Começou nessa terça (13/3) em Salvador a 13ª edição do Fórum Social Mundial. Segundo a comissão organizadora, cerca de 60 mil pessoas de 120 países realizarão mais de 1200 atividades em diversos territórios pela capital baiana até o dia 17 de março tendo como território principal o Campus da UFBA Ondina. A abertura oficial aconteceu com uma grande concentração em Campo Grande e em seguida uma grande marcha no fim da tarde pelas principais avenidas do centro da cidade. Era a Ciranda dos Povos, a Ciranda da Esperança, a dança da Resistência. Ali pessoas de diversas partes do mundo, com suas artes, suas cores, suas danças, suas faixas e seus tambores firmavam o propósito de resistir juntas.
Acreditando que um Outro Mundo É Possível, em Salvador o tema que norteará as reflexões é Resistir é Criar. Resistir é Transformar. As convergências nas primeiras manifestações de hoje eram por Democracia, por mais direitos e dignidade, por liberdade, por respeito às diferenças e pluralidade, por soberania e resistência. “As pessoas mostraram que estão atentas e dispostas a resistir aos golpes brandos que estão ocorrendo no mundo e especialmente na América Latina, com o propósito de impedir o progresso social e bloquear as demandas por igualdade, impondo retrocessos para a classe trabalhadora e outros grupos em situação de vulnerabilidade”, avalia diretora do Sisejufe Eunice Barbosa. Os diretores Neli Rosa, Anny Figueiredo e Ricardo Valverde também participam do FSM 2018.
Para a dirigente, a democracia reivindicada não é só uma ideia alheia e deslocada da vida real. Ela impõe a inclusão social pela educação, o combate à miséria, a tolerância à diversidade, a ampliação da cobertura da saúde e dos serviços públicos, a inserção habitacional, a participação na elaboração de políticas, a valorização do salário mínimo, o reforço da formalização das relações no mundo do trabalho e não sua precarização.
Inseridos na pauta de retrocessos e retirada de direitos da classe trabalhadora em execução por governos neoliberais e ilegítimos, o Sisejufe propôs um oficina para tratar do desmonte do Judiciário. “Viemos trazer a nossa voz e a nossa disposição de resistir. Junto com os demais trabalhadores e trabalhadoras do mundo reafirmamos que não aceitaremos passivos o sucateamento das instituições e a precarização dos serviços judiciários materializada em projetos como a extinção das zonas eleitorais, unificação de secretarias sem qualquer estudo ou aprofundamento acerca de sua necessidade e viabilidade e desvalorização da Justiça do Trabalho, impedindo os cidadãos e as cidadãs mais pobres de exercerem seus direitos de participar dos processos democráticos de escolha de seus representantes e de terem pleno acesso à Justiça”, afirma Eunice. Ela acredita que isolados do conjunto da classe trabalhadora, os servidores do judiciário serão esmagados pelas elites dominantes do poder econômico e midiático que avança sobre todos os continentes, especialmente os mais empobrecidos. “Queremos somar nossas lutas, nossas pautas e estratégias de resistência. Não há outro caminho.”
A luta por um outro mundo iniciou em 2001
O Fórum Social Mundial teve início em 2001, em Porto Alegre, em contraposição ao Fórum de Davos, com o objetivo de buscar convergência nas lutas e construir alternativas ao modelo de desenvolvimento econômico neoliberal. Já foi realizado na Índia, em Nairobi, no Quênia, em Dakar, Tunísia dentre outros e já reuniu mais de 120 mil pessoas em uma de suas edições em Porto Alegre, território que mais vezes acolheu o evento. Atualmente, o FSM é o maior evento da sociedade civil no mundo como lugar de resistência a todas as formas de dominação e exclusão. Sua proposta é pensar saídas comuns para a humanidade de forma solidária, plural e democrática respeitando as diversidades e a natureza.