Eu não aceito! Quero reposição já!
Nessa quarta-feira (16), as categorias do serviço público federal protestaram em frente ao Ministério da Economia, em Brasília, pelo descaso do governo Bolsonaro com a urgente e necessária recomposição das perdas salariais dos últimos três anos. O funcionalismo quer um reajuste geral de 19,99%, referente à inflação do período. O ato da Esplanada que se transformou num grito de alerta ao governo para a possibilidade de deflagração de uma greve nacional a partir do próximo dia 23, caso a reivindicação continue a ser ignorada pelo Palácio do Planalto.
Em janeiro, o Fórum das Entidades Nacionais de Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate) protocolaram uma pauta de reivindicações no Ministério da Economia. O documento pede recomposição salarial imediata de 19,99%, o arquivamento da PEC 32/2020; e a revogação da Emenda Constitucional 95. Até o momento, nenhuma resposta foi dada às entidades. A partir desta quinta-feira (17), servidoras e servidores públicos farão uma vigília em frente ao Ministério da Economia até que o governo decida instalar uma mesa de negociação com os representantes das categorias.
A presidenta do Sisejufe, Eunice Barbosa, e os diretores Valter Nogueira, Soraia Marca e Lucena Pacheco (também coordenadora da Fenajufe), além da assessora política Vera Miranda, representaram em Brasília a categoria dos servidores do Rio de Janeiro.
Sisejufe mobiliza servidores também no Rio
No Rio de Janeiro, foi realizado um ato durante à tarde, na Praça XV, no Centro, com a presença de dirigentes e servidores da base do sindicato. “Hoje foi um dia importante demais para nós aqui no Rio, para a nossa mobilização pelo reajuste”, disse o diretor do Sisejufe Lucas Costa, em participação ao vivo do programa Giro do Viradão, organizado pela Fenajufe em seu canal no youtube, criado para informar sobre a mobilização do 16M nos estados.
Ao Giro do Viradão, Lucas informou que o Sisejufe esteve nos tribunais para conversar com os servidores sobre a campanha salarial. “Estivemos no TRT, no prédio da Justiça Federal e na Justiça Eleitoral, que está com trabalho híbrido. Foi um pouco mais difícil mobilizar o pessoal presencialmente, mas precisamos manter a coerência das discussões que temos feito com os tribunais, pedindo para manter o trabalho remoto, que aos poucos vai voltando”. Para o diretor, o 16M foi um dia fundamental da campanha pelo reajuste. “Foi um dia de luta contra o desmonte do Estado e pelo reajuste de 19,9%, apesar de a nossa perda já estar em torno de 27%, desde 2017”.
Durante o 16M, o Sisejufe lançou ainda o site eunaoaceito.com.br, um canal direto para que a categoria possa enviar mensagens aos ministros do Supremo e do STJ para que enviem ao congresso um projeto de lei específico para o reajuste do Judiciário para que seja enviado ao Congresso Nacional, ainda antes do dia 10 de abril, data limite também para que o presidente Bolsonaro encaminhe um projeto de lei sobre o reajuste geral.
Lucas Costa destacou, ainda, a importância das reuniões que já aconteceram entre a Fenajufe e o grupo de trabalho do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com a ministra Rosa Weber e o presidente do Supremo, Luiz Fux, como parte das ações pelo reajuste. “Mas, precisamos aumentar muito o volume dessa pressão nesse momento, porque o prazo é curto. A gente tem até o dia 10 de abril para encaminhar um projeto de lei, por isso precisamos da participação de todas e todos para mobilizar e fazer bastante barulho”. O diretor destacou os efeitos nefastos da política neoliberal do ministro Paulo Guedes e da privatização dos serviços essenciais para a população. “É importante reforçar que o entreguismo das nossas estatais e essa inflação galopante que não tem uma reação para devolver o poder de compra para a população em geral e os servidores públicos”, disse.
Programa acompanhou a movimentação em todo o país
O Giro do Viradão foi apresentado pelo jornalista da Fenajufe Luciano Beregeno que, ao longo de seis horas de programação, entrevistou diversos dirigentes de outros sindicatos do Judiciário Federal. Uma das convidadas do programa foi a presidente da Auditoria Cidadã, Maria Lúcia Fatorelli, que falou sobre a diferença entre a reposição salarial e o aumento de salários. “É, sim, uma reivindicação justa para recompor as perdas inflacionárias”, disse sobre a movimentação do funcionalismo. Maria Lúcia citou como exemplo do tamanho da perda do poder de compra, o custo dos alimentos e a explosão do preço da gasolina que impacta em todas as cadeias produtivas.
A coordenadora da Fenajufe e diretora do Sisejufe, Lucena Pacheco, também participou do evento da Federação com uma mensagem gravada diretamente do ato nacional. A dirigente sindical reforçou que o reajuste é um direito. “Nós prestamos serviços a toda sociedade, estabelecendo o estado necessário e trazendo a dignidade da pessoa humana. Esse é um direito eminente para que a gente continue prestando o mesmo serviço que tem feito até aqui, com muita competência e comprometimento porque é esse nosso dever no trabalho”, ressaltou.
Manuella Soares, para o Sisejufe