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No ano da Copa do Qatar, servidor do TRE-RJ lança documentário sobre treinadores brasileiros que desbravaram o Golfo Árabe

Agente da polícia judicial Ademir de Deus é o personagem do ‘Prata da Casa’, projeto do Sisejufe que divulga e valoriza os talentos artísticos e culturais dos sindicalizados

Agente da polícia judicial Ademir de Deus ( à direita) e Zé Mario Barros durante entrevista para o documentário

Quem conhece a rotina do agente da polícia judicial Ademir de Deus no Centro de Distribuição de Urnas do Tribunal Regional Eleitoral do Rio, não imagina o desafio que ele tem pela frente nos próximos dias. O servidor do TRE-RJ vai lançar, em dois de maio, o documentário “Treinadores brasileiros: desbravadores do Golfo Árabe”, no Cinema Estação Net Rio, em Botafogo. Ademir assina direção, produção e roteiro do filme, em parceria com o técnico Zé Mário Barros. A estreia vai reunir os técnicos e treinadores que participaram do documentário, amigos, familiares e a imprensa.

“É a concretização de um sonho. A estreia no cinema é um marco… é o momento de cortar a fita. Eu quero que as pessoas conheçam as histórias desses heróis brasileiros. Entre as décadas de 1970 e 80, eles foram convocados para desenvolver o futebol na região e enfrentaram muitas dificuldades: distância da família, guerra, falta de equipamento e infraestrutura. No Qatar, por exemplo, eles tinham dois estádios naquela época e hoje os estádios mais modernos do mundo estão lá no país sede da Copa. Tudo devido à contribuição dos treinadores brasileiros. Todos os principais títulos da seleção do Qatar foram sob o comando dos nossos treinadores. Eu quero mostrar esse legado que a maioria não conhece”, disse Ademir.

A grande ideia 

Formado em Educação Física e Direito, Ademir sempre gostou de futebol. Chegou a jogar em times amadores no Espírito Santo, sua Terra Natal. No entanto, a aproximação com esse universo aconteceu, de fato, graças ao filho, Leonardo. Em 2013, o garoto, então com 16 anos, jogava em uma escolinha no Espírito Santo, quando surgiu a oportunidade de ir para a Itália.

 “Acompanhando meu filho na Itália em 2014, 2015, 2016 e 2017 eu acabei entrando nesse mundo do futebol. Foi algo natural. Fui conhecendo pessoas da área e, em 2017, meu filho retornou ao Brasil para fazer tratamento devido a problemas na virilha e, depois de recuperado, achamos melhor ele ir jogar e estudar nos Estados Unidos”, contou.

Foi justamente nesse ano que Ademir teve a inspiração para o projeto: “Eu estava muito envolvido com esse universo e comecei a fazer a ponte entre Itália e EUA com o Brasil. Fui até a Federação dos Treinadores e fiz contato com o presidente Zé Mário Barros. Conversamos algumas vezes e um dia entrou o papo de Mundo Árabe… ele disse que trabalhou lá… e eu pensei… mundo árabe, Qatar, Copa do Mundo de 2022… e as ideias foram surgindo”.

Recursos próprios e muita persistência

As gravações começaram em abril de 2019. A pandemia acabou prejudicando o cronograma, mas Ademir não desistiu. Determinado, ele conciliou as tarefas do TRE-RJ com o trabalho de documentarista. “De 2018 para cá, são quatro anos dedicados a esse documentário… pego fim de semana, feriado, férias… Todo tempo livre passei a focar no documentário”, comentou.

E continuou: “um ano antes de iniciar as gravações eu me preparei sobre como fazer documentário, quais as etapas, qual o montante que eu precisaria, contratamos uma ótima equipe e montei o planejamento. Fizemos tudo com recursos próprios, sem qualquer patrocínio. Dividimos em várias etapas e em cada uma delas eu ia aprendendo previamente para poder dirigir e produzir depois”.

Foram 34 entrevistados e mais de 30 horas de entrevistas para chegar a um produto final impecável com 1h18min.

Jornada do herói

“Eu os comparo aos heróis de filmes porque enfrentam todo tipo de dificuldade e dilemas, mas no final acabam conseguindo vencer. E essa consagração vem agora com a Copa do Mundo, que é o maior evento esportivo mundial. A Copa é o final dessa história”, acrescenta.

Ademir diz que o Qatar colhe os frutos do que foi iniciado pelos brasileiros lá atrás.

Ao todo, foram entrevistados 18 brasileiros, entre treinadores e preparadores físicos. “No Rio, entrevistamos, por exemplo, Evaristo de Macedo, Carlos Alberto Parreira, Sebastião Larazoni, Oswaldo de Oliveira, Paulo Autuori, Marcos Paquetá e Candinho, entre outros. Tem o Zé Mário, que assina comigo esse trabalho e é presidente da federação dos treinadores, além de trabalhar no sindicato dos atletas de futebol. Também fomos para o Catar e entrevistamos 16 árabes: ex-jogadores da seleção Qatari, alguns jogadores que atuam em clubes do país, membros do governo e repórteres”, lembra.

Durante as gravações, um dos homenageados faleceu e não vai ver resultado do trabalho: o técnico Sebastião Araújo.

Expectativa com o filme

“É um resgate histórico de toda essa contribuição que a escola brasileira de futebol proporcionou ao país que vai sediar a Copa do Mundo de 2022”, diz Ademir.

O agente da polícia judicial acrescenta que o documentário é uma memória do futebol: “desejo que esse trabalho traga para o Brasil algo que estava escondido e faça justiça a esses heróis. Eles encararam bomba química, ficaram presos dentro de porões subterrâneos, não sabiam nem se iriam ver de volta a família… Viviam aos trancos e barrancos e, mesmo assim, permaneciam lá. Agora, com a Copa, vamos poder ver esse trabalho mais de 40 anos depois. Eles terão a chance de ser consagrados”.

Além de lançar o documentário “Treinadores brasileiros: desbravadores do Golfo Árabe” no cinema, no dia 2 de maio, Ademir pretende colocá-lo disponível em uma plataforma de streaming, para os cursos universitários de educação física e para a CBF, a fim de contribuir com a formação dos próximos treinadores, e para o acervo do Museu do Futebol.

Um lançamento no próprio Qatar não está descartado. “Pretendemos fazer um lançamento no período da Copa do Mundo, que acontecerá do dia 21 de novembro a 18 de dezembro deste ano”, enfatiza.

E para quem quiser conhecer mais detalhes do documentário, Ademir disponibiliza fotos e os bastidores do projeto em sua página no Instagram: @ademirzeus

 

 

 

 

 

 

 

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