Passados nove dias do final da campanha internacional dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres, restou mais evidente que não se encerra a luta contra a situação de vulnerabilidade que as mulheres são postas. Temos muito que dialogar, principalmente com as mulheres do Judiciário Federal e Ministério Público da União, mas não só entre nós, ampliando o debate para fora dos nossos muros sobre a questão da violência contra a mulher.
Dois casos de repercussão nacional revelaram o absurdo de atitudes que nos fazem vir a público manifestar nosso repúdio aos episódios de violência contra as mulheres e nossa solidariedade às que foram colocadas em situação de vulnerabilidade.
Em São Paulo, a deputada Isa Penna, do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), sofreu assédio sexual publicamente pelo deputado Fernando Cury, do partido Cidadania, durante o transcorrer da sessão plenária da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) de quarta-feira, 16 de dezembro. O abuso sexual foi transmitido ao vivo pela Rede Alesp. O deputado, eleito para garantir a democracia em sua representação na Assembleia Legislativa, pratica atos discriminatórios e abusivos, a conduta fere a Lei e assim deve ser tratada, sendo criminalizada. No dia 03 de dezembro a Fenajufe realizou a live sobre o tema: – Discriminação da mulher na política, tendo o Sisejufe retransmitido o debate. “Trouxemos como convidadas Erika Kokay e Rosa Neide, deputadas federais extremamente atuantes, com pautas de mulheres, que nos ajuda a entender esse processo”, destacou a diretora do Sisejufe e coordenadora da Fenajufe, Lucena Pacheco. Assista à live neste link.
Também em São Paulo, mas dessa vez no judiciário estadual, ainda durante os 21 dias de ativismo pela não violência contra a mulher, o juiz Rodrigo de Azevedo Costa falou que não está “nem aí para a Lei Maria da Penha” e que “ninguém agride ninguém de graça”, durante a audiência virtual de um processo de pensão alimentícia, na audiência de 3h30, realizada no dia 9 de dezembro na Vara de Família. A denuncia veio a público através do site Papo de Mãe do UOL, na quinta (17/12), além do site G1 SP, em 18 de dezembro. A reportagem mostra vídeos de trechos da audiência de 3h30 realizada no dia 9 de dezembro na Vara de Família. A conduta do juiz será apurada pela corregedoria do TJSP, nos parece muito preocupante a declaração de um juiz que não respeita o texto da Lei, e vulnerabiliza a própria crença no judiciário.
O Sisejufe e a Fenajufe estão inseridos na luta por todas e todos em situação de vulnerabilidade, que sofrem qualquer tipo de violência, discriminação. “Ainda em novembro lançamos diversos cards sobre as formas de violência descritas na Lei Maria da Penha, em seu artigo 7º, lá são enumeradas cinco tipos de violência doméstica e familiar: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial, e têm graves consequências para a mulher. Sendo que qualquer uma delas constitui ato de violação dos direitos humanos e deve ser denunciada”, afirma Lucena Pacheco.
Esse debate foi tema da live do dia 26/11, sob o tema “O aumento da violência contra a Mulher na pandemia da Covid-19”, tendo como convidada a delegada Débora Mafra , que pode ser acompanhar neste link.
Ações afirmativas e Campanhas são fundamentais para fomentar além do conhecimento do tema, também a prática do debate sobre e para o estabelecimento de políticas públicas de prevenção à violência e para sensibilizar governo, empresas e a sociedade civil no combate à violência.
“Não Se Cale, Denuncie; Roupa Curta Não é Convite, Denuncie; Não é Não!”. Essas e outras frases são importantes para nos lembrarmos que podemos nos proteger.
Devemos prestar atenção no nosso entorno, para nosso mundo do trabalho, em nossos órgãos e vejamos como são as nossas relações, e ainda que estiquemos esse olhar e conheçamos como são as nossas relações familiares, sociais. E observemos se essas relações são ou não toxicas, identificar se reproduzem comportamentos machistas e violentos e discriminatórios e assim intervir para, se não eliminar, começar a enfrentar a questão.
Situações que vivenciamos no dia a dia e que são tratadas com normalidade, pois fazem parte da nossa cultura, como costumamos dizer, e que são na verdade práticas machistase a reprodução dessas práticas entre os homens e mulheres, são violências evidentes ou veladas e que precisam ser reveladas para que atentemos para os abusos diários.
No nosso país, o machismo ainda é forte e nós mulheres, ainda sofremos muito preconceito e discriminação em todos os ambientes que frequentamos, principalmente no trabalho, onde passamos a maior parte do nosso tempo, agora parte desse tempo em casa, por causa do isolamento social, nossa atenção se volta muito mais para a vida familiar.!
A cultura, o que é cultura, tem um significado extenso, mas para nós é importante entender que cultura é um conjunto de hábitos, crenças e conhecimentos de um povo ou um determinado grupo que cultiva, de algum modo, um padrão semelhante.
Assim, será necessário todo dia realizarmos ações para que mudemos esse conjunto de hábitos, de crenças, incansavelmente. E acrescentemos a essa necessidade de mudança, um aspecto importante em nosso comportamento, a sororidade.
“A palavra SORORIDADE vem do latim “sóror” que significa “irmãs”, irmandade. SORORIDADE é ter empatia com outras mulheres, independente de cor, classe social ou nível educacional, é se colocar no lugar da outra antes de criticá-la, é não enxergar uma mulher como uma concorrente e apoiar nos momentos necessários, acolhendo, aconselhando, ajudando. SORORIDADE é a união de mulheres”. E esta união nos tornará capazes de fazer a mudança que queremos!