Em mais uma semana de vigília contra a reforma administrativa do governo Bolsonaro, servidoras e servidores também realizaram um protesto contra a aprovação da PEC dos Precatórios, ou PEC do Calote, no Senado. Os manifestantes saíram do Espaço do Servidor, percorreram a Esplanada até a Alameda das Bandeiras, onde realizaram uma performance, denunciando a compra de votos pela aprovação das propostas com a utilização do “orçamento secreto”.
Os ativistas representaram Arthur Lira passando um rolo compressor nos direitos sociais e nos serviços públicos. O personagem seguia “distribuindo” dinheiro a outros manifestantes “vestidos” de deputados, que catavam notas no chão, simbolizando a venda de votos.
Mobilização das categorias impede votação
Representando o Sisejufe na vigília desta semana, as diretoras Soraia Marca e Helena Cruz conversaram com alguns parlamentares sobre a situação da PEC 32 na Câmara. O coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, deputado Rogério Correia (PT/MG) avaliou que governo não tem votos suficientes para apresentar a proposta em plenário, mas não descartou necessidade de mobilização. “Estamos atentos e vigilantes contra a reforma adminsitrativa. Governo não tem voto para aprovar, mas isso se deve à movimentação da base dos servidores”.
Rogério comentou, ainda, o comparecimento do ministro Paulo Guedes na Câmara para dar esclarecimentos sobre sua relação com empresas offshore. “O ministro veio tentar esclarecer, e não conseguiu, como consegue ficar milionário apenas com o aumento do dólar. Em apenas uma operação, ele conseguiu cerca de R$ 16 milhões. Na verdade, ele coloca o dinheiro lá fora para sonegar impostos no Brasil”. Segundo o parlamentar, o Brasil acumula, hoje, cerca de R$ 1,4 trilhão em sonegação de impostos.
O deputado Glauber Braga (PSOL/RJ) falou sobre os prejuízos da PEC para a carreira dos trabalhadores do serviço público com a aprovação no texto que saiu da Comissão Especial da terceirização de praticamente todas as funções. “Eles falam que é uma reforma administrativa, mas não podemos aceitar esse nome. O que eles querem é a privatização completa do serviço público brasileiro”. Mas, para o parlamentar há uma grande chance de a proposta não ser aprovada. “Faltam poucos dias para o término de 2021 e em 2022 eles vão ter muito mais dificuldade para que uma matéria como essa venha a ser aprovada”.
Glauber saudou os servidores da Justiça Federal do Rio e parabenizou a atuação das representantes do Sisejufe.
As diretoras conversaram ainda com os deputados Hugo Leal (PSD/RJ), Lucio Mosquini (MDB/RO) e Hildo Rocha (MDB/ MA). Nenhum deles acredita na votação da PEC ainda este ano.
Manuella Soares, jornalista.