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Feijoada reune lideranças que podem ajudar ONG na luta pelo patrimônio Cultural Afro-Brasileiro

Os dirigentes do Sisejufe e do Sintrasef tiveram um “banho de realidade” e entraram em contato com a luta de uma comunidade carente, que além de sobreviver, luta para manter uma tradição mais que secular.

Sisejufe participa de tarde de solidariedade ao Jongo da Serrinha

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Na tarde do dia 22 de junho, em Madureira, no Jongo da Serrinha, o Sisejufe e o Sintrasef foram recebidos para uma feijoada e também para a apresentação cultural dos alunos da ONG Jongo da Serrinha. Foi uma feijoada de solidariedade, cujo objetivo era o de abrir as portas da comunidade e mostrar o trabalho feito pelo Jongo e as carências que a escola passa para manter suas portas abertas.

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Os dirigentes do Sisejufe e do Sintrasef tiveram um “banho de realidade” e entraram em contato com a luta de uma comunidade carente, que além de sobreviver, luta para manter uma tradição mais que secular. Também foram chamados os sindicatos dos bancários e dos telefônicos, cujos diretores não puderam comparecer. Foram convidadas algumas lideranças políticas, que infelizmente também estavam com a agenda lotada.

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Na oportunidade as crianças das turmas da manhã e tarde fizeram um relato de como vivem atualmente, através de uma esquete teatral, com canto e dança, que misturou charme, rap e jongo. Elas lutam contra o preconceito e a violência que ainda assombram aquela localidade, que teve a escola original do jongo destruída em uma ocupação do Bope.

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Em entrevista ao Sisejufe, a coordenadora da ONG Jongo da Serrinha, Luiza Marmello, diz que o sonho de dar continuidade aos ensinamentos dos seus ancestrais é fundamental para a continuidade do trabalho que vem sendo desenvolvido há mais de 15 anos. Luiza, relata que o dirigente do Sisejufe, Roberto Ponciano, tem ajudado em muito nas demandas do Jongo: “Ele é um lutador que se encantou quando viu a apresentação do ‘Raízes Africanas’, no Trapiche Gamboa e, de lá pra cá, tem incentivado a ONG e o Sisejufe em realizar diversas atividades”.

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Luiza Marmello agradece ao Sisejufe pelos encaminhamentos e pela busca de contato com as autoridades para que conseguisse uma casa para a ONG e, em fevereiro, o tão desejado sonho foi realizado e entregue, em uma cerimônia simbólica realizada pela Prefeitura do Rio, as chaves com a assinatura do contrato de cessão de uso da propriedade do imóvel foram garantidos. A nova sede terá dois andares e 2.600 m2.

Participaram da atividade o presidente do Sisejufe, Valter Nogueira, o coordenador de Imprensa, Roberto Ponciano, o diretor administrativo Francisco Costa (averiguar se o sobrenome é este) o secretário da Condsef, Josemilton Costa e diretores da Sintrasef, além de crianças e à comunidade em geral.

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Deli Monteiro, diz que esteve em Minas Gerais, na casa da Dindinha (Clara Nunes) como é carinhosamente chamada, no festival de inverno, ela foi homenageada no Centro Histórico Clara Nunes, e diz “ter vivido um movimento ímpar na sua vida, porque lembrou bons e velhos tempos ao lado de sua amiga”. Deli é neta de Vovó Maria Joana, uma das fundadoras do Império Serrano e do Jongo e que foi mãe-de-santo de Clara Nunes. quem não sabe quem é Vovó Maria Joana, ela está eternizada em uma das capas dos CDs de Clara Nunes, com uma foto tirada na própria Serrinha.

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Deli Monteiro agradece ao empenho do Sisejufe, pela iniciativa e pelo trabalho contínuo que vem realizando conosco.

Lazir Sinval, sobrinha neta de Tia Maria, bailaria e professora, emocionada fala da busca pela valorização da nossa história, desde o trabalho escravo nas fábricas de café até a maneira de como chegávamos aqui no Rio de Janeiro. Hoje, ela afirma tudo melhorou, não está 100%, mas já avançamos, inclusive com a liberação da prefeitura doando a chave da nova sede do Jongo, que será na rua Compositor Silas de Oliveira 101, no Morro da Serrinha, em Madureira.

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Lazir, comenta que com o novo espaço, a ONG Grupo Cultural Jongo da Serrinha poderá expandir o atendimento da Escola do Jongo das atuais cem crianças atendidas, para mil jovens.

A professora finaliza dizendo que “foram 30 anos de trabalho árduo na divulgação do ritmo que fez do Jongo da Serrinha uma forte referência cultural afro-carioca”. Além disso, com a criação do grupo, três gerações da comunidade aprenderam o jongo na casa da Vovó Maria Joana Rezadeira, mãe de Mestre Darcy.

Já a professora de Artes da Escola de Jongo, Rosiane Cunha, que trabalha há 03 anos com as crianças, ela conta que as crianças têm uma necessidade de aprender, sobre sua cultura, elas adoram vir pra ONG, gostam de pintar, escrever e ler. Querem sentir o cheiro da educação através dos papéis e pincéis. Para a professora, é muito gratificante essa troca de valores. Aqui eles aprendem as noções básicas de educação: o bom dia e boa tarde.

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Nova sede
O local foi desapropriado pela Prefeitura e será completamente reformado para abrigar a ONG Grupo Cultural Jongo da Serrinha. Todavia, o projeto de reforma se encontra no momento parado, e temos que trabalhar para conseguir fazer o projeto andar.
Para uma das fundadoras e mais antiga integrante do Jongo da Serrinha, Tia Maria da Grota, de 92 anos, “a entrega das chaves foi um momento importantíssimo. É o reconhecimento das nossas tradições, da nossa cultura. Isso é histórico”. A decana afirma que a ONG tem pressa na execução do projeto, mas que o primeiro caminho foi dado e agora basta esperar o andamento das obras.

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Deli Monteiro, neta da Tia Maria, contou um pouco da história do Jongo à equipe do Sisejufe. Emocionada ela afirma que “devido ao aumento da vida urbana, aos novos modismos da burguesia e à morte dos jongueiros idosos, o Jongo foi aos poucos desaparecendo dos morros cariocas. Somente a Serrinha, isolada da parte central da cidade, na periferia, como se fosse uma “roça” afastada, conseguiu preservar a cultura afro-brasileira tradicional”.

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Deli salienta que “a vida nesse morro do subúrbio de Madureira não mudou muito: as cachoeiras, os bambuzais, os animais selvagens, as casas de pau-a-pique, o candeeiro e o ferro a brasa continuam a fazer parte do nosso dia-a-dia”. Ela afirma que “a mudança está em conseguirmos ensinar as crianças a ver o mundo com outros olhos, apresentando alternativas com arte, cultura e lazer e continuar na luta pelo reconhecimento da nossa história e cultura”.

Histórico do  “Jongo da Serrinha”
O grupo Jongo da Serrinha foi criado no fim da década de 1960 pelo mestre Darcy Monteiro, o “Mestre Darcy do Jongo” e sua família. Ao perceberem que o último núcleo de jongo da cidade estava morrendo, eles decidiram transformar as rodas informais da comunidade em ensaios artísticos como estratégia para preservar tradição. Assim, a dança antiga foi levada do fundo dos quintais para os palcos.
A ONG é um quilombo cultural do Rio de Janeiro, patrimônio imaterial carioca e fluminense, e que preserva a tradição artística dos descendentes dos negros libertos das fazendas de café do Vale do Paraíba.

Funcionamento da ONG
A ONG funciona diariamente das 9h às 15h30min, com atendimento as crianças em horários alternados com o da escola como, por exemplo, quem estuda pela manhã participa à tarde e vice-versa.

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 Solidariedade
O trabalho de solidariedade é para custear as reformas na sede da Escola atual, que vai continuar abrigando o Jongo, até a reforma final que é bastante custosa. A atual escola tem muitas carências, o Sisejufe ajudou na construção de um muro de contenção, o Sintrasef também já se prontificou em ajudar em alguma reforma para que a atual sede fique com o mínimo de conforto e condições de trabalho para as crianças atendidas pela escola de Jongo.
Em breve teremos uma campanha de doação pela Lei Rouannet que anunciaremos na nossa página.
Viva o Jongo!
Vivam as raízes culturais do Povo Brasileiro!

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