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Sei lá, Mangueira

Desagravo à Beth Carvalho

Sei lá, Mangueira

Roberto Ponciano

"Mangueira teu cenário é uma beleza que a natureza criou. Vista assim do alto, mais parece um céu no chão, sei lá, em Mangueira a poesia feito um mar se alastrou, e a beleza do lugar, para se entender, tem que se achar, que a vida não é só isto que se vê."

A verde-rosa seduziu até o grande poeta portelense, Paulinho da Viola que, partindo de uma paródia a uma música anterior de Enéas Brittes da Silava e Aloísio Augusto da Costa, compôs um belo poema de amor à grande escola, amada e respeitada de todos.

E o que a Mangueira, o verde-rosa representa? Tradição, samba no pé, comunidade. Mesmo quando pobre, o que não falta no desfile da Manga são os frutos das sementes lançadas ao chão por Cartola, Carlos Cachaça e tantos outros.

Falta, ou faltava?

Afinal de contas, o que é uma escola de samba? Não é o lugar onde se aprende, se vive o samba, se canta no terreiro, se contam estórias, se encontram os amigos e… também se desfila… Ou não?
Esta concepção esta ultrapassada e a escola é simplesmente uma grande indústria teatro, na qual não se canta mais samba, não se convive, não se aprende, não se lega e assim vão sendo desrespeitados e esquecidos aqueles que forma a real essência da escola?

Sei lá, Mangueira. Para onde estás indo?

Maltratar tua diva? Tua grande dama, a madrinha do samba? Amada e respeitada por todos, a cantora que todas as escolas invejariam ter entre seus componentes, foi desprezada e expulsa do desfile…

Logo ela, Beth Carvalho, que representa toda a tradição, a tradução da alma mangueirense! Afinal, da voz dela saltaram para os ouvidos, a mente, o coração do Brasil e do mundo, Cartola, Carlos Carchaça, Padeirinho, Nélson Sargento, Herivélton Martins, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Nélson Cavaquinho, Guilherme de Brito, tudo de melhor e mais profundo que a nossa querida manga produziu. E que de tão sublime, de tão intérprete da alma brasileira foi escolhida para que sua voz fosse tocada em marte e levada para todo o universo (alguma civilização mais evoluída captará e sambará com Beth).

Que triste, verti algumas lágrimas com o maltrato à tua essência.

NÃO, RECUSO-ME A ACREDITAR QUE SÃO MANGUEIRENSES ESTES QUE AGREDIRAM E EXPULSARAM BETH CARVALHO DO DESFILE DA SUA ESCOLA QUERIDA.

Não, a Mangueira não os merece e, com certeza, quem é Mangueirense de verdade os repudia.

Minha alma chora com o episódio.

Se fosse uma cantora de Bunda Music querendo sair de tapa sexo, com certeza, a "modernosa" concepção de super-escola arrumaria um lugar no abre-alas. Se fosse a atriz da novela das oito ou a filha do ministro.

Mas não, era Beth Carvalho, sua filha mais dileta (aquela que resgatou Cartola do ostracismo!!!!) e mais fiel, que chorando lágrimas de sangue, com certeza, estará estes dias, aflita e sem dormir, sem entender tamanha injustiça feita com ela e com Nélson Sargento, o mais importante membro vivo da Velha Guarda Mangueirense. Pobre, Nélson Sargento não recebeu da diretoria uma réles fantasia para que sua esposa e seu filho desfilassem…

É pedir tanto assim? Ele tem de ser global? Ou filho de ministro?

Sei lá, Mangueira… Estás perdendo a poesia com gente que não entende de tua raiz?

Nós, inconformados, acaricíamos a ferida Beth, o maltratado Nélson, mangueirenses de fato.

Há mais Mangueira em Beth Carvalho e Nélson Sargento do que em todas as modelos e atrizes da moda que passaram com sorrisos plastificados em teus carros.

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