A Central Única dos Trabalhadores no Estado do Rio de Janeiro vem a público expressar sua profunda apreensão com os episódios envolvendo as manifestações, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em outras cidades do país, pela redução do preço das tarifas dos ônibus.
Primeiro, é bom que fique claro o compromisso de vida da nossa central em relação ao direito à livre manifestação e expressão. Para nós, o direito ao protesto popular é uma das conquistas democráticas mais importantes da história recente do Brasil, para o qual muito contribuiu o sindicalismo classista, combativo e cidadão da CUT. Foi na rua que a central se firmou como referência de luta da classe trabalhadora brasileira.
Por isso, repudiamos com veemência a brutalidade da repressão policial, especialmente na capital paulista. Também deploramos a postura da grande mídia, que acabou provando do próprio veneno ao insuflar a violência policial e depois ser obrigada a mudar o foco de sua cobertura diante do número de profissionais de imprensa atingidos pela violência da PM paulista.
No fundo, os barões da mídia estão se lichando para as reivindicações da população, apostando sempre na criminalização dos movimentos sociais e no ataque ao partido que governa o país há 10 anos.
Por outro lado, merece também a nossa condenação a minoria que se aproveita dessas manifestações para depredar o patrimônio público e causar transtornos à vida dos transeuntes.
Aproveitamos a oportunidade para nos congratularmos com a volta da juventude às ruas em nome de causas coletivas, revigorando o sistema democrático. Ao mesmo tempo em que pregamos o diálogo entre as partes e o desarmamento dos espíritos como saídas para o conflito, conclamamos a sociedade à discussão estratégica sobre mobilidade urbana e o direitos de todos ao transporte verdadeiramente de massas.
Não foi à toa que o tema mobilidade urbana foi o eixo central do nosso último congresso estadual. É hora de cerrar fileiras para trocar os ônibus em péssimo estado de conservação e tarifas caras por trens, metrôs e barcas, integrados e com tarifas que caibam no bolso de trabalhadores e trabalhadoras.
Porém, não é possível falar em transporte de qualidade no Rio sem denunciar o péssimo serviço prestado à população pelas concessionárias SuperVia, Metrô-Rio e Barcas S/A, com a omissão e a conivência do governo do estado, o poder concedente. Em nome do interesse público, a cassação dessas concessões é condição preliminar para o resgate do direito de milhões de usuários a um transporte digno e eficiente.
É esse o desafio que a história coloca diante de nós.
Rio de Janeiro, 14 de junho de 2013
Direção da Central Única dos Trabalhadores no Estado do Rio de Janeiro –
Escrito por Direção da CUT-RJ