Política defendida pela Direção do Sisejufe se demonstra acertada na medida em que aponta uma solução negociada para a questão salarial e começa a minar a ideia de fragmentação da categoria
Bruno Franco*
Os coordenadores da Fenajufe, Luís Cláudio dos Santos Corrêa e Cledo de Oliveira Vieira entre outros, se reuniram com Miguel Fonseca, diretor-geral do Supremo Tribunal Federal (STF), e com o chefe de Gabinete da Presidência do STF, Silvio Albuquerque, na terça-feira, dia 8 de abril. O encontro teve por objetivo negociar a constituição de uma comissão, informal, para discutir a questão da atualização salarial, bem como a elaboração de plano de carreira que visa a corrigir as diversas distorções existentes na categoria. A intenção é que a comissão seja paritária, contando com representantes sindicais e também com os diretores-gerais dos tribunais superiores, que foram convidados a fazer parte da mesma.
Na reunião, os representantes do STF deixaram claro que o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo e também do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tomou conhecimento das planilhas elaboradas pelo economista Washington Lima, por encomenda do Sisejufe, que comprovam que o custo orçamentário da implantação do Projeto de Lei 6.613/2009 não fere a Lei de Responsabilidade Fiscal (LFR) e as estudou. Assim, segundo os prepostos do STF, o entendimento no STF é que o melhor encaminhamento para o reajuste salarial seria a proposição de um substitutivo ao Projeto de Lei 6613.
O acerto da tática do Sisejufe
A sinalização do Supremo é que o substitutivo valeria para toda categoria, o que implicaria o descarte dos projetos que visam à constituição de carreiras exclusivas aos servidores dos tribunais superiores, arrefecendo, assim, a grave ameaça de fragmentação que alarmou a categoria judiciária nos últimos meses.
Na avaliação de Luís Cláudio Corrêa, presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça do Trabalho da 11ª Região – Amazonas e Roraima (Sitra-AM/RR) e coordenador da Fenajufe, não é ainda uma conquista, mas, já é um bom caminho. ”É o resultado de um trabalho feito com inteligência: exercendo pressão nas pessoas e instituições certas e aproveitando o que já havia de concreto que é o PL 6.613/2009”, conclui o dirigente sindical. É justamente a tática que a direção do Sisejufe vinha propondo e defendendo nos atos e assembleias realizados com a categoria no Rio de Janeiro, dando conta do claro indício de que a diretriz estabelecida pelo sindicato é a mais apropriada para a condução da luta salarial, dadas a conjuntura e a correlação de forças atuais, comprovando que apenas o discurso vazio, verbalizado e operacionalizado pela oposição, o da unidade com os demais servidores públicos federais, com a proposição de pautas genéricas e sem luz de realidade se esvai diante da firmeza de propósitos e da coerência entre ação e tese.
Destaque-se que atual diretoria do Sisejufe luta pela implantação do que avalia ser a melhor solução negocial, porém, independentemente, da aprovação dessa ou de outra proposta, o importante é que a categoria obtenha a reposição salarial. O esforço desta direção é para somar na luta.
Sisejufe se reuniu com relator do PL 6.613/09
O diretor-presidente do Sisejufe, Valter Nogueira esteve reunido, em 19 de março, com o deputado federal João Dado (SDD-SP), relator do PL 6.613/2009. Na oportunidade, Nogueira entregou ao parlamentar os estudos que comprovam que o custo orçamentário da implantação do projeto de lei em questão sequer chega aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LFR), comprovando que a justificativa alegada pelo governo federal em não conceder reajustes aos servidores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União (MPU), com base nessa legislação, é improcedente.
João Dado – que apresentou parecer favorável pela adequação financeira e orçamentária na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara Federal – recebeu o estudo e afirmou que o mesmo é um importante elemento para a sua análise como relator da matéria, posto que o governo federal, junto à CFT, tem sido o principal obstáculo para a aprovação da proposta, utilizando o velho e surrado argumento de que haverá impacto considerável sobre os gastos da União com pessoal.
Valter Nogueira afirmou que, segundo o estudo do economista Washington Lima (especialista em Orçamento Público Federal, participante da elaboração dos quatro Planos de Cargos e Salários da categoria e realizador de inúmeros estudos sobre a remuneração, a movimentação processual e o saldo nos orçamentos para pagamento de passivos para os trabalhadores do Poder Judiciário), vai exatamente na contramão dos argumentos do governo.
O deputado, por fim, sugeriu que se busque estabelecer o consenso no interior da categoria, assim como estabelecer contatos com ministros do STF, para que seja criado um ambiente favorável à aprovação do PL 6.613/2009 ou outro que venha a substituí-lo.
Tribunais superiores também receberam os estudos
Na oportunidade, no dia 19 de março, além de ter se reunido com o relator do PL 6.613/2009, para entregar-lhe os estudos de impacto financeiro que poderiam subsidiar a aprovação do referido PL, ou seu substitutivo, o diretor do Sisejufe os entregou, também, a todos os presidentes de tribunais superiores e seus diretores-gerais. A medida teve por intuito produzir um ambiente favorável, para que o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa pudesse entender os estudos e enviá-los para a composição de um possível substitutivo ao PL 6.613, conforme relatado pelo dirigente da Fenajufe, Luís Cláudio Corrêa.
A tática, portanto, se confirmou acertada na medida em que os relatos apontam que o presidente do Supremo poderá propor, em função dos dados orçamentários e financeiros, adequados à LFR, um substitutivo ao PL 6.613, impactando, de uma só vez na solução salarial e no desaparecimento da política de segregação, pela carreira, de grande parte da categoria.
*Da Redação