Por Soraia Marca*
Ao som da palavra de ordem
‘Ou pára esta PEC ou paramos o Brasil’… os manifestantes presentes na sessão histórica que discute a aprovação em segundo turno da PEC 241 quase foram expulsos da galeria do plenário da câmara.
De forma autoritária, o presidente da Câmara Rodrigo Maia ordenou à Polícia Legislativa que retirasse estes manifestantes do pleno, mas depois voltou atrás.
O grupo, formado por maioria de jovens, fazia o que eles fazem de melhor, resistir. O fato se contrapõe aos diversos discursos eloquentes dos nobres deputados nos quais, com todas as forças, declaram que aquela casa é casa do povo.
O mais interessante é que estes mesmos nobres deputados, apesar de ofenderem constantemente seus próprios eleitores, não só com gestos como estes, mas com a aprovação de projetos que nada mais fazem do que prejudicar estes mesmos eleitores, sentem-se insultados pelas palavras de ordem que não passam de palavras de ordem, ao contrário de todo o estrago que fazem nas vidas de milhões de pessoas, com seus projetos irresponsáveis que não têm outro objetivo, se não, os seu próprios interesses.
Somos obrigados a assisti-los retirando nossos direitos, sorrindo e sem sequer nos posicionar. É isto que está acontecendo neste país com a aprovação da PEC 241. Estamos assistindo, de camarote, o futuro de milhões de pessoas sendo jogado no lixo.
Direitos serão retirados, dinheiro para a educação e saúde também, mas temos de ficar quietos. Nada de falar do capital especulativo ou dos juros da dívida. O que interessa é manter o capital financeiro em detrimento dos mais desfavorecidos.
Claro que precisamos de medidas que ajudem o país a voltar a crescer, mas a qual preço? Será mesmo que precisamos pagar um alto custo social para que este crescimento se concretize? Quantas mães mais precisarão perder seus filhos nas portas dos hospitais? Quantos jovens terão que se perpetuar na pobreza herdada de seus pais por não terem educação de qualidade que garanta seu ingresso no mercado de trabalho, com salários melhores?
Mas, afinal, o que podemos definir como ofensas? Seja qual for a definição dada por eles, com certeza, não acham que a fome, a miséria, a falta de hospitais e de estudo, fazem parte desta definição.
*Soraia Marca é diretora do Sisejufe e servidora do TRF2