Alto contraste Modo escuro A+ Aumentar fonte Aa Fonte original A- Diminuir fonte Linha guia Redefinir
Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

DEU NA IMPRENSA – “Nem li e nem vou ler”, diz Maia sobre agenda de Temer

Num duro recado ao presidente Michel Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chamou ontem de “desrespeito”, “equívoco” e “meio sem sentido” a apresentação da lista de 15 projetos que se tornaram prioridade para o governo no Legislativo após a derrota na reforma da Previdência social. Mais tarde, o presidente do Congresso e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), seguiu na mesma linha: “Não é o governo que faz pauta aqui”.

Das 15 iniciativas, apenas duas ainda não estavam em tramitação no Congresso. “A pauta da Câmara é da Câmara. Se o governo quer pauta econômica nova, que apresente pauta econômica nova. Aquelas que já estão aqui, o tempo de discussão e de votação é da presidência da Câmara e depois da presidência do Senado”, afirmou Rodrigo Maia.

O presidente da Câmara foi subindo o tom ao longo do dia. Mais cedo, em conversa com o Valor, evitou criticar a lista, mas disse que essa era a agenda “deles” e, não necessariamente, a dos deputados. “Vamos ver o que vamos usar”, disse. A tarde, ao chegar ao Congresso, foi além: o anúncio foi “precipitado” e a pauta será o que ele e os partidos entenderem ser mais relevante para o Brasil. “Essa [do governo] não será a pauta da Câmara”, afirmou, destacando que os projetos elencados não terão prioridade. “Nem conheço as 15 [propostas]. Nem li e nem vou ler [a lista].”

Além de marcar posição de independência da Câmara, ao defender uma agenda própria (e que é bem mais ampla que as 15 iniciativas defendidas pelo governo anteontem), as declarações de Maia foram interpretadas por parlamentares como mais um sinal de distanciamento em relação a Temer por causa da eleição. Com o fim das negociações para aprovar a reforma previdenciária, esses atritos devem se ampliar, alertaram aliados de Maia.

Temer tem se articulado para tentar buscar a reeleição, apesar dos altos índices de reprovação. A intervenção no Rio de Janeiro, Estado do presidente da Câmara, sem que ele tivesse sido consultado previamente, foi um desses passos. Maia trabalha para se viabilizar como candidato de centro-direita, com apoio dos partidos da base do governo, para disputar o lugar do emedebista.

Outro possível candidato da base governista é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), que participou do anúncio das medidas ao lado dos líderes do governo na Câmara, Senado e Congresso e de ministros.

As declarações surpreenderam a área econômica do governo. Fontes relatam que na reunião de ontem Maia não teria feito com qualquer gesto contrário ao anúncio e mostrou até disposição de dar andamento à pauta de medidas, que, vale ressaltar, já estava, em sua grande maioria, em tramitação no Parlamento. Entre os projetos estão iniciativas defendidas pelo próprio Maia, como a privatização da Eletrobras, novas regras para distrato de contratos, regulamentação de pagamentos acima do teto remuneratório do serviço público (de R$ 33,7 mil) e a autonomia do Banco Central (BC).

As fontes ouvidas ainda tentavam entender as motivações do presidente da Câmara. A leitura inicial é que é mais um movimento de busca de protagonismo de Maia, que tem pretensões de disputar as eleições, mas que também quer garantir outras possibilidades, como a reeleição para deputado e a manutenção do comando da Casa.

Nesse sentido, uma fonte considera que Maia pode estar fazendo um gesto para a oposição, que rejeita temas como a autonomia do Banco Central, de modo a garantir votos futuramente para uma eventual reeleição na próxima legislatura. A reafirmação da independência da Câmara ajudaria a conquistar esse apoio.

Interlocutores do governo ainda ressaltam que Maia tem nas últimas semanas chamado a atenção por alguns arroubos que atingem diretamente o governo e que este seria mais um episódio nesse sentido. “Ele tem sido imprevisível”, disse uma fonte. De qualquer forma, a estratégia da área econômica do governo é evitar o confronto direto, já que não há potencial de ganho em comprar uma briga com quem tem o poder de definir a pauta de votações dos deputados, podendo complicar a vida do governo e travar essa agenda.

O presidente do Senado, contudo, também se insurgiu contra a agenda proposta pelo Executivo para o Congresso. “Ele [o presidente Michel Temer] pode encaminhar projetos e aí eu pautarei ou não. Não é o governo que pauta aqui não”, reforçou o emedebista, que tem tido embates frequentes com os integrantes do Palácio do Planalto.

Fonte: www.pressdisplay.com

Últimas Notícias