Diretoria do Sisejufe se solidariza com a família do oficial de justiça e cobra reconhecimento do risco da profissão
A sala de audiências da 1ª Vara do Trabalho de Barra do Piraí agora se chama Francisco Pereira Ladislau Neto. A foto do oficial de Justiça foi colocada em destaque na parede, logo abaixo da galeria dos juízes. A homenagem, carregada de simbolismo, foi feita pelo juiz Glener Pimenta Stroppa, titular da Vara onde Francisco trabalhou por apenas dois meses e meio antes de ser morto quando cumpria uma diligência.
“Essa foi a forma que encontrei para homenagear o Francisco. Não queria estar aqui nesta condição, mas é o mínimo que podemos fazer com nosso colega de trabalho. A gente torce para que fatos lamentáveis como esse não aconteçam mais”, disse o juiz Glener na cerimônia realizada nesta quarta-feira (11/11), para lembrar o primeiro ano da morte do oficial. A mudança no nome da sala de audiências e a colocação da foto foram autorizadas pelo presidente da Comissão de Segurança do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RJ), desembargador Carlos Alberto Araujo Drummond, que não pôde comparecer ao evento por motivo de doença.
Emocionada, a diretora do Sisejufe Mariana Liria, falou em nome do sindicato e da Fenassojaf (Federação Nacional dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais). “Nossas entidades não vão deixar que a história de Francisco caia no esquecimento. A gente já prestou homenagem em diversas ocasiões. E neste momento que se completa um ano do assassinato várias das nossas entidades também estão de alguma forma lembrando esse malfadado crime. A gente sempre vai brigar para não passar novamente por um momento de dor como esse”, disse a dirigente sindical, que participou da homenagem acompanhada dos oficiais de justiça Amaro das Graças Faustino e Fabiano Nobre.
Mariana agradeceu o apoio do pai do oficial, o jornalista e sindicalista Chico Pardal: “Num momento de extrema dor, ele se colocou diversas vezes à nossa disposição enquanto militante da nossa luta por segurança. E disse que não quer que aconteça com os filhos de outras famílias o que aconteceu com o dele”.
A diretora do Sisejufe ressaltou ainda que as entidades estão reforçando essa luta, que já é antiga. “Muitos dos colegas aqui têm contato com a nossa realidade e sabem que quando a gente sai de manhã para cumprir as diligências, não sabe se volta para casa e em que condições. O que aconteceu com Francisco poderia ter acontecido com qualquer um de nós. O risco é sim inerente à nossa atividade”, disse, lembrando que mesmo após o crime, os ministros do Supremo Tribunal Federal, em julgamento sobre aposentadoria especial, menosprezaram o risco a que estão submetidos os oficiais de justiça.
Mariana finalizou a homenagem pedindo que as administrações dos tribunais reconheçam que a atividade é de risco e os desdobramentos que isso pode trazer e acrescentou: “A gente se solidariza com a dor da família, que é uma dor nossa também, de todos os servidores do Judiciário. Que a morte de Francisco nunca tenha sido em vão porque todos nós somos Francisco”.
O juiz Paulo Guilherme dos Santos Perissé, presidente da Amatra (Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 1ª Região), destacou que o crime foi um episódio inaceitável “Esse assassinato mostra que precisamos dar atenção ao nosso pessoal. A gente vai levar essa história como um registro triste que não pode se repetir”, reforçou.
Sérgio Gonçalves e Tobias Luis, respectivamente presidente e vice-presidente da Assojaf (Associação dos Oficiais de Justiça e Avaliadores federais no Estado do Rio de Janeiro) entregaram ao juiz Glener Pimenta Stroppa um documento, que já foi entregue também à administração do TRT-RJ, pedindo uma série de medidas de segurança, como políticas protetivas em áreas de risco.
A cerimônia foi encerrada com um minuto de silêncio em memória de Francisco.