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Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

OMS inclui Síndrome de Burnout em lista de doenças

A inclusão Classificação Internacional de Doenças fortalece e destaca a luta do Sisejufe em relação ao tema saúde do trabalhador

A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o esgotamento profissional, também conhecido como Síndrome de Burnout, na Classificação Internacional de Doenças. O problema é descrito por especialistas como “síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito” e que se caracteriza por três elementos: “sensação de esgotamento, cinismo ou sentimentos negativos relacionados a seu trabalho e eficácia profissional reduzida”.

A lista da OMS tem como base conclusões de especialistas de todo o mundo e serve para estabelecer tendências e estatísticas de saúde. A inclusão da síndrome foi aprovada pelos países membros da OMS. A doença recebeu código QD85 e a nova classificação entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2022.

A Classificação de Doenças estabelece uma linguagem comum que facilita o intercâmbio de informações entre os profissionais da área da saúde em todo o mundo. O registro da OMS explica que o esgotamento “se refere especificamente a fenômenos relativos ao contexto profissional e não deve ser utilizado para descrever experiências em outros âmbitos da vida”.

A inclusão da Síndrome de Burnout na Classificação Internacional de Doenças fortalece e destaca a luta do Sisejufe e de demais entidades representativas do funcionalismo do Poder Judiciário Federal, em relação ao tema saúde do trabalhador. Resultado da recente Pesquisa Nacional de Saúde: “Sofrimento e adoecimento no trabalho do judiciário e MPU”, organizada pela federação, Fenajud e com o apoio do Sisejufe, revelou que o modelo de gestão individualista aplicado hoje no Poder Judiciário foi considerado, pelos entrevistados, como a principal causa do adoecimento entre os servidores da Justiça no Brasil.

Entre fatores de adoecimento que também aparecem na pesquisa, estão o fato de o corpo de profissionais ser insuficiente para as demandas, a inexibilidade nos prazos, o ritmo de trabalho inadequado e a falta de participação dos funcionários nas decisões sobre o trabalho. Sessenta e seis por cento dos pesquisados relataram problemas de saúde relacionado ao trabalho nos últimos doze meses; 71% informaram que tiveram riscos moderados a altos de esgotamento mental; 63% apresentam danos físicos, e 46% danos psicológicos.

A divisão do trabalho foi percebida pelos entrevistados como injusta. Outro ponto de adoecimento destacado pelos servidores foi o assédio moral. O sindicato vem recebendo muitas denúncias de funcionários vítimas de constrangimento e sofrimento.

O levantamento foi feito em parceria com o Grupo de Estudos e Práticas em Clínicas, Saúde e Trabalho (GEPSAT) e Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho (LPCT) da UnB e apresentado durante o 10º Congrejufe. O Sisejufe também desenvolve uma nova pesquisa que ainda está de coleta de dados, específica com informações dos servidores no Estado do Rio.

A Síndrome de Burnout foi tema central de ciclo de palestras em que a direção do Sisejufe participou. Em outubro do ano passado, o professor da UFRJ, Fernando Gastal, expôs no TRF2, que a síndrome surgiu com a implementação da excelência como princípio de gestão no fim dos anos 1980 em empresas privadas, mas ao longo do tempo foi incorporada pela administração pública. A avaliação de desempenho passou a ser individual e não mais por equipes e também não basta cumprir as metas: é preciso superá-las.

“Ao contrário da depressão, na qual o indivíduo não consegue mais fazer, no Burnout as pessoas continuam trabalhando, como um morto-vivo, como um robô, esvaziado de sentido pessoal daquilo que preenchia a vida”, explicou o professor.

Na ocasião, o diretor do Sisejufe Ricardo Horta criticou a lógica burocrática que faz uma divisão entre aqueles que estabelecem as metas e os que executam o trabalho, sem participar do processo de decisão.

 

Com informações de agências de notícias

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