Dia também foi de doação de alimentos
Um ato “fúnebre” com direito a cortejo embalado por um “apitaço” precedeu o enterro simbólico do Poder Judiciário Federal na porta do prédio do Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT) na Lavradio nesta terça-feira (23/06). A movimentação marcou o 13º dia de greve nacional da categoria. Com direito a caixão e viúva chorando o “morto”, a manifestação demonstrou a total insatisfação dos servidores do tribunal com o descaso do governo federal que até agora não apresentou contraproposta de aumento para o funcionalismo do Judiciário.
Desta forma, a única saída para a categoria é mais do que nunca intensificar a mobilização para fortalecer a greve que começou no dia 10 de junho. De acordo com a direção do Sisejufe, todos os esforços devem estar voltados para pressionar o Senado que vota o PLC 28 no dia 30 de junho.
Personificada de viúva do Poder Judiciário Federal, a servidora da 40ª Vara Trabalhista Luciene Nader, 50 anos, não poupou críticas ao governo. Há 27 anos trabalhando no tribunal, ela assegura que a categoria nunca viveu uma situação tão difícil quanto a atual. O funcionalismo amarga perda de 49% em quase uma década.
“Eu dediquei 27 anos da minha vida ao serviço público. E o que eu recebo? São nove anos sem aumento. Estou decepcionada com o atual governo”, declarou a viúva ao lado caixão.
Mais de cem funcionários participaram do cortejo fúnebre que seguiu pela calçada da Rua do Lavradio. Tendo o caixão e a viúva à frente, os órfãos do Judiciário percorreram o passadiço, que dá acesso ao prédio da Gomes Freire. No trajeto, os manifestantes fizeram apitaço e chamavam os servidores para aderir à passeata. O cortejo saiu na Gomes Freire e caminhou pela calçada e entrou na Rua do Resende.
Por fim, voltaram à Rua do Lavradio e retornaram à entrada do prédio do tribunal. Por onde passavam, os servidores gritavam palavras de ordem pela aprovação do PLC 28. Antes de começarem a cantar o Hino Nacional, os funcionários se ajoelharam para prestar a “última homenagem ao morto”. O enterro do Judiciário estava consumado.
“A passeata foi um preparativo para a atividade desta quarta-feira (24/06), que será um abraço simbólico no prédio da Lavradio, encerrando com um café junino”, explicou Luis Amauri, diretor do Sisejufe.
Greve Solidária arrecada alimentos
Mas nem só de “choro” e “velório” vive a greve dos servidores do Judiciário Federal no Rio. O movimento também é constituído de solidariedade demonstrada nesta terça-feira (23/06) pelos servidores do TRT da Augusto Severo, o primeiro grupo a recolher doações de alimentos não perecíveis.
Uma das doadoras foi a técnica judiciária Deborah Pustilnic, 33 anos. Lotada no DPROJ, ela se sensibilizou com a campanha organizada pelos servidores da Augusto Severo e resolveu participar.
“Lutamos por uma causa justa, que é o nosso aumento. Mas também podemos ajudar a quem precisa”, afirmou.
De acordo com Ricardo Quiroga, diretor do Sisejufe, as doações serão encaminhadas para o Lar Tereza, que ajuda famílias carentes que moram em Austin, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.