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Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

Sisejufe participa do 1º Encontro LGBT+ da Fenajufe

Evento aconteceu em Brasília, dias 08 e 09 de julho; em pauta, garantia de direitos à pessoas LGBT e políticas afirmativas

O Sisejufe participou do 1º Encontro LGBT+ da história da Federação. Em formato híbrido, o evento registrou a participação expressiva de cerca de 42 pessoas, entre representantes de sindicatos, palestrantes e comissão organizadora. Doze sindicatos de base enviaram representação. O Sisejufe, com muito orgulho, participou, também. Pelo sindicato, estavam a diretora Lucena Pacheco, que é também coordenadora da Fenajufe; Alexandre Marques, assessor parlamentar; além dos servidores e servidoras Edson Roza, Larissa Azevedo, Ricardo Valverde.

Durante os debates, o tema Políticas afirmativas e direitos das pessoas LGBT+ permeou as discussões e falas dos participantes.

Se dirigindo a todos e todas que acompanhavam o Encontro, tanto presencialmente quanto virtualmente, Lucena Pacheco, diretora do Sisejufe e coordenadora da Fenajufe, pegou o microfone e fez uma breve, mas contundente fala: ” Esse primeiro encontro aqui ele funciona justamente pra isso: a ideia é que a gente possa desenvolver políticas dentro do Judiciário e junto com o Executivo, junto com o Legislativo, porque, sim, a gente tem que trabalhar em rede. De outra forma, a gente não consegue construir absolutamente nada. Muitos dos nossos colegas questionam por que a gente está discutindo isso. A gente é servidor público e a gente atende as pessoas, atende todos os públicos. Então, acima de tudo, a gente tem que entender o nosso papel enquanto servidor público. Como é que a gente age pra facilitar, pra ajudar que essas coisas aconteçam? Essa conversa é pra que todos entendam, pra que todos entendamos que nós temos um papel preponderante na sociedade para fazer com que as coisas aconteçam em favor de toda a população e de todos os segmentos. A nossa responsabilidade é muito grande. Não é à toa que estamos no serviço público e no Judiciário. Então, que a gente compreenda e execute esse papel de uma maneira a incluir e a respeitar todo mundo, a ajudar que todos tenham direito à Justiça. Isso é que é o principal: todos têm que ter direitos”.

Para Edson Roza, servidor do TRF2, o debate foi de alto nível: “Foram discussões muito, muito boas, fortes e impactantes. Fiquei muito emocionado com tudo o que foi colocado. As experiências de vida das pessoais, a fala dos palestrantes, a questão emocional,  tudo o que foi vivenciado durante a trajetória profissional de cada um de nós. Foi um misto de indignação com tanta falta de respeito e tanta violência e um misto de admiração pela força dessas pessoas, desses profissionais. Força de lutar pelo que consideram justo. Saí de lá com o propósito de me engajar mais, de participar mais. Espero que isso tenha acontecido com os demais participantes, também, e que a gente volte pras nossas bases com esse fortalecimento. Aproveito pra agradecer enormemente o trabalho tanto do Sisejufe quanto da Fenajufe. Estão, estamos todos de parabéns”, disse ele.

Joana Darc Melo, assessora de imprensa da Fenajufe, também estava bastante satisfeita com a realização do evento: “”O 1º Encontro LGBT+ da Fenajufe foi um divisor de águas na história da Federação. Nesses quase 31 anos de existência, levar o debate da diversidade para a categoria foi, de fato, um grande acontecimento.  Foi extremamente importante mostrar a realidade e desafios da população LGBTQIAP que também está inserida nos e nas servidoras do PJU e MPU. Foi evidente a  satisfação dos(as) participantes que tiveram, pela primeira vez, a oportunidade de falar e expor as questões LGBTQIAP. Superou as expectativas! Foi, realmente, excelente”.

O Encontro:

Para este primeiro encontro, a Federação contou com os seguintes palestrantes: Lucci Laporta, ativista transfeminista, Dalcira Ferrão psicóloga especializada em atendimento à população LGBT+, Sara Wagner professora pedagoga e ativista LBGTI+, Dayana Brunetto, coordenadora geral de promoção dos direitos das pessoas LGBTQIA+ e Gab Van, articulador político-social e coordenador da “Marcha do Orgulho Trans” do Rio de Janeiro.

Todos levaram a realidade e desafios dos vários segmentos, invariavelmente marcados pela dor do preconceito e da discriminação por quais passam no dia a dia. Em suas falas reafirmaram a importância das pessoas LGBT+ ocuparem os espaços do mundo do trabalho, acadêmicos, sociais e da necessidade urgente da efetivação das políticas públicas que os façam existir de fato.

O coordenador da Fenajufe, Jaílson Laje, destacou a fala do coordenador da “Marcha Orgulho Trans” do Rio de Janeiro, Gab Van, que enfatizou que as políticas reparatórias das empresas para as pessoas LGBTs esbarram na questão financeira e que só querem explorar os e as trabalhadoras da diversidade. Para o coordenador, “é preciso manter vivo o espírito de Stonewall, de 54 anos atrás e que deu início à luta do segmento, já que somente com muita luta direta e mobilização vamos avançar na conquista de nossos direitos”.

Em todas as manifestações expostas, o ponto em comum citado por todos e todes foram as várias formas de violência que mata uma pessoa LGBT+ a cada 34 horas no País. O diagnóstico faz o Brasil ocupar esse ranking vergonhoso há 13 anos.

O primeiro encontro LGBTI+ da Federação mostrou vivências, dores e principalmente a luta incessante das pessoas LGBT+ para exercerem o direito à vida. Terem respeito, dignidade e visibilidade como seres humanos ou simplesmente viver é o apelo de todas e todes.

Sobre o tema, Luci Laporta afirmou que a classe trabalhadora é formada por pessoas negras, mulheres, pessoas é preciso entender que a luta contra a exploração da classe trabalhadora esteja atrelada a luta contra as opressões. “Quando a gente luta pela classe trabalhadora é preciso fazer essa heteronormatividade”.

A psicóloga Dalcira Ferrão trouxe informações sobre saúde mental e destacou os avanços na psicologia e como é fundamental esse mecanismo no enfretamento à LGBTQIA+fobia. “É extremamente importante, quando falamos de públicos minoritários e a opressão da sociedade, discutir também os impactos que isso causa na saúde mental das pessoas LGBT+”.

Dayana Brunetto, coordenadora-geral de promoção da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do governo federal, destacou os desafios e a atuação para construir políticas públicas de inclusão e em defesa das pessoas LGBT+. Brunetto ressaltou que um dos maiores desafios é a falta de dados sobre a comunidade que dificulta algumas ações e ressaltou que o ideal seria elaborar uma política pública dialogada com os movimentos sociais e com participação social ampliada.

Já Sara Wagner destacou a importância e a visibilidade da vida das pessoas LGBT+ e chamou a atenção para os dados alarmantes de assassinatos à pessoas trans.  Acompanhe

Homem trans, o articulador político, Gabi Van relatou que foi expulso de casa e que não vê os pais há dezessete anos, quando fugiu pela terceira vez de um centro de reabilitação de “cura gay,” levados pelos pais. Para ele, as pessoas trans pretas são “alvo certeiro ” para a violência policial.

Roda de conversa:

No sábado (08/07) à tarde, aconteceu a roda de conversa com o tema  “A realidade dos LGBTs+ no Mundo do Trabalho”. A atividade foi conduzida pela jornalista e LGBT+ da Fenajufe Joana Darc Melo e o assessor  de assuntos institucionais da Federação e assessor do Sindiquinze/ SP , Alexandre Marques, também assumidamente homossexual.

A jornalista ressaltou a importância das entidades sindicais serem exemplo nas pautas LGBT+ começando pelos próprios funcionários, oferecendo oportunidades iguais para todes. “Nós não temos que esperar o dia 28 de junho, que é o dia do Orgulho LGBT+, devemos combater a discriminação e o preconceito todos os dias”.

O assessor chamou a atenção para os desafios da população LGBT+ e ressaltou que mesmo com os avanços, ainda existe muito preconceito e discriminação contra pessoas LGBTs e pontuou a violência como fator invisibilizador da população.

Os participantes assistiram um vídeo com histórias impactantes sobre a realidade dos LGBTs+ no mundo do trabalho. A partir disso, os participantes contribuíram com suas falas, ideias e reivindicações apontando a mesma direção: a unidade no enfrentamento ao preconceito, a luta contra à LGBTIA+fobia e o fortalecimento da pauta pelas entidades sindicais.

Além do Sisejufe, enviaram representantes os sindicatos:  Sitraam/AM, Sindjufe/MS, Sindjufeba/BA, Sindiquinze/SP Sintrajusc/SC, Sintrajufe/RS ,Sintrajurn/RN ,Sindissetima, Sintrajuf/PE, Sintrajud/SP  e Sindjuf/PAAP.  O Sindicato Nacional dos Servidores do MPU,CNMP e ESMPU(SindMPU) também enviou representante.

Já no domingo (09/07), segundo dia do encontro,  trouxe propostas apresentadas pelos participantes dos sindicatos. O comando da mesa diretora ficou por conta das coordenadoras Lucena Pacheco e Denise Márcia. Ainda participaram Fabiano dos Santos, Luciana Carneiro e Jaílson Laje presencialmente e Soraia Marca, Manoel Gerson e Luiz Cláudio Correa no formato virtual.

Inédito, o encontro oportunizou discussões de grande relevância não apenas para a categoria, mas também para a sociedade como um todo. Na avaliação dos participantes, a Federação deu um passo importante na sua história de luta em defesa de uma sociedade mais justa e igualitária.

Importante ressaltar a satisfação de todas e todes ao final deste evento que consideraram um “divisor de águas” na bandeira de lutas da Fenajufe. As e os participantes retornarão aos seus estados de origem com a certeza de que a pauta LGBTQI+ será ponto garantido nos espaços de discussões permanentes da categoria.

Moção:

O encontro aprovou ainda uma moção de defesa às deputadas ameaçadas de cassação.

As parlamentares Célia Xakriabá (PSOL/MG), Erika Kokay (PT/DF), Fernanda Melchionna (PSOL/RS), Juliana Cardoso (PT/SP), Sâmia Bomfim (PSOL/SP) e Talíria Petrone (PSOL/RJ) estão sendo acusadas de quebra de decoro parlamentar em representação do partido do ex-presidente derrotado nas últimas eleições e hoje inelegível, Jair Bolsonaro, (PL).

A alegação contra as parlamentares é de quebra de decoro durante aprovação do projeto do marco temporal de terras indígenas (PL 490/07) ainda no mês de maio. Na verdade, a ação do partido evidencia violência política de gênero e tentativa de silenciar as deputadas.

A moção será construída e divulgada pela diretoria executiva.

Entre as propostas apresentadas estão:

– Que os Sindicatos que ainda não possuem Núcleo contra Opressões, o criem, no formato que for melhor para a realidade local e que divulgue nas bases o encontro da Federação, estimulando a participação de todos.

– Reivindicar junto aos tribunais que o tema da luta dos direitos humanos, da luta das mulheres, negros e negras e pessoas LGBTs seja incluído nos processos de formação e capacitação dos órgãos.

– Propor a criação de núcleos ou conselhos nas unidades do PJU para o acolhimento das pessoas LGBTQIAP+ e o recebimento de denúncias dos casos de LGBTfobia;

– Propor que os Tribunais adotem uma Política de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade, por meio de seus normativos internos, dispondo sobre ações e projetos que devem ser implementados com o escopo de combater a discriminação de todos aqueles que são vulneráveis, pelas suas condições pessoais, a exemplo da mulher, do negro e dos LGBTQIAP+.

– Reforçar que, além da imprescindível criação de Núcleos, as entidades sindicais pautem o tema da luta das pessoas LGBTs em eventos gerais da categoria, como Congressos, Plenárias, além de eventos específicos e organizativos das pessoas LGBTs.

24ª Parada do Orgulho LGBTI+ de Brasília:

O 1º Encontro LGBT+ da Federação foi pensado para acontecer na mesma data em que acontece a 24ª Parada da Diversidade da Capital Federal. A proposta foi oportunizar as e os participantes momento de descontração e lazer.

Neste ano, a Parada do Orgulho LGBTI+ de Brasília teve dois fatos inéditos. Pela primeira vez a abertura do evento foi feita por um grupo de pessoas indígenas LGBT+. Ainda com o mesmo ineditismo, pessoas LGBTQIA+ refugiadas, com apoio da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), também se fizeram presentes.

A participação desses dois grupos na 24ª Parada do Orgulho LGBT+de Brasília reforça o objetivo do ato que, para além de reivindicar direitos para a comunidade, busca visibilidade, inclusão, acolhimento e acabar com a discriminação, e respeito a todas e todes inseridos no segmento.

 

Texto: Sisejufe com informações da Fenajufe

 

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