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Sisejufe participa de Roda de Conversa sobre racismo estrutural

Diretora Patrícia Fernanda destacou a força do evento, realizado no dia 25/6 pela Procuradoria da República do RJ

A coordenadora do Departamento de Combate ao Racismo do Sisejufe, Patrícia Fernanda dos Santos, foi uma das convidadas da roda de conversa “Negra, sim: Vozes que rompem o silêncio do racismo estrutural na PR/RJ”, realizada nesta quarta-feira (25/06) no auditório do Memorial da Procuradoria da República no Rio de Janeiro. O evento emocionou os participantes ao abrir espaço para relatos marcados pela dor, resistência e ancestralidade.

Patrícia com o procurador da República Stanley Valeriano

Promovido pela Comissão Pró-Equidade de Raça e Gênero da PR/RJ e conduzido pelo procurador Stanley Valeriano, o encontro foi prestigiado por colegas do Coletivo Negro da Justiça, que acompanharam a apresentação de Patrícia Fernanda e reforçaram o apoio à luta por equidade no serviço público.

Fundadora do Coletivo Negro da Justiça Federal — reconhecido como boa prática pelo CNJ — Patrícia Fernanda compartilhou sua trajetória de superação, desde a infância como filha de empregados domésticos que cresceu na casa dos patrões até a atuação como servidora pública e referência no combate ao racismo institucional.

De acordo com ela, a educação foi uma prioridade imposta pelos pais. Formou-se em Direito e, ao ingressar na universidade, percebeu o que chamou de “muita luz branca e pouca representatividade”. Foi nesse despertar que fundou, anos depois, o Coletivo Negro da Justiça Federal, hoje reconhecido nacionalmente.

Durante a participação, a representante do Sisejufe destacou a importância da ancestralidade como força de resistência e leu trechos de autoras negras como Maria Firmina dos Reis, Sojourner Truth e Shirley Campbell Barr, promovendo momentos de profunda emoção e reflexão.

A roda contou ainda com o depoimento de Joelma Feitoza, encarregada da equipe de terceirizados, que relatou a violência policial sofrida em sua casa durante uma operação na comunidade onde mora. “A dor ainda está aqui. Ela não passou”, disse, comovendo os presentes e evidenciando as marcas deixadas pelo racismo estrutural.

A diretora do Sisejufe ressaltou que o racismo no Brasil não é uma exceção, mas parte da estrutura social que perpetua desigualdades históricas. “A abolição foi feita com uma canetada. Depois disso, o que houve foi a continuidade da exclusão: sem terra, sem emprego, sem escola”, afirmou.

Ao final do encontro, a leitura do poema “Negra”, de Shirley Campbell Barr, feita por duas participantes, ecoou como um manifesto de identidade, dignidade e potência coletiva. “Negra. Sim. Negra sou. De hoje e de antes. E avanço segura…”.

O procurador Stanley Valeriano destacou o papel das instituições na transformação social. Para ele, “só avançamos como sociedade se estivermos dispostos a ouvir com empatia, refletir com profundidade e agir com coragem. A justiça precisa estar atenta às vozes historicamente silenciadas”.

Na avaliação de Patrícia, a realização da Roda de Conversa foi bastante enriquecedora. “Foi uma oportunidade ímpar de olhar para o racismo estrutural sob uma perspectiva diferente daquela que a sociedade costuma impor. A escuta ativa e os relatos compartilhados criaram um espaço de fortalecimento e transformação coletiva”, finaliza.

Por Caroline P. Colombo, a serviço do Sisejufe

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