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Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

Mobilização de servidores públicos ganha força após ataque de Guedes

Sisejufe participará de ato conjunto no Ministério da Economia, nesta terça (11/02)

Um ato público chamado para essa terça-feira (11/02) pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos (Fonasefe) vai ganhar força após os ataques do ministro Paulo Guedes, que chamou servidores de “parasitas” . O Sisejufe enviará representantes para participar da atividade. A mobilização em frente ao Ministério da Economia tinha o objetivo inicial de marcar a entrega oficial da pauta de reivindicações dos federais das três esferas, com minuta da campanha salarial dos servidores. Agora, a pauta será mais abrangente. As entidades reunidas nos fóruns conjuntos enviaram um pedido de audiência a Guedes, que nunca recebeu oficialmente as categorias. 

União contra reforma administrativa

A reação dos servidores foi maior que a esperada, disse o economista e especialista em contas públicas Gil Castello Branco, secretário-geral da Associação Contas Abertas.  Tanto o Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate), que representa os funcionários públicos do topo da pirâmide remuneratória, quanto a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), com 80% dos servidores da base associados, consultaram seus departamentos jurídicos e ameaçam entrar com ações na Justiça ou acionar a Comissão de Ética no serviço público.

Guedes, o maior parasita de todos os tempos

A direção do Sisejufe publicou nota, na sexta-feira, repudiando a declaração de Guedes. Para a entidade, o verdadeiro parasita é o próprio Guedes. O ministro foi denunciado pelo Ministério Público Federal e está sendo indiciado pela Polícia Federal por suspeita de cometer irregularidades na gestão financeira de fundos de investimento. Ele é acusado de usar uma de suas empresas para lucrar em cima do prejuízo de estatais e seus fundos próprios de aposentadoria complementar.

O Sisejufe ressalta que, quando Guedes diz: “o hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático”, o ministro, além de fazer um comentário desrespeitoso, incompatível ao cargo, demonstra má-fé e desconhecimento quanto à realidade do funcionalismo público. Para que existisse o “aumento automático”, a Constituição deveria ser respeitada pelo Governo, com a previsão de uma data-base. O que não acontece atualmente. Hoje, para um servidor ter reajuste de salário precisa ter um Projeto de Lei que passe no Congresso e seja sancionado.

Para a diretoria do sindicato, o ministro é um exemplo da forma despreparada com a qual o governo lida – por meio de seus quadros – com os trabalhadores que mantêm, através dos serviços públicos, a garantia dos direitos constitucionais fundamentais do cidadão brasileiro.

Adesão aos protestos

A tônica das notas de repúdio deixa claro que os protestos vão crescer. No dia seguinte ao ato em frente ao Ministério da Economia, será realizado ato no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, convocado pela Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Serviços Públicos. Uma plenária nacional dos federais também vai avaliar o cenário e definir novas ações.

Vladimir Nepomuceno, ex-diretor de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento e consultor de entidades sindicais, conta que as estratégias dos servidores estão se consolidando. O lema da campanha para enfrentar a propaganda oficial é “Eu perco meu emprego, você perde o serviço público gratuito”. Segundo ele, para chegar à população, não adianta defender carreiras isoladas. “Temos que focar em quem precisa. Falar com o usuário que essa política que aí está não pensa em melhorar o serviço público e, sim, em acabar. Ele vai ficar sem hospitais, escolas e segurança. É bom lembrar que as vacinas e as campanhas de medicamentos são desenvolvidas e distribuídas por servidores. Só há uma saída: investir no serviço público”, defende Nepomuceno.

Rudinei Marques, presidente do Fonacate, conta que a intenção é continuar com a estratégia de apresentar estudos técnicos. Um deles já foi divulgado, e tratava das especificidades dos serviços federais. E outro será apresentado na semana que vem, com detalhes sobre estados e municípios. “São dados que vão servir de contraponto ao discurso oficial raivoso, ofensivo e equivocado”, afirmou. Um dos focos é o combate à ideia do governo de cortar 25% da jornada e da remuneração. “Vamos perder um quarto do tempo e da mão de obra. Isso tem que ficar claro já que não temos os R$ 200 milhões que o Executivo, desde a gestão de Michel Temer, gastou em propaganda”, diz Marques.

O Sindicato Nacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Assibge) também repudiou a fala de Guedes. Além de criticar a comparação feita pelo ministro da Economia, a entidade o criticou pelos cortes das verbas para a realização do Censo Demográfico 2020. “Irresponsáveis, incompetentes e parasitas são os que teimam em colocar um censo demográfico em campo sem os recursos necessários, que garantiriam uma operação de qualidade, com pessoal e a estrutura cabível”, protestou o sindicato. 

Atuação conjunta

Integrante da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Serviços Públicos, o Sisejufe vem acompanhando a pauta das entidades nacionais de servidores públicos contra a reforma administrativa desde novembro do ano passado, quando o presidente do sindicato , Valter Nogueira Alves, e o diretor Ricardo Azevedo, participaram da Plenária Nacional que aprovou um plano de lutas com 14 pontos que orientam as atividades a serem desenvolvidas com foco no combate ao desmonte dos direitos. A plenária definiu 18 de março como um Dia Nacional de Paralisação Mobilização, Protesto e Greves. “Indicamos às centrais sindicais a necessidade de discussão da realização de uma greve geral no país”, diz um trecho do documento.

Assembleia geral nesta quarta

A direção do Sisejufe convocou os servidores do Judiciário Federal do Rio para assembleia geral, nesta quarta-feira (12/02) para avaliar o indicativo de greve. A reunião está marcada para começar às 12h em frente à Justiça Federal Rio Branco, na Praça Floriano, na Cinelândia, Centro do Rio.

A assembleia do dia 12 de fevereiro também será o momento de eleger os delegados e delegadas que vão representar a categoria na reunião ampliada da Fenajufe que acontecerá em 7 de março, em Brasília.

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