O auditório do Sisejufe está recebendo a exposição fotográfica II Encontro Estadual de Mulheres Negras do Rio de Janeiro – Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver. As imagens registram o evento, realizado em novembro do ano passado, em Niterói, bem como as atividades preparatórias. A mostra pode ser visitada até maio, das 11h às 19h, de segunda a sexta-feira.
As duas fotógrafas e o fotógrafo da que montaram a exposição também são negros. Eles estiveram falando sobre o processo de trabalho na reunião que avaliou o Encontro Estadual e a participação da delegação fluminense no Encontro Nacional de Mulheres Negras, realizado em Goiânia, que encerrou a Campanha de 21 Dias de Ativismo contra o Racismo, no dia 22 de março, na sede do sindicato.
Para a fotógrafa Marina Alves, registrar o povo preto é resistir contra o racismo, embranquecimento e apagamento dessa cultura. “É um prazer, é se espelhar…Tem a ver com magia.” Marina, que também é professora, também ressaltou a importância de montar um acervo de imagens. “E uma das maneiras de guardar é retornar aos fotografados, para que não sejamos vistos apenas como caçadores de almas.”
O jornalista Rafael Lopes destacou o crescimento de coletivos de fotógrafos e cineastas negros, bem como histórias protagonizadas pelo povo negro “com nossas cores, nosso cabelo.” Como fotógrafo, Rafael ressalta a importância de refletir sobre a beleza fora dos padrões da branquitude. “Pensar como potencialidade; não como produção menor.”
“Não é uma clicada, é um olhar…um momento capturado para a eternindade.” Mariana Maiara conta que gosta de fotografia desde criança. Ficava fascinada com as imagens de Pierre Verger, fotógrafo francês que viveu grande parte de sua vida em Salvador, onde registrou os aspectos religiosos do candomblé e da cultura popular. No entanto, ela queria seu olhar de mulher negra sobre sua ancestralidade. “O candomblé é matriarcal.”
Intenso processo de mobilização
A diretora do Sisejufe Neli Rosa agradeceu a presença de todas e fez um agradecimento especial ao fotógrafo Rafael Lopes, que registrou sua participação no processo de construção do Encontro Nacional de Mulheres Negras. “Me achei linda”, comentou sobre seu retrato que faz parte da exposição.
Logo em seguida da conversa com os fotógrafos, foi apresentada a prévia do documentário que registrou o Encontro Nacional, que está sendo editado pela cineasta Natália Rey.
A reunião foi encerrada com a aprovação da prestação de contas das atividades. “Foi um intenso processo de mobilização”, avaliou Wania Sant’Anna, que coordenou a reunião. Como integrante da Rede de Mulheres Negras do Rio de Janeiro, ela destaca o fato de o estado ter cumprido o compromisso de estar presente no Encontro Nacional com sua delegação completa: 78 mulheres negras apontadas em plenária realizada durante o II Encontro Estadual.