Intervenção militar preocupa integrantes do movimento
Nem a chuva que caiu no início da noite dessa segunda-feira (19/2) tirou a militância das ruas do Rio de Janeiro. No Dia Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência, convocado pelas frentes e centrais, os trabalhadores comemoraram a derrota do Governo Temer: o presidente do Congresso Nacional, Eunício Oliveira (MDB-CE), determinou a suspensão da tramitação de todas as propostas de emenda à Constituição (PEC), entre elas a que destrói a aposentadoria, enquanto vigorar o decreto de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, previsto até dezembro.
Para o presidente do Sisejufe, Valter Nogueira Alves, o que garantiu a vitória sobre o governo foi a forte mobilização dos servidores públicos, que atuaram diretamente com foco nos parlamentares. A capacidade de organização e a unidade do movimento dos trabalhadores, que impediu negociações paralelas por categoria, e a rejeição total à proposta, sem negociação de pontos da reforma, foram estratégias acertadas. “A Previdência deve ser pública, garantindo o direito dos trabalhadores que mais precisam”, enfatizou. Segundo o dirigente, não há dúvidas de que o objetivo não era sanear a Previdência, mas entregar esse filão do mercado aos fundos de pensão privados.
Por outro lado, os dirigentes demonstraram preocupação com a intervenção militar no Rio de Janeiro, que vem para massacrar os trabalhadores e diretamente os dirigentes dos movimentos sindicais, políticos, sociais e populares. O ex-presidente da CUT-Rio, Darby Iguaiara, foi preso quando participava de atividade contra a Reforma da Previdência.
Mesmo sob intervenção militar, a categoria, com o conjunto da população está dando a resposta nas ruas. Para a diretora do Sisejufe Mariana Liria, é muito importante manter a mobilização mesmo com a retirada da reforma da Previdência de pauta. “São tempos sombrios e a gente não sabe o que vem por aí. A intervenção militar pode, mesmo no curto prazo, representar uma retirada de direitos, num total descaso com os direitos humanos.”
Os trabalhadores e estudantes começaram a chegar na Candelária por volta das 16h30 e em seguida caminharam pela Rio Branco até a Cinelândia, onde o ato foi dispersado pelas forças policiais. “Foi uma atuação completamente desproporcional, pois a manifestação foi pacífica. No fim, havia mais policiais do que trabalhadores e estudantes, o que demonstra a criminalização dos movimentos sociais”, afirmou Mariana.
A Frente Rio, composta por 60 entidades da sociedade organizada (sindicatos, associações, centrais e movimentos estudantis e sociais, entre elas o Sisejufe, também participou do ato com a distribuição de material contra a reforma.