É com tristeza e profundo pesar que nos despedimos de Leandro Konder e de Manoel de Barros. Leandro, filósofo; Manoel, poeta. Ambos, aguçando as “frivolidades” de nossas almas. Em todo o tempo que estiveram vivos, nos fizeram caminhar em direção ao horizonte.
O mato-grossense Manoel de Barros faleceu aos 97 anos, hoje, quinta-feira 13 de novembro, em Campo Grande. Já o fluminense Leandro Konder nos deixou ontem, quarta-feira, aos 78 anos.
Leandro foi um dos mais importantes filósofos marxistas do país. Filho do líder comunista Valério Konder e de Ione Marques Coelho, foi preso e torturado durante a ditadura militar brasileira e se exilou, em 1972, na Alemanha e, posteriormente, na França. Regressou ao país em 1978 e passou a se dedicar com afinco ao estudo das obras de Lukács e ao seu projeto de difundir o marxismo em terras brasileiras. Era professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ).
Manoel, filho de João Venceslau Barros, capataz de fazenda, pertencente, cronologicamente, à Geração de 45, mas formalmente ao pós-Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis. É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários.
É… A “poesia é um lugar onde a gente ainda pode fazer com que um absurdo seja uma sensatez”, diria Manoel, no que Leandro arremataria afirmando que “o que os seres humanos pensam depende do que eles fazem, e depende também de como eles vivem” e, assim, “as coisas” nos ampliam “para menos”, juntando Konder e Barros, que estarão sempre presentes entre nós.