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Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no estado do Rio de Janeiro - Telefone: (21) 2215-2443

Artigo: Valorizar os Técnicos é fortalecer o Judiciário

Por Luciano Pires*

Como servidor do Poder Judiciário da União há 20 anos, tenho acompanhado de perto as transformações pelas quais passou a nossa carreira. Hoje, falo não apenas como parte da engrenagem da Justiça, mas como alguém que acredita na importância de reconhecer a realidade vivida por milhares de colegas em todo o país.
É por isso que a reestruturação da carreira dos servidores do Poder Judiciário da União – conhecida como 100-85 – já aprovada pela categoria e apresentada ao STF, é um pleito justo, necessário e inadiável.

Trata-se de um projeto que não nasceu do nada. Ele surge a partir da constatação de algo que, para quem está dentro do sistema, é óbvio: o cargo de Técnico Judiciário há muito deixou de ser uma função de apoio. Hoje, exige formação de nível superior e executa tarefas de alta complexidade, exigindo domínio técnico, responsabilidade funcional e constante atualização. Apesar disso, a estrutura de carreira ainda está presa a um modelo ultrapassado, que não acompanhou essa evolução. Isso tem gerado uma distorção
entre as funções exercidas e a remuneração percebida — e que precisa ser enfrentada
com seriedade.

Não estamos pedindo equiparação. Estamos pedindo coerência. Infelizmente, alguns setores insistem em rotular o modal 100-85 como tentativa de equiparação salarial entre Técnicos e Analistas. Essa narrativa não é
apenas mentirosa — ela desinforma, desvia o foco do debate e atrasa soluções.

O que buscamos é uma aproximação proporcional e responsável, é ajustar a retribuição pelo exercício do cargo às novas responsabilidades que já assumimos há muito tempo.

Valorizar os Técnicos é fortalecer o Judiciário.

Tratar com justiça os Técnicos Judiciários não fragiliza o Poder Judiciário — fortalece. Uma instituição sólida começa pela valorização de sua base. Negar isso é fechar os olhos para a realidade cotidiana de qualquer tribunal do país. Manter o cenário atual é empurrar para a invisibilidade uma parcela fundamental da força de trabalho do Poder Judiciário da União, que atua com dedicação e competência mesmo diante da falta do reconhecimento institucional adequado.

Chegou a hora de corrigir a distorção.

A proposta do 100-85 representa o mínimo que se espera diante da realidade funcional atual. É uma tentativa de correção histórica, e não há nada aqui de privilégio. É, na verdade, uma resposta tardia, mas ainda possível, ao esforço silencioso de tantos colegas que sustentam o Judiciário com excelência e compromisso público.
Por isso, convido meus colegas Técnicos — e também os Analistas sensíveis a
essa realidade — a se posicionarem com clareza, dialogando com responsabilidade e
firmeza com nossas lideranças institucionais.

Reconhecimento não se pede com silêncio. Conquista-se com mobilização e
com a verdade.

*Luciano Pires é técnico judiciário na Justiça Federal no Rio de Janeiro

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