Para conter a mobilização de dezenas de categorias descontentes com a promessa de reajuste apenas para as carreiras das polícias federais, Bolsonaro, segundo o publicado pelo Jornal Extra, chegou a “bater o martelo” pelo reajuste único para o conjunto do funcionalismo, mas voltou atrás. Segundo o periódico carioca, o valor ainda não está definido, e integrantes do governo alertam que Bolsonaro “sempre pode mudar de ideia”.
Com a mudança, o governo pretende resolver o problema criado por ele mesmo quando reservou no orçamento deste ano R$ 1,7 bilhão apenas para o reajuste dos policiais federais, considerados por Bolsonaro como sua base eleitoral. Para a concessão linear dos 5%, o governo teria que bloquear mais R$ 5,3 bilhões, além dos R$ 8,2 bilhões já incluídos na revisão orçamentária encaminhada ao Congresso, no último dia 19.
Tudo que o Guedes sempre quis: reajuste zero
Um aumento apenas no vale-alimentação seria uma vitória da medida defendida desde a discussão orçamentária em 2021 pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, notório contrário a qualquer reajuste salarial. Segundo o jornal Extra, o valor do reajuste do auxílio alimentação poderá ficar entre R$ 600 a R$ 700 o que, segundo o próprio governo cobriria apenas a inflação do ano passado.
O reajuste no vale significaria que os aposentados e pensionistas ficariam de fora de qualquer reposição. Os militares das Forças Armadas também, porque não recebem vale-alimentação.
Para a diretora do Sisejufe e coordenadora da Fenajufe, Soraia Marca, as idas e vindas de Bolsonaro são uma tentativa de dividir as categorias e desmobilizar as servidoras e servidores que desde janeiro estão em campanha nacional para recuperar as perdas salariais acumuladas ao longo de seu governo. “Essa é mais uma tentativa de nos dividir para dominar e confundir. Agora, nos oferecendo aumento no auxílio-alimentação e retirando do reajuste os aposentados e pensionistas. Bolsonaro quer esconder a perda da nossa capacidade de compra e, vale lembrar, que esse tipo de auxílio não é incorporado no momento da aposentadoria”.
Manuella Soares, para o Sisejufe.
Foto: Agência Brasil