A Central do Brasil, onde circulam diariamente mais de 120 mil pessoas, foi o local escolhido estrategicamente pelos organizadores do Movimento em Defesa da Justiça do Trabalho para mostrar à população que o órgão corre o risco de extinção. Foi o segundo ato realizado pelo grupo, que reúne entidades representantes de servidores, magistrados, advogados, promotores e membros do Ministério Público do Trabalho, tendo o Sisejufe entre as lideranças.
O objetivo da manifestação foi chamar a atenção dos trabalhadores e trabalhadoras para a ameaça de perda de direitos se a Justiça do Trabalho acabar. Vários diretores do sindicato participaram da mobilização, distribuindo panfletos e conversando com a população. O diretor Amauri Pinheiro, servidor do TRT-RJ, explicou que a Justiça do Trabalho é imprescindível para garantir a paz social porque sem ela os conflitos entre empregados e empregadores aumentariam. “Trabalhador, sem a Justiça do Trabalho você ficaria desprotegido. Lute por ela”, alertou o dirigente.
Já o diretor Ricardo Azevedo ressaltou que defender a Justiça do Trabalho significa defender a dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. “Emprego sem direito é trabalho escravo. A gente precisa de uma Justiça forte e que possa estar ali para dizer: patrão você não vai desrespeitar os direitos do trabalhador. Sem Justiça do Trabalho, você vai recorrer aonde, trabalhador? Você não vai ter onde recorrer”, afirmou.
PAUTA CONTRA TRABALHADOR
O presidente do sindicato, Valter Nogueira Alves e o vice, Lucas Costa, também participaram do protesto. Lucas lembrou que, além do risco de extinção da JT, há projetos de Lei em tramitação com ameaças aos direitos trabalhistas, previstos na CLT e na Constituição. “É com muita satisfação que vejo esse movimento ganhar força e estrutura, se expandindo, conscientizando a população da importância desta luta. O que está na pauta agora é a PEC 300 que quer jornada de 10 horas de trabalho. Isso é uma falta de respeito com o trabalhador e a trabalhadora. Juiz, promotor, servidor, trabalhador de qualquer categoria têm que estar com a gente nesta luta, lado a lado. Por isso estamos hoje aqui”, enfatizou o dirigente.
Para o presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho 1ª Região (Amatra 1), Ronaldo Callado, foi uma ideia feliz realizar o ato na Central do Brasil porque tem um fluxo de gente muito grande: “precisamos fazer as pessoas entenderem que o fim da Justiça do Trabalho pode mexer diretamente com a vida delas. Para essas mudanças não acontecerem, temos que reagir”.
PERDA DE DIREITOS
A empregada doméstica Helena Moraes estava voltando do trabalho para casa e ficou surpresa quando ouviu os manifestantes falando no carro de som que a Justiça do Trabalho poderia acabar. “Eu não sabia disso. Então quer dizer que mesmo trabalhando duro, posso não ter mais a quem recorrer para brigar pelos meus direitos? Estou preocupada”, lamentou.
O pedreiro João bispo da Silva também ficou indignado: “agora querem tirar a Justiça do pobre? Vamos ficar sem cobertura se o patrão não cumprir com suas obrigações? A gente vai ficar desprotegido.”
MENSAGENS DIRETAS AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS
Para a diretora do Departamento de Aposentados e Pensionistas do sindicato, Lucilene Lima, o ato foi muito positivo. “As pessoas estão aceitando bem. O leque com mensagens diretas, explicando de maneira simples o que está em jogo com o fim da Justiça do Trabalho, foi uma forma interessante de chamar a atenção do trabalhador”, avaliou.
O representante de base e servidor do TRT, João Victor Albuquerque, mostrou, em sua fala, que existe uma pauta contra a classe trabalhadora. “Imaginem vocês que já perdem 4 horas do seu dia no percurso casa-trabalho-casa, se tiverem que trabalhar 10 horas por dia? Serão 14 horas fora de casa no total. Qual tempo você vai ter para dar atenção à sua família? Está difícil ser empresário aqui no Brasil? Deve estar sim. Mas ser trabalhador está mais difícil ainda”, ressaltou.
HOMENAGEM A BRUMADINHO
O ato foi encerrado com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas de Brumadinho. Participaram ainda pelo Sisejufe os diretores Ronaldo das Virgens, Soraia Marca, Neli Rosa e Lucena Pacheco, além de vários servidores, inclusive de outros municípios. A sindicalizada aposentada Ligia Porto veio de São Paulo para se juntar aos companheiros no protesto.
Apoiam o movimento as seguintes entidades: Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB); Sindicato dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro (Saerj); Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT); Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ); Ministério Público do Trabalho (MPT); Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho 1ª Região (Amatra 1); Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (Abrat); Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro (Caarj); Associação Fluminense dos Advogados Trabalhistas (Afat); Associação Carioca dos Advogados Trabalhistas (Acat); Associação dos Diretores e Chefes de Secretaria da Justiça do Trabalho – 1ª Região (Adics); Movimento dos Advogados Trabalhistas Independentes (Mati); Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Associação dos Juízes pela Democracia (AJD) e Associação dos Servidores da Justiça do Trabalho 1ª Região (ASJT Rio) e Associação dos Servidores das Justiças Federais do Rio de Janeiro (Serjus).