O auditório do Sisejufe ficou repleto de mulheres na última quinta-feira (23/5) para o lançamento da mobilização da Marcha das Margaridas na capital do Rio de Janeiro. O evento é uma preparação para a concentração nacional, que será nos dias 13 e 14 de agosto, em Brasília. “Estamos com esse espaço aberto sempre. Precisamos estar fortemente unidas, principalmente em apoio às companheiras do campo. Se está duro para nós, mulheres da cidade, imagine para elas. Estamos lutando para não perder direitos”, disse a representante de base do Sisejufe e diretora do Núcleo da Marcha Mundial das Mulheres, Anny Figueiredo.
O evento contou ainda com a participação das diretoras do sindicato Soraia Marca, Lucena Pacheco e Eunice Barbosa.
Um dos objetivos do movimento é sensibilizar mulheres de todo o país e chamá-las para a luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência. A Reforma da Previdência também ganha destaque nas mobilizações, já que as mulheres do campo estão entre os segmentos mais prejudicados se as mudanças forem aprovadas.
LUTA E POESIA
No lançamento do Rio, houve falas acaloradas intercaladas por poesia e momentos de emoção. Mulheres defendendo suas lutas, crenças e direitos. A assistente do Núcleo de Assessoria Política do Sisejufe e militante da Marcha Mundial das Mulheres, Ana Priscila Alves, relembrou a paraibana Margarida Alves, militante em defesa das trabalhadoras rurais que foi brutalmente assassinada com um tiro em 12 de agosto de 1983 e deu nome à marcha nacional.
“Da mesma forma que Margarida Alves, nós viramos todas margaridas. Faremos a construção que tem que ser costurada daqui até agosto”, enfatizou.
Também estiveram presentes representantes da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra), Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), União Brasileira de Mulheres (UBM), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Coletivo Enegrecer, Articulação de Mulheres Brasileiras, entre outros movimentos sociais.
A jornalista do Sisejufe e representante do Mapa das Mina, Cristiane Vianna Amaral, ressaltou a importância de a militância colocar mulheres em espaços de poder. “Temos poucas mulheres para votar na Reforma da Previdência e somos as mais prejudicadas. Além das questões dos nossos corpos, dos nossos filhos, temos que enfrentar essa reforma e tantos outros projetos de retirada de direitos”, destacou.
UNIÃO E RESISTÊNCIA
O encontro contou ainda com a participação das deputadas estaduais do PSOL Monica Francisco e Renata Souza e de assessoras das seguintes deputadas: Jandira Feghali (federal), Benedita da Silva (federal) e Zeidan (estadual). O deputado Waldeck Carneiro também enviou representantes.
A deputada Monica Francisco elogiou a iniciativa e ressaltou que a luta deve ser estratégica. “As mulheres não querem só espaço de poder, querem espaço de poder para compartilhar. Que a gente avance neste espaço, seja resistência neste momento de ataques, em memória das companheiras do campo e da cidade e em memória de Marielle Franco”, disse a parlamentar.
Renata Souza destacou que “o campo e a cidade precisam estar juntos… precisam estar ligados pelos direitos fundamentais e pelo direito à vida. Falar dos direitos do campo e da cidade é fundamental neste momento de retrocesso”.
CONHEÇA A ORIGEM DA MARCHA
A Marcha das Margaridas é uma mobilização de mulheres do campo, das florestas, das águas e da cidade, organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), pela Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos que, desde 2000 vão às ruas, de quatro em quatro anos contra a pobreza, a fome, a violência sexista e, sobretudo, pela reforma agrária e pela democracia.