Milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o Brasil mostraram que é possível manter a mobilização e a luta mesmo em tempo de pandemia. Tradicionalmente, a data é marcada por eventos e shows que costumam reunir presencialmente grande público. Neste ano, porém, isso não foi possível em razão da necessidade de manter o distanciamento social como forma de conter a disseminação do novo coronavírus. Respeitando as recomendações das autoridades de saúde e sanitárias de não incentivar aglomerações, as entidades organizaram nas redes sociais um ato histórico. O tom dos discursos foi de união para o enfrentamento à pandemia e de críticas ao governo do presidente Bolsonaro.
Foram mais de seis horas de transmissão ao vivo no “1° de Maio Solidário – Saúde, emprego e renda – em defesa da democracia – Um novo mundo é possível”, promovido pelas centrais sindicais (CUT, CGTB, CSB, CTB, Força Sindical, Intersindicial, NCST, A Pública e UGT), em conjunto com os movimentos sociais, representados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. A pauta de defesa da saúde, do emprego e renda, e da democracia foi divulgada para todo o mundo.
Personalidades pedem que brasileiros fiquem em casa
A ‘live’ do 1º de Maio foi recheada com depoimentos de políticos, internautas e artistas que contaram por que e por quem ficam em casa. Participaram os ex-presidentes Lula e Dilma Housseff; Manuela D’Avila, Marina Silva, Fernando Haddad e Ciro Gomes; os atores Rodrigo Santoro, Cauã Reymond e Renato Aragão; e a poetisa Elisa Lucinda, entre outros. Os cantores Zelia Dunkan, Odair José, Aíla, Preta Rara, Dead Fish, o grupo Mistura Fina e Zeca Pagodinho deram o tom musical da live. A transmissão teve atrações internacionais também, como o ativista norte-americano Dany Glover, conhecido por filmes como Máquina Mortífera e O Dia Depois de Amanhã; e o ex-baixista do Pink Floyd Roger Waters. As personalidades reforçaram o pedido para que os brasileiros fiquem em casa durante a pandemia.
Trabalhadores também deram depoimentos, dizendo o que esperam nesse momento difícil em que o contato social os obriga a ficar em casa e distantes fisicamente de pessoas queridas ou a continuar trabalhando nos serviços essenciais para que outras pessoas possam ficar no isolamento.
Solidariedade e esperança
A celebração do 1° de Maio chamou atenção pela forma inédita de realização. Este ano contou com uma “vaquinha” on-line para angariar fundos que serão revertidos às pessoas mais necessitadas, justamente aquelas que perderam o emprego, estão sem renda, ou tiveram salários reduzidos por conta da pandemia e passaram a enfrentar maiores dificuldades financeiras.
Em defesa do SUS
Uma das pautas levadas ao 1° de Maio em 2020 foi a defesa da saúde pública. A pandemia do coronavírus provou a toda a sociedade que a presença do Estado é fundamental para a sobrevivência e a saúde pública é essencial para o Brasil.
Cerca de 75% dos brasileiros têm no Sistema Único de Saúde (SUS) o único meio de atendimento à saúde. Somente em 2019, foram mais de 4,1 bilhões de tratamentos ambulatoriais, 1,4 bilhão de consultas médicas ao ano, 11,5 milhões de internações e mais de 27 mil transplantes realizados.
Por isso, para as centrais sindicais e movimentos sociais, é fundamental a defesa do SUS, que vem sofrendo desmonte desde o golpe de 2016. Neste ano, com a pandemia, o risco de sobrecarga no SUS é iminente. De acordo com as autoridades de saúde, não há leitos suficientes para atender à demanda de casos do coronavírus, por isso, o isolamento social se representa um fator importante para que se possa conter o avanço do Coronavírus.
Algumas personalidades trouxeram à tona, em seus discursos, o descaso do governo de Jair Bolsonaro com o setor e fizeram homenagens àqueles que estão na linha de frente do combate à pandemia, cuidando das pessoas em postos de saúde, unidades de pronto atendimento e hospitais. São auxiliares de enfermagem, enfermeiros e enfermeiras, médicos e médicas e todos aqueles que, heroicamente, cuidam e ajudam a salvar vidas.
Um dos pontos mais emocionantes da live do 1° de Maio foi a exibição de um vídeo produzido pelo Sindicato dos Trabalhadores Públicos na Saúde do Estado de São Paulo (SindSaúde-SP) que mostra profissionais em hospitais aplaudindo pessoas que foram curadas após terem enfrentado as dores e o sofrimento da Covid-19, nas UTIs de hospitais.
Com informações do site da CUT e G1