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DEU NA IMPRENSA: Após protestos, reforma da Previdência é revogada na Nicarágua

Ao menos 24 pessoas morreram em manifestações contra Ortega

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, anunciou ontem a revogação da reforma previdenciária que deu origem a uma violenta onda de protestos, causando a morte de ao menos 24 pessoas em quatro dias. A crise, considerada a mais profunda que Ortega enfrenta desde que voltou ao poder em 2007, motivou a União Europeia, países sul-americanos, entre eles o Brasil, e os Estados Unidos a pedirem que os confrontos cessassem. Ontem, em discurso a fiéis na Praça São Pedro, o Papa Francisco pediu o fim da violência.

Em um encontro com empresários de zonas francas em Manágua, o presidente disse que o Instituto Nicaraguense de Seguro Social (INSS) tomou uma decisão “revogando a resolução de 16 de abril passado, que foi a que serviu como detonador para que se iniciasse toda esta situação”.

Pela resolução, o INSS reformaria o sistema de pensões para aumentar as contribuições de trabalhadores e empregadores a fim de dar estabilidade financeira à Previdência. A contribuição dos empregados passaria de 6,25% para 7% do salário; os patrões pagariam 22,5% (antes a alíquota era de 19%); e os aposentados, 5% do valor que recebem.

‘PACOTAÇO’ DIVISOR DE ÁGUAS

A reforma desencadeou uma onda de protestos com confrontos violentos entre manifestantes e policiais, saques a lojas e destruição de prédios públicos.

Em análise publicada no “El País”, Carlos F. Chamorro, filho da ex-presidente Violeta Chamorro, ex-aliada de Ortega, afirmou que o momento é um divisor de águas na Nicarágua: “É cedo para prever as consequências desta profunda revolta social… A única certeza até agora é que Ortega perdeu o monopólio das ruas, e haverá um antes e um depois do ‘pacotaço’ do INSS na relação entre a ditadura orteguista e a sociedade nicaraguense”.

Segundo o presidente, a revogação do decreto permitirá abrir o diálogo com os setores que foram às ruas protestar contra a medida, que atendia à recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI). Na reunião, Ortega comparou os manifestantes a membros de gangues:

— Isso nos obriga a colocar na agenda o combate às gangues, para que não continuem se matando e assaltando estabelecimentos. Temos que restabelecer a ordem. Não podemos permitir que aqui se imponham o caos, o crime, o saque.

MORTES E SAQUES

Entre os mortos nos confrontos estão estudantes que deram início ao movimento, agentes de polícia e jovens simpatizantes do partido governante, Frente Sandinista, acusados de atacar os manifestantes. No sábado, o jornalista Miguel Ángel Gahona foi morto a tiros enquanto fazia uma transmissão ao vivo pelo Facebook sobre os protestos na cidade de Bluefields, na costa caribenha.

Em clima de tensão e em meio a temores de desabastecimento, a população lotou supermercados e lojas em busca de mantimentos. Estabelecimentos foram saqueados, e postos de gasolina tinham longas filas de carros em busca de combustível.

Daniel Ortega tem reforçado o controle sobre as instituições do país desde que voltou à Presidência. Ele governou por um período de crescimento estável combinando políticas socialistas e capitalistas. Mas os críticos acusam o presidente e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, de tentarem estabelecer uma ditadura familiar.

Como líder da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), Ortega comandou a última revolução armada na América Latina, em 1979. Eleito presidente em 1985, quando os sandinistas enfrentavam os “contras” — oposição armada patrocinada pelos EUA — foi derrotado ao tentar a reeleição em 1990. Ele voltou ao poder em 2007, em aliança com setores da direita, e hoje cumpre o terceiro mandato consecutivo.

O GLOBO

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