As mulheres há séculos vêm tecendo denúncias às violações de seus direitos e de suas famílias. É na América Latina do século XX que surge a arpillera, técnica originária do Chile, na qual elas costuram retalhos de tecido sobre juta, narrando suas histórias. No Brasil, essa arte é um símbolo da luta do Movimento dos Atingidos por Barragens, que convida para a cerimônia de abertura da exposição Arpilleras: bordando a resistência nesta terça-feira (06/11), no Centro Cultural da Justiça Federal.
A exposição fica no Centro Cultural até o dia 2 de dezembro com uma mostra de 21 arpilleras, costuradas pelas mãos de mulheres atingidas por barragens no país. As visitas são de terça a domingo, das 12h às 19h, no 2º andar, com entrada gratuita.
Segundo Alexania Rossato, integrante da Coordenação Nacional do Movimento, por meio dessa técnica são mostradas as violações ambientais, sociais e culturais resultantes do modelo energético adotado no país. “Mas as arpilleras não têm só o sentido de denúncia, sendo também uma semente de organização das mulheres, pois cada uma percebe que não está sofrendo sozinha e que é necessário lutar coletivamente para ser mais forte”.
A técnica foi internacionalmente reconhecida quando a cantora e compositora Violeta Parra expôs uma série de arpilleras no Pavilhão Marsan do Museu de Artes Decorativas do Louvre, em 1964. Graças a essa expressão artística, muitas outras mulheres chilenas também puderam denunciar e enfrentar a ditadura militar naquele país entre os anos de 1973 e 1990.