O Sisejufe Solidário promoveu um debate, na noite de quarta-feira (3/04), sobre a relação entre o movimento sindical e o movimento social nas lutas da classe trabalhadora. No evento, a coordenadora do departamento, Eunice Barbosa, apresentou aos servidores os projetos voltados à população de rua e mostrou como ficaram as novas instalações do Instituto Lar, cuja reforma foi custeada pelo sindicato. “O Sisejufe Solidário surgiu do nosso incômodo com o aumento da pobreza no entorno da nossa sede. Em pouco tempo, já realizamos muitas ações que estão fazendo a diferença na vida dessas pessoas. E a obra do Instituto Lar só vem a reforçar a percepção de que estamos no caminho certo”, afirmou Eunice.
A presidente da ONG Mariana Machado e a secretária Marysol Rangel Barreto apresentaram um vídeo emocionante com imagens do “antes e depois” da reforma. Elas agradeceram a parceria e lembraram que o Instituto precisa de voluntários para manter atividades como atendimento psicológico, grupos terapêuticos e rodas de conversa com a população de rua.
Além do voluntariado, Mariana acrescentou que há ainda a possibilidade de envio de doações e apadrinhamento dos assistidos: “a gente sente orgulho das pessoas confiarem no nosso trabalho”.
Ex-moradores de rua, que recuperaram a dignidade e conseguiram oportunidade no mercado de trabalho com a ajuda da entidade, contaram suas histórias de vida e superação. Jorge dos Santos é um deles. Ele ajudou na reforma do Instituto Lar. “Foi emocionante trabalhar nesta obra. É uma oportunidade de devolver tudo que recebi um dia. O fato de fazer o bem nos torna melhores”, disse.
Sindicalismo e movimento social
Na mesa de debates, estavam presentes Mariana Machado; o presidente do Sisejufe, Valter Nogueira Alves; a diretora Eunice; o mestrando em Serviço Social José Arnaldo Gama da Silva; e os arquitetos Erick Gallo e Gabriel Parreira – que fizeram o projeto de reforma da instituição. José Arnaldo propôs uma reflexão sobre o papel do sindicato na história do movimento popular. Citando o pensador italiano Antonio Gramsci, ele elogiou a parceria entre o Sisejufe e o instituto.
“São dois aparelhos privados de hegemonia – uma ONG e um sindicato – que se encontram para estabelecer aquilo que é importante no resgate de qualquer um de nós, trabalhadores, com as suas diferenças e especificidades, mas buscando encontrar uma solução para o processo de degradação dos valores humanos e morais”, afirmou o pesquisador, acrescentando que o Sisejufe assume um papel de vanguarda ao abraçar a causa da população de rua.
Erick Gallo fez uma provocação sobre o significado da arquitetura e do urbanismo. “Quando você pensa inicialmente na arquitetura, pensa em uma arquitetura elitista, mas ela é um direito básico, que vem do direito à habitação e se a gente está lidando com a população em situação de rua, está providenciando esse direito”, destacou.
Gabriel explicou que quando fez o projeto com Erick tiveram como meta humanizar o espaço: “mais do que técnica, a gente quis colocar amor”.
ROMPER A INVISIBILIDADE
Valter Nogueira disse que o sindicato tem a função de defender a categoria e de ter um lado neste sistema injusto, que é o lado dos trabalhadores, mas destacou que uma questão importante é a invisibilidade das pessoas que vivem em situação de rua. “Aqui embaixo, na entrada do sindicato, tem pessoas que passam todos os dias, nos mesmos horários com aqueles irmãos e irmãs ali e eles se tornam invisíveis. Não é possível que a sociedade consiga continuar ignorando essa parcela da população, que tem aumentado de forma muito grande nos últimos anos”, lamentou.
O presidente do sindicato explicou que quando o projeto começou, a diretoria não sabia muito o que fazer, mas logo encontraram uma direção a seguir: “distribuíamos pão, água e cobertor, mas descobrimos que muita gente já fazia isso. Então, vimos que era preciso fazer algo mais. Foi quando a diretora Eunice, com toda sua generosidade, foi buscando outros espaços e experiências até chegar ao Instituto Lar. E a gente agradece por ter sido acolhido lá. A gente não acha justo que consiga algum ganho financeiro para a categoria que venha do Estado e, minimamente, não possa retribuir para uma população que está num estado de vida mais vulnerável”.
HOMENAGEM
A coordenadora do Sisejufe Solidário entregou certificados aos colaboradores das ações do departamento. Entre eles, o servidor aposentado Roberto Mota e o gerente financeiro do sindicato, Marcelo Nobile, que tem doença de Parkinson e foi elogiado pela sua luta em prol das pessoas que sofrem desta enfermidade.
Participaram ainda da reunião Maria do Socorro Branco e Iris Ferreira de Faria, coordenadora e superintendente, respectivamente, do Núcleo de Relações Públicas da Justiça Federal. Elas representaram o diretor do Foro, Osair Victor, que apoia a iniciativa.