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Escuta Mulher traz reflexões e os dilemas sobre espaço no mercado de trabalho e a responsabilidade dos cuidados domésticos

Encontro aconteceu na noite desta quarta-feira (28/6), pela plataforma Zoom

Mulher deve, sim, falar de economia e refletir como o assunto impacta no seu dia a dia. Quem faz essa defesa é a economista e assessora sindical nas áreas de trabalho e gênero, Marilane Teixeira, nossa convidada do projeto Escuta Mulher, realizado na noite desta quarta-feira (28/6).

“Buscar conexões dos temas da mulher com mercado de trabalho e outros assuntos relacionados são iniciativas muito positivas porque há uma certa tradição de considerar que as mulheres só discutem questões relacionados com as mulheres. Temas, por exemplo, como economia e política são normalmente vistos como mais complexos e difíceis e supostamente as mulheres não teriam nada a dizer sobre o assunto. Falar de economia feminista, então…”, diz Marilane, ao propor uma reflexão às participantes do Escuta Mulher.

A conversa com a economista, mediada pela coordenadora do Departamento de Mulheres do Sisejufe, Anny Figueiredo, contou com a presença da presidenta Eunice Barbosa, das diretoras Soraia Marca, Lucena Pacheco, Helena Cruz e Neli Rosa; das representantes de base Bethe Mendes e Clarisse Pacheco; da assessora Vera Miranda, além da equipe de imprensa e assessoria política, servidoras e convidadas de movimentos parceiros.

Em sua fala, Marilane ressaltou que  vivemos em um modelo neoliberal perverso que assegura que o homem tem o lugar do público, ocupa o mercado, e que a mulher deve ocupar o lugar da casa e dos afazeres domésticos.

“A economia feminista com a qual nos identificamos tem uma perspectiva de rompimento dessa forma como se organiza a vida em sociedade, que é essa ideia de separar o que é espaço do mercado e o que é o espaço de afazeres domésticos não remunerados dos cuidados”, diz. 

A especialista explica que geralmente é delegada às mulheres a responsabilidade de cuidar, principalmente de idosos e crianças, como se esse cuidado não devesse ser preocupação de todo núcleo familiar. “Isso é conveniente do ponto de vista do sistema, que você tenha os cuidados com a reprodução da vida sob responsabilidade de uma parcela da sociedade, que são as mulheres. O papel  social da casa fica designado às mulheres e o do mercado aos homens”, afirma.

Marilane destaca que esses conceitos são típicos da sociedade capitalista, que vende a ideia de que o mercado não tem nada a ver com isso e o Estado muito menos.

“Nós, mulheres feministas, defendemos uma ideia de que há sim essa interdependência, que a responsabilidade pela reprodução da vida é do conjunto da sociedade e que o Estado tem papel importante de assegurar que essas responsabilidades sejam compartilhadas como meio de assegurar o acesso a políticas públicas”, opina.

A economista comenta que entre mulheres de alta renda há mais igualdade salarial com os homens e maior taxa de participação no mercado. No entanto, essa não é a realidade para a maioria das brasileiras. “Muitas mulheres têm de abandonar o trabalho ou se inserir em jornadas mais flexíveis e salários menores para dar conta das tarefas domésticas, dessa responsabilidade. E aí se entrelaçam questões de gênero e raça, já que as taxas mais desfavoráveis, como desemprego, subocupação e informalidade, estão associadas às mulheres negras”, observa.

Marilane aponta que essas são barreiras históricas que precisam ser superadas com urgência. A fala completa está disponível em nosso canal no YouTube, neste link.

Depois da explanação, a transmissão ao vivo foi interrompida e Marilane dialogou com as convidadas, seguindo a tradição do projeto de ser um momento de escuta interna e troca de experiências entre mulheres. “Aqui falamos das nossas vidas, das dúvidas, das fragilidades… e buscamos as nossas forças com apoio umas das outras”, concluiu Anny Figueiredo.

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