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Primeira reunião ampliada do Departamento de Combate ao Racismo do Sisejufe reuniu diversas pessoas ligadas à luta antirracista

Evento realizado na Casa do Alto foi forte, potente e muito emocionante; participantes elogiaram a iniciativa do Sisejufe de sempre dialogar com pautas transversais e relevantes para toda a sociedade

Nem a chuva e nem a infinidade de blocos espalhados pela cidade – que já respira o clima de pré-carnaval -, atrapalharam a primeira reunião ampliada do Departamento de Combate ao Racismo do Sisejufe, realizada  no sábado, 27/01, na Casa do Alto. O evento reuniu diversas pessoas ligadas à luta antirracista no Judiciário e na sociedade de um modo geral.

Patrícia Fernanda, diretora do Sisejufe e coordenadora do Departamento de Combate ao Racismo do sindicato, falou sobre a ideia do encontro: “Queríamos começar o ano com esse axé, com essa força da gente conversando, se encontrando, lutando, se fortalecendo e apontando caminhos para a luta antirracista, tanto no Judiciário, no nosso ambiente de trabalha, quanto em todas as esferas da sociedade.”

Lucena Pacheco Martins, presidente do Sisejufe, também comentou: “Tenho muito orgulho do Sisejufe ser esse sindicato que tanto fala, se abre e dialoga com pautas transversais tão importantes para a sociedade e para os trabalhadores e trabalhadoras desse país. Parabéns a todos e todas por esse encontro, por esse debate e por essas trocas tão enriquecedoras”.

Falas potentes

Um dos momentos mais impactantes foi a fala de Ana Paula Oliveira, do Coletivo Mães de Manguinhos. Ana Paula é mãe de Jhonata Oliveira, o jovem de apenas 19 anos, morto pela polícia, em 2014: “Meu filho  tinha 19 anos de idade quando foi assassinado pela Polícia Militar. Vai fazer 10 anos e até hoje é difícil falar sobre isso. O Mães de Manguinhos é um movimento de mulheres pretas, de mães, tias, familiares que buscam acolher outras mulheres que passam por essa mesma dor, por essa mesma violência. Mães que transformam sua dor em luta. Só depois que meu filho morreu e eu me perguntando tantas vezes “por quê?, por quê?”, é que eu me dei conta que é por causa do racismo. Do racismo que nos atravessa, nos mata, nos torna alvo todos os dias, seja no Rio, em São Paulo e em todo o país. Eu falo que justiça mesmo a gente não vai ter porque nada vai trazer nossos filhos de volta, mas queremos justiça para que isso não volte a acontecer com tantas outras mães como eu”, disse em meio às lágrimas.

Antes de passar a fala aos outros convidados, Ana Paula convidou todos os presentes a se somarem a ela na próxima sexta-feira, dia 02 de fevereiro, ao meio-dia, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, quando acontecerá o julgamento do policial envolvido na morte de seu filho.

Em seguida, foi a vez de Tiago Alves Pereira, consultor de Ações Afirmativas e fundador do projeto Iniciativa Preta, e Dara Santanna,  militante dos movimentos feminista e antirracista, coordenadora Nacional do Coletivo Enegrecer e integrante da Marcha Mundial de Mulheres e do Movimento Negro Unificado (MNU) falarem. “Da minha angústia de não ver pessoas negras nos espaços acadêmicos, nasceu o Iniciativa Preta, um curso preparatório que ajuda as pessoas negras e periféricas a passarem no Mestrado. E nessa caminhada o Sisejufe sempre apoiou e foi parceiro. Aliás, eu estou impressionado com a capacidade que o Sisejufe tem de apoiar as pautas transversais, de dialogar com os movimentos sociais. Nossa! E esse evento de hoje é mais uma prova disso”, disse Tiago.

Já Dara falou sobre a importância da justiça restaurativa e de se construir políticas públicas que de fato atendam a esses territórios abandonados pelo Estado: “Não adianta a gente só cobrar justiça quando as pessoas já estão mortas. A gente precisa de políticas públicas que nos olhem, nos atendam e nos entendam, que conheçam, de fato, a realidade dos nossos territórios”.

Vera Miranda, assessora política do Sisejufe, sinalizou a necessidade de toda a engrenagem do Judiciário se abrir à discussão e ao entendimento de pautas que reverberam na sociedade, como a questão da luta antirracista, por exemplo: “O judiciário tem uma cartela de bandeiras que são do movimento social, em que ele faz seminários de conscientização, aprova companhias e fica tudo muito bonito no papel. Mas do ponto de vista estrutural, como estamos? Quem está indo fazer esse trabalho, já mergulhou, já se entranhou da perspectiva de raça, da perspectiva de gênero, da perspectiva de diversidade? É por isso que eu falo da necessidade de o servidor e da servidora também se banharem no movimento social”.

Uma luta de todos e todas

Integrante do Subcomitê de Equidade Racial do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT1), a juíza substituta Adriana Pinheiro Freitas falou com alegria e muito orgulho do papel desse subcomitê: “O nosso subcomitê foi instituído em 2022 e começou a atuar em 2023. Ele é plural: é composto por desembargador, juiz, estagiário, servidor, terceirizados. Ele nasceu da vontade de trazer a questão do letramento racial e discutir o racismo dentro da nossa estrutura como um todo e não só para a gente trazer dentro das nossas decisões. É um desafio e está sendo muito, muito bom. Aqui no TRT1, nós somos mais de 200 juízes, entre juízes titulares, desembargadores, e nós temos só sete pessoas autodeclaradas negras. Nós somos sete. E o nosso subcomitê abarca cinco delas. Então, é importantíssimo. Fico muito feliz em já ver as pessoas comentando, falando o que já perceberam de mudança, chamando outras a também participar. É isso: é um processo, pode ser devagar, mas que bom que começou e não vai mais parar”.

A diretora de base Rosana Mattos, que representa o Sisejufe no Subcomitê de Equidade Racial do TRT1, frisou a importância de o sindicato ocupar uma cadeira no subcomitê e também elogiou a realização dessaprimeira reunião ampliada do Departamento de Combate ao Racismo: “Coletivamente, somos muito mais fortes, sempre. Todo espaço de luta, de troca e de compartilhamento de vivências nos fortalece”.

Nicoly Paixão, estagiária e integrante do Coletivo Negro da Justiça Federal, comentou que adorou a proposta do evento: “Quando cheguei, fui abraçada pelo pessoal do Coletivo. É um espaço que nos acolhe e nos fortalece”.

Vitoria Rosa, do Coletivo Enegrecer, também elogiou a parceria e o diálogo com o Sisejufe: “É extremamente importante essa iniciativa do Sisejufe para a gente trazer também as pautas que atingem a população negra e, por consequência, a juventude negra, que hoje que é o grupo que mais é atravessado pela violência do Estado, pelo racismo estrutural e pela falta de oportunidades. É bom termos espaços de escuta e de troca saudável, como esse proposto aqui, hoje. Falar sobre o bem viver da população negra, quais são as políticas que são importantes para nós e que faltam na nossa vida, enxergar novos caminhos. Muito bom, mesmo”.

A advogada Renata W.Shaw, especialista em Diversidade e Inclusão e em Propriedade Intelectual, parabenizou a iniciativa do evento e fez um comentário importante: “É fundamental que o sindicato faça eventos como esse, claro. Mas é igualmente necessário que esteja bem próximo do trabalhador para ver como essas questões se dão na prática. Esse olhar e essa atuação precisam ser uma constante, uma realidade diária”.

Emocionada, Amparo Sousa, da assistência social da SJRJ, disse: “Estou muito, muito emocionada. Esse nosso encontro é fruto de muita luta, de muita conversa e troca sobre a realidade e a vivência de cada um de nós. É um sonho antigo que agora conseguimos realizar. Estão todos de parabéns.”

Um dos convidados presentes ao evento foi o artista plástico Jefferson Dantas, que faz quadros e jogos com madeira reciclada e tecido. Ele levou suas peças para expor durante a reunião e chamou a atenção com suas obras coloridas e temática afrobrasileira. Lucena aproveitou a ocasião para comprar duas peças do artista e presenteou a Casa do Alto com elas. As diretoras Patrícia Fernanda e Renata Oliveira receberam as obras das mãos de Lucena e já penduraram na parede os dois quadros que representam a Mãe África, segundo explicou Jefferson.

Encerrando a fala dos convidados, um momento surpresa para Patrícia: o parabéns com direito a bolo, já que era seu aniversário.

Em seguida, foi servido um almoço para todos confraternizarem.

Agradecimentos

O Departamento de Combate ao Racismo do Sisejufe agradece a todos os presentes. Além dos citados, também estiveram com a gente: os diretores Alexandre Graciano, Valter Nogueira, Neli Rosa, Soraia Marca, Anny Figueiredo e Iuri Barbosa; todos os integrantes do Coletivo Negro da Justiça Federal; Alexandre Marques, da assessoria parlamentar  do sindicato; a servidora Aline Vaz, da SJRJ; a servidora Suzana Fernandes e a terceirizada Silvia Marcolino, ambas do Subcomitê de Equidade Racial do TRT1; Patrícia Klein e Elaine Monteiro, da assessoria política do sindicato; o juiz Carlos Adriano, do Comitê de Equidade Racial da JFRJ; Iris de Faria, assessora de Comunicação da SJRJ; Gracy Mary, gestora da Casa da Tia Ciata, além de outros militantes e aliados na luta antirracista.

 

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