Depois de participarem da Greve Geral, servidores voltaram à Cinelândia para protestar no 1º de Maio
A Greve Geral do dia 28 de abril foi uma demonstração da indignação dos servidores com as políticas do governo Temer. A direção do Sisejufe estima que, em alguns prédios, como na sede do TRF e na Rio Branco, a adesão chegou a 60%. No TRF da Dom Gerardo, todos os balcões foram fechados e o mesmo ocorreu em um terço das zonas eleitorais. A resistência também foi vista no interior, como em Niterói, São Gonçalo e Cabo Frio.
Mais de 120 pessoas participaram do piquete em frente ao TRF, que reuniu não só os servidores do prédio, como de outros tribunais e oficiais de justiça. De lá, os servidores saíram em caminhada pela avenida Rio Branco até a Cinelândia, onde aconteceria o Ato Unificado convocado pelas centrais sindicais.
Pelo caminho, os servidores do Judiciário Federal e de outras categorias se encontraram com funcionários da iniciativa privada, como os mototaxistas, e com militantes do movimento social, o que demonstrava a diversidade e a amplitude da manifestação. “A minha luta é a luta do outro. Ali, podíamos sentir que fazemos parte da classe trabalhadora”, declarou a diretora do Sisejufe Mariana Liria.
Vendo a unanimidade de diferentes setores contra o governo Temer, Mariana lembrou do Brasil de 1968. “Momentos depois, me sentiria novamente na década de 60, só que dessa vez, pela repressão da polícia contra os manifestantes.”
Polícia joga bombas e encurrala manifestantes
Os servidores tinham acabado de chegar à Cinelândia quando começaram os ataques aos trabalhadores e estudantes que estavam no local pacificamente. A diretora do Sisejufe Soraia Marca e outros colegas ouviam as manifestações do palanque instalado em frente à Câmara de Vereadores quando foram atacados por trás com bombas de gás lacrimogêneo. “Não havia nenhuma motivação para fazer isso; as pessoas começaram a passar mal e dispersaram. É mais uma atitude arbitrária da polícia do Rio de Janeiro”, lamentou.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB) estava falando quando a primeira bomba caiu próxima ao palco e interrompeu o ato. A polícia cercou os manifestantes por todos os lados da Cinelândia, que se refugiaram nos bares e prédios do entorno. Houve um primeiro momento de calmaria no local, enquanto ônibus eram incendiados próximos ao Passeio.
“Fomos nos reagrupando aos poucos e a Cinelândia encheu de novo! Muita gente com os rostos brancos pelo leite de magnésia, que alivia os efeitos do gás lacrimogêneo. Após o reparo do som do palco, o ato foi reiniciado”, contou a diretora do Sisejufe Fernanda Lauria. Aconteceu então o momento de maior tensão: a PM atirou contra o deputado estadual Flávio Serafini (PSol) uma bomba de gás lacrimogêneo enquanto o parlamentar discursava no palanque. “Esse segundo ataque foi pior que o primeiro. O choque nos perseguiu pelas ruas do entorno da Cinelândia e nos encurralou no Largo da Carioca. Vieram de três lados diferentes. Ficamos cercados. Eram bombas vindas de tudo que é lado. Dessa vez eles trataram de garantir que nós não conseguiríamos nos reagrupar de novo e além de nos perseguir pelas ruas, colocaram a PM montada na Cinelândia para impedir nosso retorno. Não dá mais para ignorar que vivemos em um estado de exceção”, declarou.
O diretor do Sisejufe Mário Cesar Pacheco chegou à Cinelândia quando o ato havia reiniciado. Ele lembra que não acreditou quando a polícia começou a atirar contra as pessoas que estavam ali pacificamente, inclusive mulheres e crianças. “A truculência foi desproporcional. Temi pela minha integridade física.” Encurralados, os manifestantes que chegaram ao Largo da Carioca tentaram se abrigar no Metrô, que logo foi fechado. “Ficamos lá dentro fazendo um movimento para que deixassem o povo entrar, até conseguirmos que a administração abrisse uma das entradas.”
Para o servidor Alexandre Magno, quem foi à Cinelândia na sexta-feira teve uma demonstração de como o Estado é violento quando se trata de retirar direitos conquistados na luta pela classe trabalhadora. “Essa violência, que é cotidiana nos bairros populares, agora apareceu na defesa direta dos interesses do capital nas reformas e contra a unidade que as diversas categorias de trabalhadores demonstramos nesse dia histórico”, refletiu. Ele acredita que é preciso responder com mais organização e empenho para barrar nas ruas qualquer retrocesso, usando de todos os meios possíveis para resistir “e fazer avançar a nossa posição nessa batalha”.
Servidores foram colocados em risco
A região central virou uma praça de guerra. Com o cerco de repressão, trabalhadores e estudantes, inclusive crianças, que voltavam para casa, foram atacados.
O Sisejufe, tendo em vista os transtornos de transporte e a própria violência policial que já tinha ocorrido em atos anteriores, pediu a suspensão do expediente nos tribunais, o que foi negado. Os servidores que haviam ficado no plantão, foram colocados em risco, pois a polícia fez perseguições indiscriminadamente, entradas de metrô foram fechadas e ônibus foram queimados.
1º de Maio: Servidores voltam à Cinelândia para protestar contra as reformas e a repressão policial
Motivados pela participação na Greve Geral e no ato de 28 de abril, servidores do Judiciário Federal do Rio e diretores do Sisejufe engrossaram os protestos do Dia Primeiro de Maio contra as reformas da Previdência e Trabalhista e principalmente em repúdio à violência policial em repressão à manifestação. Servidores dos vários tribunais federais do estado marcaram presença ao atender à convocação das centrais sindicais para mais um ato na Cinelândia.
“O saldo foi bastante positivo, tanto em relação à participação dos trabalhadores em geral quanto à presença de servidores do Judiciário Federal”, afirmou Fernanda Lauria.
A praça ficou lotada e a cada momento chegavam mais manifestantes, pelo acesso do metrô e a pé. Muitos carregavam faixas, cartazes e bandeiras de centrais sindicais, de partidos de esquerda e de movimentos sociais. Também havia muita gente sem identificação partidária, famílias, pais com crianças e idosos. Todos com o mesmo intuito: protestar contra a forte repressão policial aos atos no dia da paralisação nacional.