Em frente ao Palácio do Planalto, servidoras e servidores pintaram o chão de vermelho em referência ao sangue do povo negro, derramado ao longo de mais de três séculos de escravidão. O sangue de pretas e pretos ainda é uma realidade que escorre pelas ladeiras e ruas de favelas e periferias nas grandes capitais e cidades brasileiras. A pele negra é o alvo principal da necropolítica do governo Bolsonaro. A pele negra também é a da maioria do povo pobre que depende dos serviços básicos de saúde, educação e justiças públicas, ameaçados pela Proposta de Emenda Constitucional 32/20.
A manifestação fez parte da programação da vigília contra a reforma administrativa na Semana da Consciência Negra. O ato realizado na manhã dessa quarta-feira (17/11) contou com a participação de centenas de trabalhadores de diversas categorias do funcionalismo das três esferas. A manifestação seguiu do Espaço do Servidor, na Esplanada dos Ministérios até o Palácio do Planalto, onde a performance ocorreu.
Usando máscaras de papel com os rostos impressos de Zumbi dos Palmares, Dandara, Acotirene e Marielle Franco, os manifestantes cantaram palavras de ordem em repúdio às manifestações racistas do presidente Bolsonaro.
As categorias em luta contra a PEC 32 também participam da campanha #ForaBolsonaroRacista e do ato que acontece no próximo sábado, dia 20, em todo o país.
Mobilização continua forte até a derrubada da PEC 32
As mobilizações permanentes contra a PEC 32 continuaram durante a tarde. As diretoras do Sisejufe Soraia Marca e Helena Cruz conversaram com o deputado Alessandro Molon (PSB/RJ) que acredita que a reforma não será votada este ano. Segundo o deputado, os servidores conseguiram impedir o avanço da tramitação da PEC 32 na Câmara, no entanto, chamou a atenção para que as categorias permaneçam mobilizadas. “Essa semana mesmo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que a PEC está pronta para ir para o plenário, só depende do governo. Então, não vamos relaxar, não vamos desistir da nossa mobilização enquanto essa proposta que é péssima para o país não for arquivada”. Para Molon, se a reforma administrativa não for votada ainda este ano, dificilmente o governo vai ter coragem de investir em uma proposta tão impopular em ano eleitoral.
Ivam Valente (PSOL/SP) avalia que a resistência dos servidores e de parlamentares de oposição tem conseguido segurar a votação da reforma admininistrativa. “Esta reforma detona o Estado brasileiro”, disse o deputado. Para Valente, um dos objetivos do governo Bolsonaro com a aprovação da PEC é por por terra pilares da Constituição Federal de 1988 que seriam o concurso público, a estabilidade no emprego e o regime jurídico único. “Nós não permitiremos. E se não votar até o final do ano, entramos no ano eleitoral e não sera mais votado”.
Para a deputada petista a PEC 32 privatiza o Estado e acaba com os serviços prestados à população. “Votamos não na Comissão Especial e votaremos não se ela for ao plenário. Eu espero que ela não passe, porque será um grande golpe para o Estado brasileiro”.
O deputado Bibo Nunes (PSL/RS), da base governista, disse que quanto à Reforma Administrativa, “defenderá o direito adquirido” e não abrirá mão disso, reproduzindo o discurso oficial de que a PEC 32 não afeta os atuais servidores. “Esse parlamentar já fez pronunciamento na tribuna da Câmara reclamando das centenas de mensagens que vem recebendo contra a PEC 32, o que caracterizou como ameaças, referindo-se ao aviso dos sindicatos que ‘se votar, não volta’. Bibo também defendeu que “funcionário público tem que ser demissível”, num claro ataque à estabilidade. Vamos seguir a pressão sobre todos os parlamentares contra a PEC 32, incansavelmente. Vamos virar voto a voto”, afirmou a diretora Soraia Marca.
Veja abaixo alguns momentos das atividades desta quarta-feira (17/11):