Durante toda essa semana, o Departamento de Acessibilidade e Inclusão (DAI) irá realizar atividades para discutir as conquistas e os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência. A ação terá postagens diárias com cards e vídeos no Instagram e no Facebook; uma reunião por videoconferência na quarta-feira (29/7), às 17h (veja detalhes neste link); e uma live (Sisejufe ao Vivo) na sexta (31/7), também às 17h, que trará uma reflexão sobre o capacitismo, que é o preconceito que está relacionado às deficiências. No programa, será lançando o documentário sobre o desfile da escola de samba inclusiva Embaixadores da Alegria no último Carnaval, que contou com a participação de servidores do Judiciário Federal, integrando a bateria Fina Batucada.
Participarão da live a diretora da Adverj (Associação dos Deficientes Visuais do Estado do Rio de Janeiro) Fernanda Shcolnik; o fundador da Embaixadores da Alegria, Paul Davies; a passista da Embaixadores, Viviane de Assis, que tem nanismo e é uma das estrelas da escola de samba; o maestro da Fina Batucada, Mestre Riko; a professora da Fina Batucada, Laís Viana; o coordenador do Departamento de Acessibilidade e Inclusão do Sisejufe, Ricardo Azevedo e os diretores Dulavim Oliveira, Eunice Barbosa e Lucena Pacheco.
Capacitismo em debate
A Live terá dois momentos. A discussão sobre capacitismo acontecerá no primeiro bloco do programa. O termo ainda é pouco conhecido, por isso a relevância de debatê-lo. O capacitismo expressa-se quando fazemos julgamentos baseados na suposta incapacidade de alguém, levando em consideração uma característica presumivelmente negativa. O questionamento dessa postura vai na trilha de que a pessoa com deficiência é, antes de qualquer coisa, um indivíduo e, como tal, com direito a sua individualidade. A ideia do debate é desconstruir preconceitos e mostrar que a deficiência faz parte, mas não define uma pessoa. Assim, o grande problema do capacitismo é limitar a presença das pessoas no mundo. O capacitismo é a invisibilidade que aliena.
“Falarmos sobre capacitismo num evento promovido pelo nosso sindicato para a sociedade em geral é o que mais importa nesse caso. Precisamos, nós, pessoas com deficiência, falarmos para fora de nossa caixinha. Esclarecer a sociedade para que possamos conviver com pessoas cada vez mais inclusivas é o que nos importa. Fazemos parte desta sociedade e assim precisamos caminhar em sintonia. O respeito mútuo é condição sine qua non para esta caminhada”, afirma o diretor Ricardo Azevedo.
Lançamento de documentário
No segundo bloco, o fundador da escola de samba inclusiva Embaixadores da Alegria, Paul Davies, vai contar como venceu o debate do capacitismo, na prática, com um lindo exemplo de inclusão que toma conta da Marquês de Sapucaí há 13 carnavais. E será lançado o documentário do desfile deste ano, com recursos de acessibilidade. Depoimentos de servidores do Judiciário Federal que integram a Fina Batucada fazem a linha de condução do vídeo.
“O sindicato está muito presente, atua em diversas áreas e está sempre olhando para todos os aspectos, uma luta constante para a diversidade e está sempre buscando essa inclusão. Isso é muito importante”, disse Erica Bechuate no documentário.
O debate terá a mediação da assessora política do Sisejufe, Vera Miranda, e da jornalista Tais Faccioli. Para acompanhar, basta clicar no link www.sisejufe.org.br/aovivo, a partir das 17h de sexta.
5 anos da LBI
A Semana de Acessibilidade e Inclusão acontece no mês em que a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146) completa cinco anos. A LBI, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, foi criada em 6 de julho de 2015. Ela busca assegurar e promover os direitos das pessoas com deficiência para garantir sua inclusão social e cidadania. Apesar de ter promovido avanços, a Lei ainda não é cumprida em sua totalidade. Uma das lutas é que sejam implementadas políticas públicas inclusivas de verdade.
Sobre a Embaixadores da Alegria
A Embaixadores da Alegria apresentou seu 13º carnaval na Marquês de Sapucaí este ano. Formada sobretudo por pessoas com deficiência motora e cognitiva, a escola de samba abre tradicionalmente o desfile das campeãs no sábado do carnaval carioca.
O primeiro desfile da azul e branco foi em 2008, e a tradição se mantém desde então. A escola tem uma ala exclusivamente dedicada às pessoas com nanismo, que conta com a presença da passista Viviane de Assis.
Embora não siga cobranças rígidas como as feitas às grandes escolas que buscam um título, a Embaixadores da Alegria tem um compromisso com o bem-estar de seus integrantes. Não importa quem tem o corpo ou a fantasia mais bonitos, mas o sorriso mais exuberante e sincero. Por isso, há um cuidado específico para se respeitar o tempo de cada um.
O orgulho em colocar uma escola na Sapucaí com a inclusão em seu DNA é a motivação do fundador Paul Davies para seguir com seu projeto, apesar das dificuldades financeiras. Este ano, a escola contou com o apoio do sindicato por meio dos departamentos Sisejufe Solidário e Acessibilidade e Inclusão, além do Núcleo de Integração e Resgate Cultural.
Ao chegar ao Rio, Paul pouco sabia sobre a festa momesca. Um dia, trabalhando como guia, levou turistas para assistir ao desfile na Sapucaí e ficou deslumbrado.
Depois daquele dia, ele já fez de tudo na folia: desde empurraram carro alegórico até trabalhar na Viradouro como responsável por uma ala comercial. No carnaval de 2005, com a escola de Niterói entre as campeãs, Paul sofreu uma contusão enquanto ajudava um casal de idosos a trocar o pneu do carro. Sentindo dores fortíssimas, não pôde desfilar e, ao ver sua ala na Marquês de Sapucaí, chorou “copiosamente”:
“Foi ali que pensei: “Como deve ser para alguém com deficiência ver tudo isso e não participar?’”. Assim acendeu uma luz e nasceu a ideia da Embaixadores. (Fonte: O Globo)