A decisão de Marisa Santos expõe a face deformada do Poder Judiciário, feudal e personalista ao desconsiderar a indicação de uma Comissão Processante legítima, que apurou não serem os fatos elencados puníveis com a demissão. Uma demissão que, para além do cuidado com a res publica, traduz-se em corolário imaturo para autoafirmação de boas práticas de gestão, no caso em voga, questionáveis e duvidosas.
Os fatos trazidos ao longo do processo por si demonstram o quão vítima da instituição foi Beatriz, penalizada por sucumbir ao assédio. Num contexto em que a privatização do Judiciário reverbera entre muitos integrantes do próprio poder, a demissão da servidora é entendida como instrumento que põe em curso uma reforma administrativa silenciosa e perversa, materializada através da negação de direitos e prerrogativas das trabalhadoras e dos trabalhadores do serviço público, como o fez a reforma trabalhista com a trabalhadora e o trabalhador privado.
26 anos de serviços prestados ao Judiciário não são 26 dias. 26 anos são parte relevante dos resultados e metas atingidos pelo TRF-3 e pelo próprio Judiciário Federal, que em tantos elogios reverberaram a atuais e antigos gestores. Mas, 26 anos foram desconsiderados em nome de valores e interesses ainda não tão claros frente aos fatos.
Que a demissão – surreal, arbitrária e desumana – seja revertida em nome do restabelecimento da justeza de um Judiciário que se pretende guardião e realizador da Justiça.
A Beatriz Massariol nossa solidariedade, bem como ao Sintrajud, a quem a Fenajufe se junta na defesa do tratamento digno e da imediata anulação da demissão e a reintegração da servidora ao cargo.
Brasília-DF, 25 de julho de 2022
Fenajufe