antes ainda: o que é e pra que serve o sindicato? Minha concepção de comunicação sindical tem que ser ligada na categoria”, afirmou, acrescentando ser contra o fim dos jornais impressos. 

A jornalista relatou que, durante a pandemia, muitas experiências de comunicação popular nasceram na internet, mas que nem por isso interromperam o jornal impresso nas favelas. “Por quê? Porque ali que a gente descobre se eles gostaram ou não do jornal e quais assuntos que querem que tratem. É estar perto deles. Temos um mundo a conquistar e o papel – não o mesmo que fazíamos há 5 anos – tem que se adaptar. Olhos nos olhos, a base tem que sentir a  flechada no olhar”, afirmou. 

Claudia disse que a saída é a comunicação em rede: “diretores, comunicação e a base que quer participar. Atuar com as centrais sindicais.  Somos classe e temos que agir enquanto classe”. 

Uso das redes para enfrentar a conjuntura

A coordenadora de Comunicação da CUT-DF, Ana Paula Cusinato, defendeu que é preciso se apropriar da política de comunicação. E sugeriu às participantes da oficina, como ponto de partida, que conheçam a rede do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).

Ao contrário do que se diz, Ana opinou que o Facebook tem muitas vantagens “O Facebook está ultrapassado? Onde estão as mulheres da categoria? A maioria está no Facebook. Se eu quiser militar, preciso me importar com a informação das mulheres que estão no Facebook”.

“Facebook só tem velho? Não. Tem muita gente e não podemos ignorar”, completou. Na sua avaliação, os grupos ajudam a engajar. 

A convidada explicou a diferença entre Facebook, Instagram , WhatsApp e Twitter, além de exemplificar quais as especificidades e aplicação de cada uma das redes sociais. “Instagram e YouTube são as redes que mais estão crescendo na pandemia”, informou.  

Após o momento inicial, Ana Paula pediu que cada participante contasse sua experiência na comunicação. Muitas disseram que o Twitter é uma nova descoberta, depois que Ana atentou para a importância desta ferramenta para as lutas, como contra a reforma administrativa. 

A servidora do MPU sugeriu que os sindicatos usem o podcast (programas de áudio que o ouvinte pode escutar na hora que quiser) com materiais que já têm disponíveis. “É interessante para quem está em transporte público, dirigindo… Temos material rico. É só adaptar”, revelou.  

Ana Paula disse que uma média legal é passar nas suas redes ao menos uma vez por dia. “Mas temos que nos perguntar: o que a gente quer dizer nas redes? Tenho que saber para quem eu quero falar. Como fazer? Tem que ter um plano de comunicação. Se você escolhe um tema, vira referência. É bom ter uma identidade. A rede tem que ter organicidade e comentários reais”, observou.  

Sobre o Twitter, Ana disse que é melhor se os próprios dirigentes se engajarem e fizerem posts. “A comunicação nas redes precisa ser assumida por todos os dirigentes. Saiu da reunião com o presidente do tribunal, posta no Twitter”, exemplificou.  

“Por que precisamos disputar atenção nas redes? Porque as pessoas procuram mais as redes que a TV atualmente”, avaliou. 

Para a especialista, o sindicato precisa envolver os servidores. Essas pessoas vão participar na produção do conteúdo: “tem que dar espaço para o servidor falar o que pensa. É a comunicação participativa”.

União como estratégia

Presente à jornada de formação, a presidenta do Sisejufe, Eunice Barbosa, destacou a relevância de se trabalhar cada vez mais pela construção dessa rede de comunicação. “Penso que a gente tem avançado, compartilhando transmissões uns dos outros, otimizando recursos e alinhando as nossas pautas e falas, alcançando mais a nossa base”, disse.

A diretora Anny Figueiredo encerrou a atividade ressaltando a importância da união. “Temos que usar esses espaços. Aprendemos muito com vocês, com essa conversa coletiva que nós, mulheres, sabemos fazer bem. Sigamos companheiras. Caminhando juntas, de mãos dadas, caminhamos melhor”, concluiu.

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