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Deu na Imprensa: Após cinco meses, Fiocruz volta a detectar tendência de alta nos casos de síndrome respiratória aguda grave no Rio

Segundo a fundação, o estado registra a maior aceleração no número de pacientes do país

O jornal O Globo publica na edição desta quarta (11/8), reportagem informando que o Rio de Janeiro é o estado com o maior número de casos da variante Delta identificados no Brasil, encabeçando um movimento nacional de agravamento da pandemia, cujos indicadores chegaram a cair nos últimos meses. É o que mostra a última atualização do boletim Infogripe, da Fiocruz, concluída nesta terça-feira. Pela primeira vez em mais de cinco meses — mais precisamente desde a 12ª semana epidemiológica do ano, que foi de 21 a 27 de março —, o estado voltou a apresentar tendência de crescimento na incidência de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) a longo prazo.

O texto aponta que o dado tem como referência as confirmações de SRAG lançadas no sistema Sivep-Gripe, do Ministério da Saúde, nas últimas seis semanas. Com base nesses números, o instituto estima que o Rio tem mais de 95% de chances de ter adentrado uma escalada no número de episódios de SRAG, que atualmente tem como principal causador o vírus Sars-Cov-2, da Covid-19.

“Nosso principal alerta é para o Rio de Janeiro em particular, que tem o sinal mais evidente de aumento em comparação com os demais estados. Pela segunda semana consecutiva, o Brasil dá um indício claro de interrupção na tendência de queda, e o Rio lidera esse movimento”, explica na matéria o pesquisador Marcelo Gomes, do grupo de Métodos Analíticos em Vigilância Epidemiológica da Fiocruz.

Com uma lente temporal mais ampla em direção ao passado, o indicador tem como objetivo reduzir o impacto de pequenas variações nos números da pandemia ao longo dos meses para oferecer uma perspectiva mais estável do que há por vir. Mas não são só os dados de longo prazo que apontam uma tendência de alta no número de casos de SRAG. Pela primeira vez desde o início de julho, o Rio também apresenta crescimento na tendência a curto prazo, ou seja, a partir dos números das últimas três semanas.

Embora mais suscetível à influência de oscilações, o índice tem a função de captar com mais rapidez qualquer mudança significativa no panorama da pandemia. E foi o que aconteceu. Seu ponteiro tem dado sinais de alta desde a semana epidemiológica 26, que compreende o fim de junho e o início de julho, e desde então não retornou à posição de queda. Semanas depois, o indicador de longo prazo corroborou o outro índice.

Para Gomes, os números não devem ser associados apenas à ação da variante Delta, embora ela possa contribuir. O comportamento coletivo, com retomada de atividades presenciais e relaxamento nos cuidados individuais como uso de máscara e evitar aglomerações continua sendo o principal suspeito, porém agora com presença de uma variante mais transmissível. Além disso, o novo aumento nos casos pode resultar ainda da saturação na proteção conferida pelas vacinas aos mais velhos, que não só se vacinaram há mais tempo, como também tendem a responder menos ao estímulo imunológico. Outros patógenos causadores de SRAG — como o vírus sincicial respiratório (VSR), que costuma ter um forte componente sazonal — se mantêm em níveis estáveis de contágio, de modo que a Covid continua sendo o principal fator.

— A gente já vinha observando há um bom tempo que na população mais jovem os números vinham se mantendo elevados. E mesmo a queda em relação a março (quando aconteceu o último pico de casos) não tinha sido tão grande. O que vinha puxando os índices para baixo era a vacinação dos mais idosos. Acontece que esse efeito protetor da vacina pode se estagnar na população mais velha por já termos atingido cobertura elevada. Por isso, a expectativa é de retomada de ocorrências entre idosos, que podem retornar às mesmas tendências das demais faixas etárias. E isso não é bom, já que mantemos uma transmissibilidade alta — explica o especialista.

Gomes, que já participou de reuniões da Câmara Técnica do Plano Nacional de Imunizações (PNI), ressalta que, embora imprescindíveis na guerra contra o coronavírus, as vacinas sozinhas não fazem mágica. Na avaliação dele, a importância da imunização não pode jogar para segundo plano as medidas sanitárias de proteção à vida.

— As autoridades se guiam demais pela cobertura vacinal, e o natural é que a população as siga. Vemos vários gestores fazendo projeções sobre cobertura vacinal, mas precisamos lembrar que esse não é o único indicador da pandemia, e sim um dos. A boa notícia é que, em outros locais do mundo, a vacina parece ter impedido que a explosão de casos de Delta se traduzisse em aumento similar nas internações e óbitos. Mesmo assim, precisamos pensar em outros aspectos, como a Covid longa e o grave impacto que ela tem sobre o bem estar e a produtividade. Se a gente foca só na vacina, a gente corre um sério risco — diz Gomes.

Leia a reportagem neste link.

Fonte: Jornal O Globo



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