Alto contraste Modo escuro A+ Aumentar fonte Aa Fonte original A- Diminuir fonte Linha guia Redefinir
Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

Plebiscito popular: redução da jornada é luta pelo direito ao tempo e à vida

No Sisejufe, a defesa da jornada digna é um compromisso histórico

De 1º de julho a 7 de setembro de 2025, o povo brasileiro será chamado a responder a uma pergunta essencial: queremos continuar vivendo para trabalhar ou trabalhar para viver? Através do Plebiscito Popular por um Brasil Mais Justo, movimentos sociais, centrais sindicais e entidades de base mobilizam milhões de pessoas em defesa da redução da jornada de trabalho sem redução de salário e de uma tributação mais justa, que alivie os que ganham menos e cobre mais dos super-ricos.

A luta pela redução da jornada é histórica — e continua urgente. Para quem vive a realidade do serviço público, especialmente no Judiciário Federal, onde a cobrança por produtividade e a sobrecarga são cada vez maiores, essa pauta é também uma questão de saúde pública, dignidade e justiça social.

A história da exploração do tempo e do corpo da classe trabalhadora

A exploração do trabalho sempre se deu através da expropriação do tempo. Durante o século XIX, no auge da Revolução Industrial, era comum que trabalhadores enfrentassem jornadas de 14, 16 e até 18 horas por dia, em condições insalubres e sem qualquer direito.

Foi por meio de lutas sangrentas, greves e repressões violentas que a classe trabalhadora conquistou a jornada de 8 horas, aprovada formalmente em vários países somente no século XX. No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, estabeleceu esse limite — mas a realidade sempre mostrou brechas: longas jornadas informais, turnos ininterruptos, imposição de metas abusivas e não pagamento de horas extras seguem marcando a experiência de quem trabalha.

Hoje, com os avanços tecnológicos, é possível produzir mais em menos tempo. Mas, em vez de isso se converter em mais tempo livre, convivência familiar ou qualidade de vida, vemos a intensificação da exploração. E mesmo no serviço público, onde a lógica do lucro não deveria imperar, o que se impôs foi a cultura da “entrega” a qualquer custo.

No Judiciário: metas, controle e adoecimento

No Judiciário Federal, a digitalização acelerada dos processos, a escassez de concursos e o corte de cargos resultaram em sobrecarga permanente. A lógica da produtividade virou política institucional. Cada servidor e servidora passou a ser medido por metas, rankings e indicadores de desempenho, com impactos gravíssimos na saúde física e mental.

Pesquisas revelam aumento constante de afastamentos por adoecimento psíquico (como ansiedade, depressão, síndrome de burnout) e doenças osteomusculares. A cobrança de resultados, o assédio institucional, o teletrabalho mal regulamentado e a ausência de pausas adequadas têm transformado o ambiente de trabalho num espaço de exaustão.

E quem mais sofre são mulheres, pessoas negras, servidores com deficiência ou com dependentes que necessitam de cuidados especiais.

O Sisejufe e a defesa da jornada digna: um compromisso histórico

Desde sua fundação, o Sisejufe compreende que a luta por condições dignas de trabalho é inseparável da luta por jornada justa. A defesa das 6 horas diárias sem redução salarial sempre foi uma bandeira do sindicato — sustentada por dados técnicos, experiências exitosas e pelo princípio de que tempo de vida é direito fundamental.

Entre os marcos dessa trajetória, destacam-se:

📍 2013 – TRE-RJ: vitória parcial com redução da jornada fora dos anos eleitorais

Após atuação intensa junto à Presidência do TRE-RJ, o Sisejufe conquistou a jornada de 6 horas nos períodos não eleitorais. Essa conquista parcial mostrou que é possível reorganizar o trabalho sem prejuízo ao serviço prestado. (leia aqui)

📍 2018 – TRT1: resistência ao Ato GP 131

A tentativa de revogação da jornada especial pelo TRT1 levou o sindicato à mobilização e articulação política, enfrentando a proposta de retorno à jornada de 8 horas e a redução do valor do auxílio-alimentação para quem permanecesse nas 6h. A direção do Sisejufe denunciou a manobra e garantiu a proteção dos direitos conquistados. (relembre a luta)

📍 Atuação em defesa da jornada para grupos vulnerabilizados

O Sisejufe também atua na defesa de servidoras lactantes e de servidores com deficiência ou com filhos com deficiência. A proposta de reduzir o auxílio-alimentação nesses casos foi enfrentada juridicamente, inclusive com vitória em ação judicial no TRF2. (saiba mais)

📍 Campanhas de visibilidade e formação

Ao longo dos anos, o sindicato promoveu campanhas de conscientização sobre os efeitos das longas jornadas na saúde, organizou rodas de conversa com especialistas e pressionou os tribunais a adotar modelos mais humanos e racionais de gestão do tempo.

2024 – Painel Sisejufe sobre assédio moral

2023 – Campanha Combate ao assédio moral – diga não, conte com o Sisejufe

2020 – Cartilha Contra o assédio moral – juntos podemos mais

2018 – Pesquisa O trabalho te adoece?

 

Plebiscito Popular: mobilização que vem das bases

O Plebiscito Popular 2025 é uma resposta da sociedade à lógica do esgotamento e da injustiça tributária. Sob coordenação da Frente Brasil Popular, da CUT, da UNE e de diversos movimentos populares, o plebiscito será realizado em todo o país entre 1º de julho e 7 de setembro. A meta é coletar 10 milhões de votos em urnas físicas e digitais, com duas perguntas centrais:

1️⃣ Você é a favor da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, com 2 dias de descanso e sem redução de salário?
2️⃣ Você é a favor da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e aumento da alíquota para quem recebe mais de R$ 50 mil por mês?

Essa mobilização tem o objetivo de pressionar o Congresso Nacional e dar visibilidade à voz da classe trabalhadora, frequentemente ignorada nas decisões econômicas do país.

 

O tempo é nosso. A vida é agora.

Reduzir a jornada de trabalho é reconhecer que ninguém deveria ter que escolher entre produzir e viver. É afirmar que o avanço tecnológico deve beneficiar a sociedade e não ser usado para justificar ainda mais cobrança e adoecimento.

No serviço público, especialmente no Judiciário Federal, essa luta é ainda mais urgente. Servidoras e servidores são constantemente cobrados por metas inatingíveis, enquanto seus direitos e seu tempo são sistematicamente violados.

O Sisejufe seguirá na linha de frente dessa luta, construindo alianças, denunciando abusos e defendendo o direito fundamental a uma jornada justa, humana e saudável.

🗳️ Participe do plebiscito! Organize uma urna em seu local de trabalho, divulgue nas redes, converse com seus colegas. A história não se escreve sozinha.

 

Últimas Notícias