O Sisejufe participou, entre os dias 22 e 24 de novembro, do III Encontro de Pretas e Pretos, realizado na sede da Fenajufe, em Brasília. Representaram o sindicato a diretora e coordenadora do departamento de Combate ao Racismo, Patricia Fernanda dos Santos e a diretora e secretária da Secretaria de Aposentados e Pensionistas, Neli Rosa. Também compuseram a delegação do Sisejufe o assessor político, Alexandre Marques e as servidoras do TRF 2, Thamyres Macedo e Claudia Constantino.
Confira detalhes sobre os painéis
A abertura, conduzida pelas coordenadoras Sandra Dias, Maria José e Luciana Carneiro, reafirmou o compromisso da Federação com o enfrentamento ao racismo institucional e com a construção de políticas efetivas de equidade no judiciário.
O encontro começou fortalecendo vozes, ampliando debates e consolidando a agenda de luta por direitos, reparação e bem viver dentro e fora do Judiciário. A programação temática começou com uma reflexão profunda sobre como o racismo estrutural se manifesta dentro das instituições do sistema de Justiça. A palestra foi conduzida por Wanessa Mendes de Araujo, juíza do Trabalho Substituta do TRT do DF e Tocantins, que trouxe elementos fundamentais para compreender os mecanismos que reproduzem desigualdades e para fortalecer práticas antirracistas no serviço público no primeiro painel, que tratou do tema: Racismo Institucional. O painel reforçou a centralidade do combate ao racismo institucional como eixo de transformação e garantia de direitos para servidoras e servidores negros.
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Confira registros do primeiro dia de Encontro (Reprodução/Instagram/@sisejufe)
Com a participação de Vanda Pinedo, militante do Movimento Negro Unificado/SC, o painel 2 trouxe uma reflexão essencial sobre os caminhos da reparação histórica e a construção do Bem Viver como princípio de justiça, dignidade e política pública. A discussão reforçou que reparar desigualdades não é apenas reconhecer o passado, mas transformar o presente e garantir um futuro com direitos, pertencimento e equidade para servidoras e servidores negros no judiciário.
No terceiro painel do IIl Encontro Nacional de Pretas e Pretos do PJU e MPU, Tamiles Alves, Coordenadora de Ações Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial, apresentou um panorama fundamental sobre os desafios e avanços na promoção da igualdade racial no mundo do trabalho. A discussão destacou a importância de políticas afirmativas, da produção de dados e do enfrentamento ao racismo estrutural como pilares para transformar as relações laborais no setor público e privado.
A Fenajufe reforça seu compromisso em impulsionar ações concretas que promovam equidade, oportunidade e justiça para servidoras e servidores negros em todo o país.
A programação da tarde de sábado (22/11) começou com o debate sobre “Racismo Alimentado nas lAs”, conduzido por Dalton Martins (UnB), que apresentou como algoritmos e sistemas de inteligência artificial podem reproduzir desigualdades raciais quando não são desenvolvidos de forma ética e inclusiva. A discussão reforçou a urgência de incorporar critérios antirracistas no desenvolvimento tecnológico do Judiciário.
Em seguida, o encontro avançou para o painel sobre “Metas e Indicadores Raciais do CNJ”, apresentado por Marcelino Conti de Souza (UFF), destacando a importância de monitorar, registrar e avaliar dados de raça/etnia para impulsionar políticas efetivas de equidade no sistema de Justiça.
O último painel do dia reuniu reflexões fundamentais sobre a importância das ações afirmativas e os desafios que ainda cercam a implementação das cotas raciais no serviço público e na sociedade. Com participação de Alexandre Marques (Assessoria Institucional da Fenajufe), Patrícia Fernanda Santos (Sisejufe/RJ) e Luciana Barrozo (TRT-2/Sintrajud/SP), o debate evidenciou a necessidade de defender e ampliar políticas que garantam acesso, permanência e representatividade de pessoas negras no sistema de Justiça.
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Confira registros do sábado de Encontro (Reprodução/Instagram/@sisejufe)
As falas reforçaram que as cotas são instrumento de justiça histórica, e que seu questionamento contínuo revela a resistência das estruturas que ainda reproduzem desigualdades. A Fenajufe é o Sisejufe seguem firmes na defesa de um Judiciário mais diverso, plural e comprometido com a equidade racial.
O segundo dia do Ill Encontro Nacional de Pretas e Pretos do PJU e MPU trouxe uma sequência de diálogos essenciais para o fortalecimento das políticas de equidade racial no sistema de Justiça. O Painel 7, com Fernanda Portela Ferreira, abordou os desafios da heteroidentificação e do colorismo, destacando como esses mecanismos são fundamentais para garantir a efetividade das ações afirmativas.
No Painel 8, Magali Dantas apresentou uma avaliação crítica das políticas do PJU e MPU voltadas às servidoras e servidores negros, evidenciando avanços, lacunas e a necessidade de monitoramento contínuo. Encerrando a manhã, o Painel 9, com Filipe Gioielli Mafalda, debateu a produção de dados de raça/etnia no Judiciário, reforçando que informação qualificada é base indispensável para a construção, fiscalização e aprimoramento de políticas antirracistas.
Letramento racial encerra a programação
Para dar sequência às discussões com a temática racial e encerrar o III Encontro de Pretas e Pretos, a Fenajufe realizou na noite da segunda-feira (24), um debate sobre letramento. O debate teve a participação do secretário-geral do Conselho de Justiça Federal (CJF) e juiz federal e dr. Erivaldo Ribeiro. O letramento teve como norte, o livro “O Pacto da Branquitude”, da psicóloga e escritora, Cida Bento. O texto da autora denuncia e questiona a universalidade da branquitude e suas consequências nocivas para qualquer alteração substantiva na hierarquia das relações.
A coordenadora do departamento de Combate ao Racismo, Patricia Fernanda dos Santos, celebra a realização dos eventos e suas relevâncias: “Parabéns Fenajufe e organização! O encontro e o Letramento foram atividades formativas de um conteúdo muito bem elaborado e palestrantes brilhantes. É uma honra fazer parte de mais essa atividade como Departamento de Combate ao Racismo, como Coletivo Negro da Justiça e como mulher preta”, diz ela.
Já a secretária da Secretaria de Aposentados e Pensionistas, Neli Rosa, reafirma que a luta por avanços nunca pode parar e comemora o Encontro: “Foram 2 dias de muito aprendizado. Cada palestrante dissertava tema tão importante pra nós, de pele preta. Tivemos na segunda-feira, dia 24, uma palestra maravilhosa com juiz Erivaldo sobre o ‘Pacto da Branquitude’. Já avançamos muito, porém longe da perfeição que merecemos. Parar nunca. Vamos continuar na luta incessante!”, pontua a dirigente.