Cris Vianna, Max Leone e Tais Faccioli*
Os servidores do Judiciário Federal no Rio de Janeiro responderam ao chamado da direção do movimento e aderiram em massa à greve. De Norte a Sul do estado, a categoria deu exemplo de luta e mobilização nesta quarta-feira (10/6), primeiro dia da paralisação por tempo indeterminado. No Tribunal Regional Federal, Justiça Federal, Tribunal Regional do Trabalho e Tribunal Regional Eleitoral o funcionalismo interrompeu as atividades para pressionar o governo federal, o Legislativo e o Judiciário a articular uma proposta que viabilize a aprovação do PLC 28/15.
Servidores do TRF fazem barulho na porta do tribunal
Com nariz de palhaço, apitos e buzinas, quase 200 servidores do TRF fizeram muito barulho na porta da sede do Tribunal, na Rua do Acre. Também dispostos a chamar a atenção para a necessidade de se aprovar o projeto de reposição salarial, servidores da Justiça Federal de São Gonçalo, encararam mais de uma hora de viagem para se juntar aos colegas do TRF na capital. Foi deliberado que estariam todos de volta à porta do TRF nesta quinta-feira (11/6), de 12 h às 17 h.
Na avaliação do servidor Wanderson Leão Alves, a categoria deveria diminuir essa relação de paternalismo que mantém com o sindicato. “Os servidores deveriam assumir a responsabilidade de convocar nos seus setores os colegas que ainda não aderiram à greve. O que mais me incomoda é a indiferença de quem passa aqui pela porta do tribunal, sobe para trabalhar, ignorando nossa luta”, disse.
Justiça Federal Almirante Barroso, Rio Branco e Venezuela também na mobilização
Na Justiça Federal Almirante Barroso, o diretor Dulavim Lima Júnior convocou os colegas que ainda não aderiram à greve a participarem da mobilização. Ele acredita que só com a paralisação é possível pressionar o Executivo a apresentar uma proposta de reajuste.
Na Justiça Federal Rio Branco, os servidores também fazem pressão para que o governo entre em acordo para a votação do PLC28/15. A diretora do Sisejufe, Maristela Vicente, acredita que a categoria precisa estar unida para reivindicar a reposição. “Se ficarmos parados, vamos perder cada vez mais.”
Cerca de 65 servidores participaram da greve na Justiça Federal Venezuela. O grupo irá se reunir novamente nesta quinta-feira (11/6), de 12h às 14h, na porta do foro.
“Para o primeiro dia da greve, eu senti que houve uma grande adesão. Cada servidor se comprometeu a trazer mais um colega de seu setor para aderir ao movimento. Só desta forma a categoria vai conseguir a aprovação do PL”, disse a diretora aposentada Neli Rosa.
Para o diretor Mario Cesar, a tática de chamar a categoria para assumir o protagonismo dessa luta começa a funcionar.
“Fico feliz em perceber que, após uma acumulada experiência dos servidores em vários outros movimentos e atos sindicais da nossa categoria, o comprometimento e a percepção da necessidade de assumir o protagonismo na reivindicação do respeito ao Judiciário e na valorização de nossas carreiras parece estar se concretizando na consciência do nosso servidor”, afirma o diretor.
162 Zonas eleitorais na greve
Os servidores do Tribunal Regional Eleitoral estiveram paralisados das 11 às 17h. As zonas eleitorais de todo o estado estão mobilizadas. Até o final da tarde desta quarta, 162 locais já tinham aderido à greve.
Servidores do TRT recebem informações diretamente de Brasília
Durante a greve no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT1), na Rua do Lavradio, o diretor do Sisejufe Luis Amauri repassou as informações enviadas por Roberto Ponciano, coordenador da Fenajufe e representante de base do sindicato. Segundo o dirigente, que está na capital federal, em reunião do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, com representantes do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), o governo deixou claro que vetará o PLC, caso seja aprovado na forma como está no Senado.
De acordo com Ponciano, Lewandowski informou que não concordava com mais essa manobra para retardar aprovação e que tomaria a iniciativa de enviar uma emenda substitutiva, propondo o pagamento da primeira parcela do aumento em janeiro de 2016. O projeto atual que está na pauta do plenário do Senado prevê o pagamento da primeira parcela ainda neste ano.
Ao repassar as informações, o diretor do Sisejufe Luis Amauri ressaltou a importância da categoria aprofundar a mobilização pela aprovação do PLC. Ainda conforme o relato de Roberto Ponciano acerca do encontro do presidente do STF com representantes do Poder Executivo, o ministro declarou que já teria acertado o apoio dos senadores para a votação do substitutivo. Estariam também incluídos no acordo parlamentares do PMDB e alguns do PT e da oposição também. Tudo para garantir a aprovação.
Com a aprovação a emenda, o PLC retornaria à Câmara dos Deputados para análise em plenário, tendo em vista que o projeto sofrera alteração no Senado. Mas o presidente do STF também explicou que já manteve contado com o presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para que a proposta fosse votada sem maiores problemas, até pelo fato do projeto original, o então PL 7.920, já ter sido aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados.
Inicialmente, o PLC estava previsto na pauta de votação do Senado. Mas, devido à ausência do presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o vice-presidente Jorge Viana (PT-AC) preferiu não votar a matéria por considerá-lo polêmica e não ter um acordo para a sua apreciação.
Movimentação no TRT começou cedo
Cientes da necessidade da lutar pelo PLC, os servidores do TRT1 iniciaram a movimentação logo cedo, na quarta-feira. Tanto na Rua do Lavradio quanto na Augusto Severo, vários funcionários do tribunal participaram ativamente da greve ao longo do dia. O pessoal da Augusto Severo, por exemplo, chegou a organizar uma grande e farta mesa de café da manhã para o pessoal que participaria da mobilização ao longo do dia.
Sisejufe reage à tentativa de intimidação aos servidores
Ao som de apitos e cornetas, os servidores protestavam pacificamente pela aprovação do PLC 28. No prédio da Lavradio, a movimentação também foi intensa desde as 8h da manhã. Até a hora do almoço, mais de 200 servidores marcaram presença na manifestação organizada pelo Sisejufe. “A participação do funcionalismo do TRT1 é fundamental na mobilização da categoria. Apesar das ameaças que começam a surgir contra os servidores, não podemos esmorecer”, conclamou Ricardo Quiroga, diretor do Sisejufe referindo-se ao ofício da Corregedoria do TRT1, determinando que o balcão de atendimento e as audiências de todo o Tribunal no estado do Rio permaneçam funcionando, apesar da decretação da greve pela categoria. Para o dirigente, é uma clara atitude em tentar inibir e constranger os servidores.
Segundo informações, a Corregedoria do TRT1 está ligando para cada uma das varas do Trabalho para verificar se a determinação está sendo cumprida. O ofício é assinado por Edith Maria Corrêa Tourinho, corregedora-regional do Tribunal.
* Da Redação