Vice-presidente destaca luta em defesa da Justiça do Trabalho
O aniversário de 30 anos do Sindjustiça foi um momento de festejar as conquistas, mas também para refletir sobre a situação do país e seus trabalhadores. Entre outras atividades, a entidade promoveu a conferência As transformações no mundo do trabalho e seus desdobramentos no serviço público: desafios e perspectivas com a participação do economista Marcio Pochmann, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O evento foi realizado na própria sede do sindicato dos servidores do Judiciário estadual, na noite da última sexta-feira (25/1).
O vice-presidente do Sisejufe, Lucas Costa, foi um dos debatedores, ao lado da coordenadora de Imprensa e Comunicação da Fenajufe, Mara Weber, e do coordenador de Política Sindical e Relações Internacionais da Fenajud, Ednaldo Oliveira. A coordenadora do Sindjustiça, Ana Paula Alves, conduziu a mesa.
Não é um período de mudança, mas uma mudança de período
O conferencista fez um panorama das políticas nacionais a partir dos anos 30, das mudanças sofridas e os impactos na organização sindical. Para ele o discurso vigente atualmente coloca os trabalhadores em uma situação de acomodação, no qual só lhes restaria a adaptação e a qualificação gerando um “prejuízo gravíssimo”.
Frente à revolução tecnológica e a introdução da inteligência artificial o que estamos vivendo “não é um período de mudança, mas uma mudança de período”, que exige novas ferramentas e formas de diálogo. Pochmann tomou como exemplo a organização das igrejas neopentecostais “sempre cheias”, pois oferecem esperança aos trabalhadores.
Sobre os ataques à Justiça do Trabalho, o professor lembra que nos anos 30 o trabalho era visto como uma mercadoria especial, que precisava de uma legislação e uma justiça própria. “A partir de 2016 (no Brasil), iniciou a destruição dessa ideia, pois o trabalho passou a ser visto como uma mercadoria qualquer.”
Caso a PEC 300/2016 seja aprovada, que retira direitos trabalhistas, os acordos coletivos vão prevalecer sobre as disposições previstas em lei. Neste cenário, ele questionou como estabelecer contratos equilibrados e qual seria o papel dos sindicatos. A resposta estaria na ousadia. “Qual o papel dos sindicatos para os próximos 30 anos?”. Seria necessário repensar as formas de atuar, criar novas linguagens e formas de comunicação. “Não somos portadores do novo”, lamentou.
A Justiça de Trabalho é de todos
No Judiciário Federal o teletrabalho já é uma realidade. Para o vice-presidente do Sisejufe, Lucas Costa, isso causa o isolamento do trabalhador, o que dificulta a identificação enquanto categoria. Os cidadãos sofrem ainda com a expansão da terceirização e a chamada “pejotização”.
Lucas acredita que a utilização de ferramentas virtuais são fundamentais para a aproximação com a sociedade, ao lado de novas narrativas e o combate às fake news. Por outro lado, o sindicato também aposta no contato direto com a população em situação de vulnerabilidade social, por meio do projeto Sisejufe Solidário.
O sindicato está, junto com 15 outras entidades, lutando para manter a Justiça do Trabalho. “No próximo dia 30, quarta-feira, faremos um grande ato, a partir das 16h30, na Central do Brasil e gostaríamos que o Sindjustiça estivesse junto conosco .” Outra frente de batalha é derrubar a PEC 300 que tramita em Brasília, que na prática seria uma pá de cal para esse ramo do Poder Judiciário.
Também estiveram presentes na comemoração os diretores do Sisejufe Amauri Pinheiro, Laura Diógenes, Lucena Pacheco, Soraia Marca e a assessora política Vera Miranda.