A Greve Geral, na última sexta-feira (14/6), paralisou cidades e levou milhares de pessoas às ruas de todo o país, em mobilizações contra a Reforma da Previdência. No estado do Rio de Janeiro, servidores e servidoras do Judiciário Federal suspenderam atendimentos, cumprindo apenas as urgências e casos de perecimento de direito. E no fim da tarde, a categoria se uniu aos demais trabalhadores, estudantes, movimentos sociais e sindicatos em passeata no Centro do Rio. Após concentração na Candelária, o ato continuou pela Avenida Presidente Vargas, em direção à Central do Brasil. Antes dos manifestantes chegarem ao trecho final, a Polícia Militar começou a jogar gás e bomba de efeito moral, dispersando com violência o ato pacífico. Alguns servidores foram atingidos pelo gás de pimenta passaram mal.
A direção do Sisejufe, presente à manifestação, lamentou a repressão policial e, apesar do desfecho violento, avaliou como positiva a mobilização da categoria durante o dia de Greve Geral. “Depois de um belo dia de luta, que culminou com a passeata pacífica, tendo a presença de dezenas de servidores e servidoras das três justiças, tivemos que enfrentar a truculência da PM”, criticou o presidente do Sisejufe, Valter Nogueira Alves.
Todos os tribunais fizeram atos em protesto à PEC 6. A divulgação do parecer sobre a Reforma da Previdência no dia anterior pelo relator da PEC 6, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), serviu para incentivar a participação de servidores do Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT) nas atividades contra a reforma organizadas pelo Sisejufe na sexta.
A movimentação começou cedo na entrada do TRT da Lavradio. Ativistas e diretores do sindicato decidiram fazer um “arrastão” pelos andares do prédio para conscientizar os servidores que ainda não tinham aderido ao movimento sobre a importância de participarem da greve contra a Reforma da Previdência e em defesa da Justiça do Trabalho. A orientação era fazer atendimento apenas para situações definidas como de caráter essencial e urgente e interromper demais procedimentos.
De vara em vara, dirigentes foram convocando os servidores para descerem para o ato marcado para às 12h na frente do prédio e que serviu de “esquenta” para a grande passeata no fim do dia. “Temos que pressionar os parlamentares no Congresso para derrubar a Reforma da Previdência, evitar que ela seja aprovada. As medidas são nefastas para a classe trabalhadora. O parecer do relator, inclusive, tem inúmeros pontos negativos”, afirmou Ricardo Quiroga, diretor do Sisejufe.
O também diretor da entidade Amauri Pinheiro reforçou a necessidade de fortalecer a luta contra os ataques que a Justiça do Trabalho vem sofrendo com intuito de extingui-la. Participaram ainda da manifestação no TRT o diretor do sindicato Rodrigo Alcântara e as representantes de base Raquel Albano e Anne Figueiredo.
No fim da manhã, um “aulão” sobre vários pontos do relatório que modificou itens da PEC aconteceu na porta do prédio da Lavradio. Coube ao representante de base João Vitor Albuquerque detalhar o que afeta diretamente o funcionalismo público. Segundo ele, o relatório não melhora em nada a situação dos servidores e dos trabalhadores. “Foram tirados alguns ‘bodes da sala’ como a questão da implementação do regime de capitalização que o governo pretende adotar”, afirmou. Vários servidores do TRT presentes à manifestação na porta do prédio da Lavradio expressaram indignação após ouvirem as explicações sobre as alterações na PEC.
Em frente ao TRF2, o diretor Ronaldo das Virgens alertou que os servidores e a população devem continuar atentos, pois todos os pontos modificados no relatório podem voltar na votação em Plenário. Além dos itens que prejudicam diretamente o funcionalismo público, ele apontou a capitalização como nefasta para o país.
A diretora Soraia Marca reafirmou que é preciso estar mobilizado contra outras pautas que retiram os direitos dos trabalhadores, inclusive que atingem diretamente a categoria, como os ataques à Justiça do Trabalho. Nesse sentido, o diretor Ricardo Horta convocou os colegas a participar do ato unificado, que teve sua concentração na Candelária.
Houve concentração pela manhã também em frente ao prédio da Venezuela. As diretoras Lucena Pacheco (que também é coordenadora da Fenajufe) e Laura Silva, os representantes de base Anny Figueiredo e Flavio Pietro e o servidor Roberto Ponciano conversaram com os colegas sobre a importância do movimento em defesa da aposentadoria. Foi distribuída uma carta à população, na qual o Sisejufe esclarece sobre o aprofundamento das desigualdades sociais que a aprovação da Reforma da Previdência poderia causar.
Na Justiça Federal Almirante Barroso, o ato foi conduzido pelo diretor do sindicato e coordenador do Departamento de Acessibilidade e Inclusão, Ricardo de Azevedo. O dirigente alertou à população que a reforma atinge a todos os trabalhadores e penaliza principalmente os mais pobres. Os oficiais de justiça aderiram à mobilização. De acordo com a diretora Mariana Liria só foram cumpridos expedientes de plantão.
GREVE MARCA OFENSIVA CONTRA GOVERNO
Servidores também se revezaram na tenda montada em frente à Justiça Federal Rio Branco. O presidente do sindicato, Valter Nogueira Alves, esteve presente no local durante todo o dia. “A sociedade vem se organizando, vem a cada dia conhecendo melhor que essa proposta não visa garantir direitos e sim acabar com um mínimo de garantias que existem hoje para aqueles que laboraram durante toda sua jornada de vida no trabalho. A gente consegue derrotar o governo em alguns pontos que são centrais nesse debate, como a capitalização, aposentadoria dos trabalhadores rurais, idade para o tempo de contribuição das mulheres, mas ainda há muito o que se alterar. Essa reforma continua retirando direitos e inviabilizando a possibilidade de aposentadoria. Então, nós precisamos continuar os esforços para resistir”, afirmou.
Na sede do Tribunal Regional Eleitoral, os diretores Fernanda Lauria, Lucas Costa e Ricardo Pinto atuaram durante o dia fazendo a triagem na Central de Atendimento ao Eleitor (CAE) para orientar a população e garantir apenas os atendimentos de urgência. No fim da tarde, os servidores fizeram um ato na porta do Tribunal. “Se a gente ficar sentado, trabalhando no nosso dia a dia, sem se envolver nessa luta, a Reforma da Previdência vai passar, a redução de jornada com redução de vencimento vai passar, a perda de estabilidade vai passar, o fim do SUS vai passar, a Educação Pública vai acabar. Se a gente não for para a rua defender o serviço publico, não resistir, tudo isso vai passar”, alertou Fernanda Lauria.
MOBILIZAÇÃO NO INTERIOR
Além da capital, aderiram à Greve Geral as cidades de Cabo Frio, Campos, Macaé, Barra Mansa, Volta Redonda, Resende, Itaperuna, Rio Bonito, Cachoeiro de Macacu, Nova Iguaçu e Araruama, entre outras.