O coordenador do Departamento de Acessibilidade e Inclusão do Sisejufe, Ricardo Soares, participou do seminário “Ambiente de Respeito: Prevenção e Combate ao Assédio e à Discriminação”, realizado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), na tarde desta quarta-feira (6/11). Na presença de representantes da alta Administração, o diretor do sindicato indagou questões relativas à acessibilidade. O dirigente elogiou a abordagem da palestrante e servidora do TRT1, Karla Fernanda Valle, sobre o tema do capacitismo, que ainda é pouco debatido quando se fala sobre minorias e sobre discriminações, facilitando ainda mais a invisibilidade das pessoas como deficiência. Sobre o assédio institucional, Ricardo comentou que o tribunal comete assédio institucional quando deixa de comprar sistemas acessíveis para o segmento.
“Eu trabalho numa instituição, aqui no TRF2, que tem sistemas que não são acessíveis para pessoas com deficiência visual. Isso é um assédio, é uma forma de dizer: você, pessoa com deficiência visual, não é bem-vinda aqui porque nós temos um sistema que não é acessível; temos um sistema de informática, o GLPI, que não é acessível e foi adquirido pela Justiça Federal do Rio de Janeiro sem observar um ditame constitucional sobre acessibilidade. Então, quando a própria instituição faz isso, o que dizer das chefias que não querem as pessoas com deficiência nos seus setores porque obviamente a produtividade vai baixar? Como trabalhar essa questão”, perguntou Ricardo aos presentes.
A painelista Karla Valle respondeu aos questionamentos do coordenador do DAI. “É por esse motivo que eu tenho como referência o professor Roberto Eloani, quando ele demarca que todo assédio, de alguma maneira, vai ser organizacional. Quando eu faço essa sinalização de que, às vezes, se a minha política de gestão de pessoas não está bem afinada com a minha política de inclusão e acessibilidade, se choca com a política de equidade de gênero, isso vai resultar nesses tipos de violências; se não de discriminações diretas, discriminações indiretas”, destacou.
Karla ressaltou que é preciso trazer esse debate para a cultura organizacional. “Essas temáticas não dizem respeito simplesmente a subcomitês e comissões. Elas não são questões pontuais, mas falam do cerne do funcionamento do próprio Judiciário, das próprias instituições públicas. Então, o planejamento estratégico precisa incorporar a acessibilidade e inclusão; o planejamento estratégico tem que considerar que a aquisição de sistemas passa não só pelo ingresso de servidores com deficiência, mas que eles tenham condições de se manter na instituição sendo produtivos e devidamente aproveitados”, alertou.
A debatedora afirmou, por fim, que é necessário lançar esse olhar sobre a política organizacional e as transformações que precisam acontecer visto que a violência laboral pode se expressar de distintas formas. “E dentro dessas distintas formas, passa por esse espaço que acaba não sendo inclusivo. São questões para serem pensadas sobre sofrimento no trabalho e a importância dessa coesão de nossas políticas. Acho que a gente vem avançando, mas enquanto eu tiver uma política de acessibilidade e inclusão que não conversa com a minha política de gestão de pessoas, que não conversa com a minha política de enfrentamento ao assédio, a gente vai continuar escorregando em alguns pontos”, concluiu.
A participação do coordenador do DAI no seminário sobre prevenção e combate ao assédio e à discriminação está disponível no Youtube. Clique neste link para assistir.
Sobre o seminário
O evento, organizado pelas Comissões de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, Sexual e da Discriminação do Tribunal e das Seções Judiciárias do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, contou com a participação da advogada especializada em gênero, Mayra Cotta, e da servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, Karla Fernanda Valle. O objetivo do encontro foi promover a adequada capacitação de todos/as os/as integrantes da Justiça Federal da 2ª Região, em especial daqueles/as que exerçam posição de chefia, para a identificação e combate à violência laboral, ao assédio moral e sexual e demais formas de discriminação no trabalho.
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Foto mostra o coordenador do DAI, Ricardo Soares, fazendo uma pergunta aos painelistas do seminário sobre prevenção e combate ao assédio e à discriminação