O avanço das novas tecnologias faz com que os servidores precisem ter um novo olhar sobre a carreira. Para instigar essa mudança de paradigma, o Sisejufe promoveu o Seminário Carreira em tempos de inteligência artificial – o desafio da mudança, realizado nessa sexta-feira (4/11). O presidente do Sindicato, Valter Nogueira Alves, conduziu os trabalhos.
E se? E por que não?
A primeira palestrante foi a servidora do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e master coach, Ana Cláudia Mendonça, que participou de todos grupos de trabalho de carreira do Judiciário. Em sua palestra o “Desafio da Mudança” propôs que a vida funcional não seja olhada a partir “da leitura de artigo por artigo” da Lei 11.406, mas da nova conjuntura, que avança exponencialmente, e do que o servidor realmente precisa e deseja. “Plano de carreira não é montar tabela”, considera.
Como exemplo da velocidade no qual o mundo está avançando, ela trouxe o tempo que diferentes tecnologias levaram para atingir 50 milhões de pessoas. Enquanto o telefone levou 75 anos para alcançar esse contingente, o jogo virtual Pokemon Go chegou a esse número de usuários em três horas. Ana acredita que o servidor deve estar preparado para um mundo vulnerável, incerto, complexo e ambíguo.
Mesmo o tradicional Poder Judiciário está aderindo às mudanças. O TST já está começando a utilizar a inteligência artificial e outras instituições estão experimentando novas tecnologias, como o Tribunal de Justiça, com videoconferências, ou o Conselho Nacional de Justiça e seu plenário virtual. “E temos ainda o teletrabalho”, complementou.
A partir desses elementos, Ana propõe como saída para a insatisfação dos servidores, alterações que trariam maior impacto e valor ao trabalhador público, relacionadas ao crescimento na carreira, à qualidade de vida (a flexibilização do horário de trabalho, por exemplo) e a outros elementos que não estão na pauta do plano de carreira, como o assédio, acidentes de trabalho e diversidade.
Carreira deve prever a introdução de novas tecnologias
Para a assessora política do Sisejufe, Vera Miranda, que também é assessora técnica da Fenajufe para o Grupo de Trabalho Nacional Carreira e para Comissão Interdisciplinar de revisão da Lei 11.419/2006, há uma disfunção entre as mudanças na gestão e a evolução da estrutura, sacrificando o servidor no cumprimento das metas. “E o futuro prevê o uso da inteligência artificial, revolucionando novamente o mundo do trabalho.” Nesse sentido, regulamentação do teletrabalho é uma urgência.
Vera propõe a introdução de elementos de gestão que dialoguem com a modernização dos processos de trabalho, novas tecnologias e o perfil da categoria. “Carreira é uma construção pessoal que deve estar em sintonia com as necessidades da instituição.”
O Sisejufe vai continuar debatendo o tema da carreira. Já está previsto um evento com o diretor-geral do Conselho Nacional de Justiça, Amarildo Vieira, que esteve à frente da Secretaria de Gestão de Pessoas e direção-geral do STF.