O diretor do Sisejufe e coordenador do Núcleo de Oficiais de Justiça Avaliadores Federais (Nojaf), Pietro Valério, participou, nesta quinta-feira (20/10), de um ato em solidariedade à servidora do TRE de São Paulo, Raquel Morel, que está sendo vítima de assédio moral por parte da Administração. Funcionária do setor de informática, ela foi convocada para trabalhar presencialmente em janeiro. Nesse dia, no entanto, Raquel trabalhou remotamente. O chefe imediato disse que ela se recusou a trabalhar, o que não é verdade. Por conta disso, foi aberta uma sindicância, que está sob sigilo.
No ato, organizado pelo Sintrajud, o diretor Pietro Valério defendeu que a categoria se una em defesa de Raquel e de todos e todas que sofrem qualquer tipo de assédio ou perseguição.
“O assédio tem uma questão muito grave de a gente se envergonhar, se culpar. E a culpa nunca é da gente”, destacou.
O diretor do Sisejufe citou uma frase do movimento feminista relacionado à sororidade para mostrar a importância do acolhimento à vítima. “Mexeu com uma, mexeu com todas. Mexeu com qualquer um de nós, mexeu com todos nós ao mesmo tempo. Precisamos lutar contra esses absurdos da Administração e oferecer nosso acolhimento porque é um colega que está em sofrimento. E esse sofrimento vai levar ao adoecimento da pessoa. Precisamos devolver a humanidade e prestar atenção nesse colega. A culpa nunca é da vítima, mas é responsabilidade de todos nós”, opinou.
Entenda o caso
No dia 12 de janeiro de 2022, Raquel Morel trabalhou normalmente, de casa, de forma remota. Assim como acontece e acontecia com grande parte da categoria desde o início da pandemia de Covid-19, a servidora usou para isso equipamentos próprios, assim como a energia e a internet.
Neste mesmo dia haveria, no início do expediente, uma reunião online de seu setor – Seção de Rede e Servidores.
Convocada pelo então chefe imediato, Fabio Barbosa de Oliveira Elizeu, o objetivo era justamente tratar de uma mudança normativa da administração do tribunal relacionada ao trabalho na pandemia, segundo informações de colegas sindicalistas.
Diante do avanço da ômicron, a Resolução TRE-SP número 573, de 11/1/2022 suspendia atividades presenciais, salvo “as programadas, necessárias ou essenciais”. A medida, naturalmente, suscitava dúvidas, que seriam abordadas na reunião.
Por conta deste dia de trabalho, Raquel está sendo submetida pela administração do tribunal a uma sindicância. A investigação, determinada pelo diretor-geral do TRE, Claucio Cristiano Abreu Corrêa, busca apurar se a servidora se recusou a trabalhar presencialmente naquele dia ou não.
A servidora, que é dirigente sindical e uma das representantes da categoria na Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação no TRE, não está tendo acesso à sindicância, apesar de ser parte interessada. Raquel vinha questionando o quadro preocupante nas relações de trabalho e a falta de uma política efetiva para tentar superá-lo.