Sisejufe destaca a defesa da Reforma da Previdência para a manutenção dos direitos das mulheres
O Acampamento Sebastião Lan foi o local escolhido para o lançamento da Marcha das Margaridas no estado do Rio de Janeiro. Mulheres do campo e da cidade estiveram em Casimiro de Abreu neste sábado (4/5), conversando sobre agroecologia, reforma agrária e bem viver. Estiveram presentes representantes do Sisejufe, da Marcha Mundial das Mulheres, do Assentamento do Visconde, do Assentamento Cambucais, da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra), do Movimento Feira Viva, do Centro Tiê de Agroecologia, da Articulação de Agroecologia Serramar, do próprio Acampamento Sebastião Land, entre outros movimentos.
“Ao longo do dia tivemos uma roda de conversa, uma pequena feira com os produtos produzidos pelas mulheres acampadas, espaço para as crianças e duas oficinas, uma de produção de sabão e outra da feitura de goma de tapioca” contou Eunice Barbosa, diretora do Sisejufe. Assim, foi dado o pontapé para a mobilização do estado rumo à Brasília, onde ocorrerá a Marcha das Margaridas.
Marcha das Margaridas 2019
Este ano, a marcha ocorrerá em Brasília, nos dias 13 e 14 de agosto com o tema “Margaridas na Luta por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência”. O objetivo é dar uma resposta de resistência às medidas tomadas pelo Governo Bolsonaro que atacam diretamente a vida das mulheres rurais e das mais pobres. “O Sisejufe se soma às mobilizações do movimento feminista de todo o país na construção deste ato que já nasce histórico e com pautas tão justas para o conjunto da sociedade”, frisa a diretora Lucena Pacheco, que também é uma das coordenadoras da Fenajufe.
Já a diretora do Sisejufe Soraia Marca destacou que o debate em defesa da Reforma da Previdência é fundamental neste momento para a manutenção de direitos. “As mulheres serão muito prejudicadas com o aumento da idade mínima. E as trabalhadoras do campo, ainda mais.” Segundo estudos da Contag, ao propor o aumento de idade para aposentadoria dessas mulheres para os 60 anos de idade, elas teriam de trabalhar em torno de 46 anos no campo para terem condições de aposentadoria. Dificilmente essa idade seria alcançada, tendo em vista a expectativa de vida que varia muito pelo país. Em alguns municípios, a expectativa de vida da população não passa dos 63 anos.
A Marcha das Margaridas é uma mobilização de mulheres do campo, das florestas, das águas e da cidade, organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), pela Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos que, desde 2000 vão às ruas de quatro em quatro anos contra a pobreza, a fome, a violência sexista e, sobretudo, pela reforma agrária e pela democracia.
Margarida Maria Alves
As Margaridas saem em marcha em homenagem a Margarida Maria Alves, paraibana, trabalhadora rural desde muito jovem, foi a primeira mulher presidenta do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, onde orientou mais de 100 processos na justiça do trabalho em defesa de sua categoria. Algumas de suas principais pautas eram o 13º salário da população rural, o registro em carteira de trabalho, uma jornada com um máximo de 8 horas diárias de trabalho, além do direito a férias para os trabalhadores de base da agricultura.
Margarida proferiu frases marcantes como “medo nós tem, mas nós não usa” e “é melhor morrer na luta do que morrer de fome”, foi assassinada brutalmente com um tiro na frente de seu filho e seu marido no dia 12 de agosto de 1983. “Margarida Alves foi e é semente de resistência das mulheres e dos trabalhadores rurais em todo o Brasil, e é em nome dela que marchamos”, lembrou Ana Priscila Alves, da MMM/RJ.