Milhares de trabalhadores dos setores público e privado, estudantes e mulheres participaram do Ato Unificado contra o pacote de ajuste fiscal do governo Temer. A atividade começou na tarde da última sexta-feira, dia 25, na Candelária, com a atuação de diversos dirigentes sindicais e representantes de movimentos social.
O escritor Ecio Salles, autor de “Poesia Revoltada” (sobre o movimento hip-hop) e “Memória de Vigário Geral”, deixou sua indignação sobre o pacote de maldades que vai prejudicar, além de trabalhadores e servidores, as populações de baixa renda que vivem nas periferias e são alvos constantes da violência da guerra entre a polícia militar e o tráfico. “Quando tem uma guerra dentro de uma comunidade, não é só a morte de jovens, mas é a morte da favela. De um jovem que abraça o seu irmão porque há três dias não têm aula e não podem comer, pois dependem da merenda da escola, e diz “calma, eu vou dar um jeito”. Agora, quando esse jovem entra na estatística policial como mais um morto com um fuzil na mão, as pessoas só enxergam a consequência e não as causas do problema”, desabafou.
Sisejufe contra a PEC da Morte
O Sisejufe participou ativamente da manifestação que seguiu pela Av. Rio Branco até as escadarias da Alerj. O diretor do Sindicato Ricardo Quiroga falou aos presentes e manifestou em nome da categoria sua solidariedade com a população mais pobre que são os que certamente serão mais prejudicados pela PEC da Morte.
“Vemos aqui todo o movimento social, sindicatos, todos unidos contra essa PEC da Morte. Os trabalhadores, moradores das comunidades, que sofrem todos os dias com a falta de direitos e com a repressão das polícias nas favelas e os servidores públicos do Estado que também estão sofrendo com as ameaças do governo Pezão estão muito mobilizados. Estamos aqui representando o Judiciário Federal e é fundamental mostrarmos nossa solidariedade com todas essas categorias e nós das Justiças federal, trabalhista e eleitoral temos de nos mobilizar porque também seremos atingidos. A PEC 55 vai limitar o nosso reajuste que conquistamos a duras penas em uma greve histórica no ano passado”, alertou o diretor.
A PEC 55 limita os gastos sociais com Saúde, Educação e Assistência públicas, que deixam de ser prioridade, afetando a vida de milhões de pessoas.
Se já estivesse aprovada há vinte anos, o orçamento da Saúde seria de R$ 65 bilhões, quase metade dos atuais R$ 102 bilhões. A verba para Educação cairia ainda mais, de R$ 103 bilhões para R$ 31 bilhões. O salario mínimo, renda de uma enorme parcela da trabalhadores ativos e aposentados, seria reduzido dos atuais R$ 880 para R$ 550.
Dia internacional de luta contra a violência contra a mulher
Dia 25 também foi o dia de lutar contra a violência contra mulher e o feminicídio. Trabalhadoras e estudantes participaram da manifestação organizada pela Marcha Mundial de Mulheres. O grupo se concentrou na altura da Rua da Carioca e se juntou ao ato contra a PEC 55, marchando junto com os demais trabalhadores até a Alerj.
Marco da luta contra o feminicídio
Desde 1981, a data virou um marco de luta contra a violência, quando foi relatado o assassinato das irmãs Miralba, três militantes vítimas da ditadura militar de Trujillo, na República Dominicana, em 25 de novembro de 1960.