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Campanha da Fraternidade ecumênica critica necropolítica e a violência contra mulheres, negros, indígenas e LGBTQI+

Temas estão alinhados às pautas identitárias defendidas pelo Sisejufe

Em um mundo marcado pela intolerância e dificuldade de diálogo… com a humanidade refém de uma pandemia que já provocou a morte de mais de dois milhões de pessoas, a Campanha da Fraternidade de 2021 é voltada ao diálogo para a superação das polarizações e das violências que marcam o cenário atual, em especial no contexto da política e da pandemia da Covid-19.

“O vírus, já tão letal em si mesmo, encontrou aliados na indiferença, no negacionismo, no obscurantismo, no desprezo pela vida. Sejamos portanto aliados na responsabilidade, na lucidez e na fraternidade”, disse o secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, durante o lançamento virtual da campanha.

Com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, a iniciativa critica a cultura de violência contra as mulheres, pessoas negras, indígenas e pessoas LGBTQI+.

Também está presente no texto-base da campanha uma crítica a “sinais da necropolítica perceptíveis em setores da segurança pública que é altamente repressiva e violenta contra pessoas negras e pobres”, na não regulação de territórios indígenas e quando o “governo brasileiro não adota políticas efetivas no combate ao Coronavírus“.

São citados o assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes e também o de Paulo Paulino, liderança do povo Guajajara, e outros três guardiões da floresta do território indígena Arariboia, no Maranhão.

Outro ponto mencionado são os “recorrentes” discursos negacionistas sobre a realidade e fatalidade da Covid-19, assim como “a negação da ciência e do papel de organismos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

Em seu discurso, o secretário-geral da CNBB também lembrou a morte de George Floyd, que foi sufocado por um policial nos Estados Unidos no ano passado, e a falta de oxigênio em Manaus durante o colapso do sistema de saúde. Ele criticou as radicalizações, a polarização no Brasil e o desrespeito às pessoas, em especial as mais simples e mais fragilizadas.

“O mundo não pode ser organizado a partir da separação, da divisão, do sectarismo, das polarizações, da destruição, nem muito menos da morte, que é consequência de tudo isso”, disse dom Joel.

Parceria entre Igrejas Cristãs

A Campanha da Fraternidade é realizada pela CNBB todos os anos na Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa. Este ano, a iniciativa é promovida de forma ecumênica, ou seja, em parceria entre várias Igrejas Cristãs.

A presidenta do Sisejufe, Eunice Barbosa, aponta como relevante e preocupante a constatação, citada no texto-base da campanha, de que o Brasil voltou ao mapa da fome, ao desemprego massivo e ao aumento de pessoas em situação de rua.

A dirigente sindical chama a atenção para outro trecho do documento: “Cenas de valas comuns sendo abertas, por exemplo em Manaus, chocaram, mas não o suficiente para as pessoas mudarem seus hábitos e comportamentos. A resistência ao isolamento social, tanto por parte do governo quanto de uma parcela significativa da sociedade, expôs o quanto ainda precisamos amadurecer quando o assunto diz respeito à empatia e ao amor em relação ao próximo”.

Para Eunice, as campanhas da CNBB são sempre pertinentes. “A desse ano está muito alinhada com as pautas identitárias que defendemos no Sisejufe, como a valorização das mulheres e o ativismo contra o racismo, além de abordar de maneira contundente as questões sanitárias, de saúde e políticas ligadas à pandemia”, avalia a presidenta do sindicato.

Campanha despertou reações

Os temas abordados provocaram reações entre alguns católicos conservadores, que criticaram o posicionamento nas redes sociais. Alguns grupos pediram boicote à iniciativa, que tem como um dos objetivos arrecadar recursos para os Fundos Diocesanos e Nacional da Solidariedade, “os quais apoiam projetos sociais relacionados à temática da campanha”.

Em nota, a CNBB afirmou que o texto da campanha foi elaborado em várias reuniões, seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC) e passou por revisão da assessoria teológica do conselho.

“No texto base da Campanha da Fraternidade, são citados diversos grupos de pessoas marginalizadas em nossa sociedade. Neste mesmo texto, são colocadas estatísticas de violência contra estas minorias. A única coisa que o Conselho das Igrejas Cristãs pede é o diálogo, o amor e a vida para os que são diferentes”, escreveu dom Manoel.

Fonte: Site da CNBB, O Globo, Agência Brasil e Metrópole

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