Em tom autoritário, presidente do tribunal ‘manda’ manifestantes voltarem ao trabalho
A sessão do Órgão Especial no auditório do TRT sede começou com uma homenagem ao centenário do jurista Geraldo Montedônio Bezerra de Menezes. Mas as atenções ficaram mesmo voltadas aos servidores do Judiciário Federal. Segurando faixas e cartazes pedindo a revogação do Ato 74, eles ocuparam grande parte das cadeiras do auditório. Além dos próprios funcionários de todos os fóruns do TRT da capital, participaram do protesto colegas da Baixada Fluminense e do interior, além de servidores das justiças Federal e Eleitoral.
Após a homenagem, a sessão seguiu com a posse de duas juízas do trabalho. Durante todo o tempo, os manifestantes mantiveram seus cartazes no alto, para chamar a atenção dos desembargadores, que receberam uma pasta com cópia do recurso da assessoria jurídica do Sisejufe contra o Ato 74 e uma carta escrita pela servidora Andrea Rocha esclarecendo as razões da greve e pedindo que o pleno vote pela suspensão do ato. Essa votação, no entanto, não entrou na pauta do dia.
O grupo permaneceu no auditório até o final da sessão, mas a presidente do tribunal, a desembargadora Maria das Graças Cabral Viegas Paranhos, que conduzia o evento, ignorou a categoria. Inconformados, servidores se dirigiram ao local onde ela sairia do auditório. A desembargadora foi para outro andar, mas os manifestantes conseguiram interceptá-la. Num tom autoritário, Maria das Graças informou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ratificou sua liminar. A presidente ordenou a volta ao trabalho. Os servidores responderam em coro: Justiça! Justiça! Justiça!
“É lastimável que a presidente do Tribunal Regional do Trabalho tenha essa postura contra os próprios trabalhadores”, disse o diretor do sindicato Luis Amauri.
A manifestação terminou com discursos nas escadarias do prédio. “Na resolução do CNJ não consta nada contra a greve. Só diz que, por questões constitucionais, os advogados precisam ter acesso aos processos. A presidente do TRT fez uma distorção da decisão do CNJ”, afirmou o diretor Ricardo Quiroga.
A diretora Mariana Líria, que é oficial de justiça, falou em nome dos servidores da Justiça Federal: “Estamos aqui para prestar solidariedade aos colegas da Justiça do Trabalho. A direção do sindicato está tomando as providências cabíveis para evitar o corte de ponto”.