A Federação participou ativamente das várias atividades de debate e luta realizadas no mês das mulheres trabalhadoras. Historicamente, as mulheres são protagonistas dos processos de luta no Brasil e no mundo. Ao contrário da narrativa de povo cordial, as nossas antepassadas construíram quilombos e resistiram durante toda a escravidão. Inúmeros processos revolucionários ocorreram no Brasil e foram as mulheres que desencadearam a Revolução Russa. São delas o protagonismo nas lutas por igualdade de direitos.
Muito além de marcar um dia no calendário, a luta das mulheres tem raízes históricas profundas e fortes. A mulher iniciou o combate contra a desigualdade de gênero ainda no século passado, indo as ruas por condições dignas de trabalho, pelo direito ao voto e ao uso da pílula anticoncepcional. A virada do milênio trouxe a consolidação da luta das trabalhadoras contra a opressão e a exploração em todo o mundo, a partir do acúmulo das várias lutas diárias que as mulheres travaram para que pudessem estar no mercado de trabalho e ter direitos iguais.
A sociedade capitalista oprime para melhor explorar e, no Brasil, essa opressão tem traços históricos que retomam todo ao regime escravocrata do período colonial, que até hoje é camuflado no mito da igualdade racial. Não à toa as mulheres negras são ainda mais oprimidas.
É por isso que o debate de gênero é tão importante para a Fenajufe. Para a coordenadora Lucena Pacheco, “o mundo das servidoras públicas é representativo da diversidade das mulheres que compreendem esse universo de lutas e, é importante que nós mulheres possamos ter um espaço para conviver na diferença, onde nos sintamos livres para nos expressarmos, onde sejamos realmente respeitadas.”
Em suas instâncias deliberativas a Fenajufe realiza debates dos vários segmentos da diversidade e orienta as entidades de base a fazerem o mesmo. Por incentivo da Federação, já foram criados núcleos e coletivos dentro dos sindicatos que reforçam a luta das mulheres por uma sociedade mais justa e igualitária e contra as opressões advindas do machismo e da exploração.
Ainda segundo Lucena , “os sindicatos representativos das mulheres dessa categoria devem ter em suas organizações setores que as façam ser representadas, podem ser departamentos de gênero, secretarias de mulheres, ou núcleos sindicais de mulheres ou qualquer outra denominação, importante estarmos representadas pelas companheiras”.
Elcimara Souza destaca que “temos hoje um presidente que dissemina o ódio contra mulheres, negros, LGBTs e indígenas. Com isso, a pauta conservadora ganha destaque e, infelizmente, temos colegas que questionam a importância do debate de gênero nas instâncias da Fenajufe. É necessário reafirmarmos a centralidade na luta contra as opressões! O Brasil é o 5° país onde as mulheres mais morrem vítimas de violência doméstica! Estamos falando dos nossos corpos, nossas vidas nossos direitos!”
Para Juscileide Rondon a participação das mulheres na Fenajufe ainda é tímida, assim como em muitas entidades representativas de trabalhadores e outros espaços sociais de poder. Para ela, “Isso é revelador! O comportamento dos homens em qualquer lugar é, com raras exceções, de reprodução da estrutura, estrutura essa que oprime as mulheres. Cabe à nós, mulheres que ocupamos hoje esse espaço, o papel histórico de efetivar mudanças, transformar essas estruturas, abrir maior espaço para as que vem depois de nós ocuparem o lugar que é, por direito, das mulheres desse e do futuro tempo”, conclui.
Neste painel, a Fenajufe homenageia as mulheres que atuam ou atuaram desde sua fundação e que contribuíram para um mundo melhor dentro e fora dos sindicatos. Com a participação delas, as entidades sindicais refletiram melhor sobre a importância da participação das mulheres nos espaços majoritariamente masculinos. A homenagem vai também para aquelas que não foi possível conseguir os registros fotográficos mas que fizeram parte da luta feminina na Fenajufe: Tânia Regina Rocha, Eva Cláudia, Marta Borba, Elisa Lima, Sheila Tinoco, Rosilene Melo e Solange Yung.
São elas por ordem no Painel:
Lucena Pacheco, Fátima Arantes, Iracema Pompermayer, Maria Ires, Marinilda Dias,Silvana Klein, Jacqueline Albuquerque, Maria Eugênia Lacerda, Ana Paula Cusinato, Mara Weber, Sandra Suely, Cláudia Sperb, Inês Castro,Débora Mansur, Adriana Faria,Cristine Maia, Madalena Nunes,Paula Meniconi, Graça Pacheco, Angela Albino, Etur Zehuri, Lúcia Bernardes, Juscileide Rondon, Gilda Falconi, Ana Luiza Figueiredo, Vera Lúcia Pinheiro, Lígia Porto, Sandra Zandonadi, Elcimara Souza e Aline Sousa.
Funcionárias: Patrícia Tavares, Eliane Mendez, Antônia Luzia e Joana Darc.
A Fenajufe ressalta que ainda há muita luta pela frente, inclusive no que tange à representatividade feminina na entidade porque lugar de mulher é onde ela quiser. Para entender mais desse universo fique com as palavras do poeta matogrossense , Manuel de Barros:
Liberdade caça jeito
“Quem anda no trilho é trem de ferro
Sou água que corre entre pedras
liberdade caça jeito
Procuro com meus rios os passarinhos
Eu falo desemendado”
Reproduzimos aqui vídeo que mostra a força e união das mulheres nas atividades realizadas no 8M 2021,em São Paulo.
Pisa Ligeiro, pisa ligeiro! Quem não pode com a formiga, não atiça o formigueiro!
Com informações da Fenajufe